Presos suspeitos de matar diretor de jornal de Nova Iguaçu

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Beto do Hora H foi morto em junho de 2013, com 44 tiros numa padaria no bairro Corumbá, em Nova Iguaçu
Beto do Hora H foi morto em junho de 2013, com 44 tiros numa padaria no bairro Corumbá, em Nova Iguaçu

Agentes da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) prenderam na manhã de ontem em Nova Iguaçu Vanderson da Silva, conhecido como Biico, de 27 anos, Braulino Brejeiro Fernandes,de 30, e Celso Henrique Batista Ribeiro, de 40. O trio é acusado de ter envolvimento no assassinato do diretor do Jornal Hora H, José Roberto Ornelas de Lemos, de 47 anos. ‘Beto do Hora H’, como era conhecido, foi morto com mais de 40 tiros, sendo 16 à queima roupa, em junho de 2013, em uma padaria em Corumbá, também em Nova Iguaçu. Os agentes chegaram até os acusados após levantamento sobre a atuação de um grupo de extermínio no bairro onde ocorreu o crime. As investigações mostram que os acusados fazem parte da milícia e que seria chefiada pelo policial do 20º BPM (Mesquita) Leonardo de Souza Moreira, de 31 anos, que também foi detido durante a operação.

Segundo o delegado-titular da DHBF Fabio Cardoso, “Beto do Hora H” foi morto por ter impedido o grupo de se instalar na região. “Ele era visto como um empecilho, porque era nascido, criado e muito querido no bairro. Ele tomava conta da região, então resolveram tirá-lo do caminho”, contou Cardoso. De acordo com as investigações, com a morte de Beto os milicianos tomaram os bairros de Corumbá, Adrianópolis, Santa Rita e Vila de Cava.

Com os suspeitos do crime foram aprendidos uma espingarda, um revólver 38 e chaves de automóveis
Com os suspeitos do crime foram aprendidos uma espingarda, um revólver 38 e chaves de automóveis

“Eles usavam o aparato policial para praticar homicídio, extorsões, ameaças e cobrar por TV a cabo”, disse Fabio Cardoso. Com o trio foi apreendido uma espingarda calibre 12, um revólver cromado calibre 38 e chaves de automóveis, que para o delegado indicam envolvimento em roubos ou furtos de veículos. Também foram encontrados coletes a prova de bala, fardas camufladas e munição. “É um caso muito complexo e as investigações não acabaram. Ainda temos mais alguns suspeitos, mas por enquanto não podemos dar mais detalhes”, explicou Fabio Cardoso,indicando que as investigações continuam.

Amigos de infância

Emocionado, José Lemos, de 68 anos, confirmou que os responsáveis pela morte do filho eram amigos de infância de Beto. Segundo ele, Biico e Braulino estudaram com José Roberto.“Eles eram amigos do meu filho desde criança. Estudaram juntos. Tudo foi muito difícil após a morte dele, mas mais difícil mesmo é saber que quem fez isso com meu filho foram amigos. Isso que dói”, disse José Lemos.
Lemos acredita que o crime tenha ligação com o fato do filho denunciar ações de milícia no jornal. “É um jornal muito combativo e o Beto denunciava muito a milícia”, declarou o pai da vítima. José Roberto Ornelas de Lemos foi executado com 44 tiros e chegou a ser levada para o Hospital Geral de Nova Iguaçu, na Posse, mas não resistiu aos ferimentos.
Filho de José Lemos, fundador do “Hora H”, José Roberto estava com amigos em uma padaria que frequentava no Corumbá, quando bandidos encapuzados atiraram de dentro de um Gol cinza e fugiram, por volta das 20h30. Na época, parentes afirmaram que José Roberto Ornelas sofria muitas ameaças.
Em 2005, Beto já havia sofrido um atentado. Na época, familiares declararam que ele saia da mesma padaria em que foi morto quando foi perseguido. No bairro Botafogo, os bandidos atiraram nove vezes contra o Audi blindado de José Roberto, mas nenhum tiro atingiu o empresário. “Meu irmão sempre sofreu ameaças por telefone. Às vezes carros estranhos rodavam pelos locais em que ele estava. Acreditamos que isso acontecia pelo fato do jornal sempre criticar o mau policial e o mau político” disse Luciano Ornelas de Lemos, de 37 anos, irmão de Beto, na ocasião do crime.

Mais presos por homicídios na região

A ação, que teve apoio das Divisões de Homicídios do Rio, Niterói e São Gonçalo, ainda prendeu outros dois homens com envolvimento na milícia por outro homicídio. Hugo Moreira, de 62 anos, e Rogério Pereira de Souza, de 42, conhecido como Rogério Coringa, foram indiciados por terem matado, a tiros, Elias de Souza Félix, de 48 anos, no bairro Adrianópolis, em Nova Iguaçu, em agosto do ano passado.
De acordo com o delegado titular da unidade da Baixada, Elias foi morto a mando dos seus próprios parentes, após uma briga de família. Dias depois da discussão, uma Kombi com oito homens armados entraram na casa de Elias e o executaram. Segundo Fábio Cardoso, os presos estavam entre os executores. “O bando ainda roubou os pertences das pessoas que estavam na casa da vítima”, disse o delegado.
“Essas prisões são importantes para encorajar a sociedade a denunciar cada vez mais crimes cometidos por esses grupos de extermínio”, finalizou Cardoso.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)

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