Prévia da inflação em novembro é a maior para o mês desde 2002 e beira 11% em um ano

Puxado pela alta dos combustíveis, a prévia da inflação oficial veio acima do esperado pelos analistas e subiu 1,17% no mês de novembro. É a maior alta para o mês desde 2002.

Com o resultado, o indicador tem alta acumulada de 9,57% no ano e de 10,73% nos últimos 12 meses. É o maior acumulado em 12 meses desde o governo Dilma, quando em fevereiro de 2016 chegou a 10,84%.

 

Os dados são do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira.

Analistas ouvidos pela Reuters esperavam alta de 1,10% no mês. Em outubro, o IPCA-15 registrou avanço de 1,20%, a maior taxa para aquele mês desde 1995.

Gasolina acumula alta de 48% em 12 meses

Todos os nove grupos pesquisados apresentaram alta na passagem de outubro para novembro. O maior impacto veio do grupo Transportes, que subiu 2,89% e obteve impacto de 0,61 ponto percentual na variação mensal entre os grupos analisados.

 

O resultado foi influenciado pela alta da gasolina, que subiu 6,62% em novembro e teve o maior impacto individual no índice, com alta de 0,40 ponto percentual.

Outro destaque nos transportes foi o item transporte por aplicativo, que subiu 16,23% em novembro, após alta de 11,60% em outubro. Por outro lado, houve redução nos preços das passagens aéreas com queda de 6,34%, após duas altas seguidas em setembro e outubro, de 28,76% e 34,35%, respectivamente.

 

Gás de botijão sobe pelo 18º mês seguido

O elevado preço do petróleo e o dólar alto têm feito a Petrobras a reajustar os combustíveis, incluindo o gás de botijão. Este subiu 4,34% em novembro, 18º mês seguido de alta. Nesse período, o preço aumentou 51,05% e já é vendido acima de R$ 100, considerando o botijão de 13kg.

A energia elétrica também subiu, embora em ritmo menor (+0,93% em novembro). Está em vigor desde setembro a bandeira Escassez Hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, o que pressiona as tarifas, mesmo com as chuvas recentes.

Além disso, houve reajustes nas tarifas de energia em Goiânia, Brasília e São Paulo.

 

Preço carne cai de novo

Da mesma forma que a energia, o grupo Alimentação e bebidas desacelerou em novembro, com aumento de 0,40% neste mês ante 1,38% em outubro. O recuo se deve às altas menos intensas nos preços do tomate (14,02%), do frango em pedaços (3,07%) e do queijo (2,88%).

O preço das carnes, que ainda acumulam alta de 15,02% de 12 meses, vem caindo. O item registrou queda de 1,15% na passagem de outubro para novembro, seguido do leite longa vida (-3,97%) e das frutas (-1,92%).

 

Inflação de dois dígitos em 2021

Com as pressões altistas persistentes impactando o índice de inflação, economistas já projetam que o indicador encerre o ano de 2021 em dois dígitos – algo que não ocorre desde 2015, quando chegou a 10,71%.

Se confirmado, o resultado tende a ficar perto do dobro do teto da meta de inflação (5,25%) estipulada para este ano pelo Banco Central.

O Banco Central tem como meta de inflação 3,75% em 2021, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (p.p) para cima ou para baixo, ou seja de 2,25% a 5,25%.

Desde o resultado da inflação de outubro, que veio acima das expectativas do mercado, economistas têm avaliado que o cenário pode exigir que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aprofunde o ritmo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, na próxima reunião, que acontece entre os dias 7 e 8 de dezembro.

Nas últimas semanas, o mercado tem revisado suas projeções para o IPCA neste e no próximo ano.

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