Avaliação do Jeep Renegade Sport 1.3 Turbo Flex 2022

Por Arnaldo Bittencourt / Fotos: Marcus Lauria / Fonte: www.carpointnews.com.br

O Jeep Renegade foi apresentado ao público pela Jeep/FCA (agora Stellantis) em março de 2014 durante o Salão de Genebra, tendo sido o primeiro modelo da Jeep produzido na Itália. O carro é montado sobre a plataforma da Stellantis Small Wide 4×4, que também é utilizada em outros modelos do Grupo Stellantis (Fiat, Alfa Romeo, por ex.). Aqui no Brasil a plataforma do Renegade serve de base para os Jeeps Compass e Commander, bem como para a Fiat Toro.

O modelo foi lançado no Brasil em 2015, sendo o único crossover compacto a dispor de motorização turbodiesel e tração 4×4. Em 2019 o carro recebeu algumas mudanças para manter-se atualizado. Já em 2022 a evolução foi ainda maior: o visual foi alterado, novos equipamentos foram adicionados às versões, e itens como faróis full LED passaram a ser de série. Além disso, os motores 1.8 flex e 2.0 turbodiesel saem de cena, abrindo espaço para o GSE 1.3 turbo flex T270), que passa a ser a única opção de motorização para todas as versões, inclusive as topos de linha “Trailhawk” e “S”, ambas 4×4.     

Adianto que não há o que temer… O motor GSE 1.3 é muito eficiente.  As versões 4×2 são equipadas com câmbio automático de 6 marchas, enquanto que nas versões 4×4 (Trailhawk e S) a quantidade de marchas sobe para 9.  O visual do Renegade 2022 foi alterado, é verdade, mas o carro segue com aquele visual jipeiro que conquistou os consumidores.

Na frente se destacam os faróis arredondados, agora em full-LED. Além de performar consideravelmente melhor do que os faróis com lâmpadas convencionais, dão um belo “up” na estética do carro. Ao acionar a seta, a auréola que atua como DRL (day running light) pisca na cor laranja, gerando um efeito visual bastante interessante.  O parachoque foi redesenhado e segue bastante robusto. A grade da entrada de ar do motor também foi redesenhada e apresenta sete fendas horizontais. Nas laterais o carro segue bem “quadrado”, sem alterações. Idem na traseira, que agora conta com lanternas redesenhadas em LED (quadradas no estilo do modelo, é claro).

Por dentro, o Renegade recebeu o mesmo volante que equipa os demais modelos da Jeep (Compass e Commander), multimídia atualizada com suporte sem fio para Android Auto e Apple Carplay (aí sim!!) E painel 100% digital em algumas versões. A Jeep alega o porta-malas do Renegade 2022 conta agora com 385 litros, mas quem conhece o carro terá dificuldades em encontrar onde está essa capacidade adicional. O compartimento parece o mesmo… E é. A Jeep passou a adotar uma nova forma de aferir o volume, daí o aumento de 320 para 385 litros. Em suma, o porta-malas continua pequeno, sendo insuficiente para quem necessita carregar volumes maiores. 

A versão testada é a Sport, a mais básica da linha. Essa versão parte dos R$127 mil. Como o carro é branco polar e estava equipado com o “Pack Exclusive”, que adiciona bancos em couro, rodas de liga-leve aro 18” e pneus 225/55, o preço final da versão aumentou para R$135 mil.

As rodas aro 17” que equipam de série a versão Sport são bonitas… Assim, considero que o Pack Exclusive, no valor aproximado de R$5 mil, vale a pena para quem faz questão dos bancos de couro. Não me entenda mal, as rodas 18” são lindas, mas não gastaria dinheiro para tê-las no meu Renegade.  Na frente, os faróis full-LED dão ao carro um visual moderno e iluminam com muita competência. Não há faróis de neblina.

Já na versão Sport o Renegade 2022 conta com seis airbags (frontal, lateral e cortina), controle de estabilidade e tração, Jeep Traction Control +, assistência de partida em rampa (HSA – Hill Start Assist), frenagem autônoma de emergência, alerta e assistente de manutenção em faixa, sistema start-stop, câmera de estacionamento traseira (atenção: tem câmera, mas não tem sensor de ré), apoia braço para motorista e passageiro com a bela inscrição “JEEP 1941” e sistema de monitoramento de pressão dos pneus.

Percebe-se que o carro está bem equipado, mesmo nas versões mais básicas. O cluster digital com tela TFT de 7” infelizmente não está disponível na versão Sport. Nela você encontra o painel analógico dos anos anteriores, com um quadro de instrumentos central TFT de 3.5”.

O painel pode não ser digital, mas essa “telinha” de 3.5” surpreende positivamente pela quantidade de informações que é capaz de apresentar. As funções do computador de bordo (distância, consumo médio, consumo instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso), por exemplo, aparecem nela. Há também informações sobre data da próxima revisão, temperatura do líquido de arrefecimento, óleo do motor e câmbio, pressão dos pneus. Para aqueles que curtem acompanhar o desempenho do carro, vale destacar a interessante configuração de mostradores nessa “telinha” de 3.5” que apresenta o percentual de potência e torque produzidos pelo motor no momento, além de um pequeno indicador de força “G”.

Bem completo o painel do Renegade Sport 2022, concorda? E o melhor de tudo é que as funções são muito fáceis de serem acessadas, basta utilizar os botões direcionais que ficam no volante. Internamente, o Renegade Sport chama a atenção pela boa qualidade dos materiais, principalmente após a evolução que brindou o modelo 2022.

O freio de estacionamento do Renegade Sport é do tipo eletrônico. Nada de alavanca convencional ou pedal, aqui a modernidade se faz presente já na versão básica. A chave do Jeep Renegade Sport é do tipo canivete, com botões que permitem a abertura e fechamento das portas à distância. Atende bem, mas poderia ser do tipo presencial, considerando a disparada de preços dos carros no país.

Os retrovisores oferecem ajuste elétrico, mas não rebatem eletricamente. Também não há indicador de ponto cego na versão Sport. O Jeep Renegade conta com piloto automático convencional. O piloto adaptativo está disponível apenas nas versões topo de linha. O comando de acionamento fica no volante, onde também estão os tradicionais comandos de som dos carros da JEEP.

Em termos de conectividade, o modelo vem com uma nova central multimidia com tela de 7”, com suporte para Android Auto e Apple Car Play sem fio. Isso mesmo, os sistemas funcionam sem necessidade de conectar cabo USB, solução que muito carro de luxo ainda não oferece. Ponto para a Jeep neste quesito! Por falar em USB, o Renegade conta com duas entradas do tipo A (USB “normal”), uma na frente e outra para os passageiros do banco de trás, além de uma entrada do tipo C na frente.

Os botões de regulagem da climatização ficam no novo console central, abaixo da multimídia. Na versão Sport, o ar condicionado é de uma zona, manual e não oferece a função “auto”. De qualquer forma, gela muito bem a cabine, sendo necessário regular o termostato para deixar a temperatura em um nível confortável. Ao redor dos controles da climatização, há os botões do auxiliar de manutenção em faixa, alerta, e luz de indicação do funcionamento do airbag do passageiro. Há também o botão que ativa o modo SPORT. Sobre o desempenho do carro falarei mais para frente. Adianto que o carro anda bem demais, mesmo com o SPORT desativado.

A versão Sport traz câmera de ré de série, conforme já mencionado. Quando a ré é engrenada, surge a imagem da câmera na tela da central multimídia, que inclui a provável trajetória do veículo acompanhando o esterçamento do volante. Não há sensor de estacionamento traseiro (pelo preço do carro, poderia vir!), nem câmera 360 graus. Nos dias atuais, a ausência do sensor de ré pode ser um problema, principalmente para quem usa muito o serviço de manobrista. Normalmente os manobristas dirigem rápido, e contam com a presença do sensor. O carro que não tem o recurso corre 1.000.000 de vezes mais risco de tomar uma batida no parachoque, afinal o manobrista está acostumado a só parar de dar ré quando o sensor apita. Se não tem apito, o carro continua retrocedendo e ai…. FATALITY, como naquele jogo antigo de videogame “Mortal Kombat”!!!

Há também no modelo 2022 novidades importantes em termos de performance. O motor 1.8 flex foi aposentado, como já mencionado. Já foi tarde, certo? Junto com ele também foi o bom 2.0 turbodiesel, que aumentava o preço dos modelos 4×4. E agora, como fica a questão da motorização? Pois bem, todas as versões do Renegade (4×2 ou 4×4) são equipadas com o motor GSE 1.3 16v Turbo Flex da Fiat/Stellantis, sendo que as versões 4×2 vêm com câmbio de 6 marchas e as versões 4×4 com câmbio de 9 marchas.

Produzido no polo automotivo de Betim (MG), esse propulsor é considerado o motor turbo flex mais moderno produzido no país, oferecendo potência e torque capazes de deixar muito motor 2.0 com inveja! São 185 cavalos de potência máxima a 5.750 rpm e 270 Nm de torque máximo com etanol, a incríveis 1.750 rpm. Nada mal para um motor 1.3!!

O motor oferece variador de fase na admissão e escape (o revolucionário VVT MultiAir III, que possibilita o controle variável de abertura e fechamento das válvulas através de um fluido hidráulico, resultando em aumento de potência e torque do motor, além de redução de emissão de poluentes), injeção direta de combustível e sobrealimentação.

O fato é que o novo motor deixou o Renegade MUITO mais ágil e gostoso de dirigir, sem vibrações excessivas e bastante silencioso no uso diário. Durante o teste, inclusive, o Renegade Sport GSE 1.3 Turbo mostrou-se bastante ágil no trânsito urbano, tanto nas saídas de sinal quanto nas retomadas de velocidade. Na estrada o desempenho também foi ótimo, permitindo ultrapassagens com total segurança. Não há motivos para sentir saudade do antigo motor 1.8. Pesando 1.486kg, o motor GSE 1.3 permite ao Renegade acelerar de 0-100 km/h tanto na gasolina quanto no etanol em menos de 9s. A velocidade final fica na casa dos 200km/h. Nada mal!

E o consumo, como fica? Os números divulgados pela marca são bastante interessantes: 11km/l na gasolina e 7.7km/l no etanol, no circuito urbano. Na estrada os números sobem para 12.8km/l na gasolina e 9.1km/l no etanol. Durante o teste, consegui alcançar médias de 10km/l na gasolina, mas dirigindo de forma econômica, fora do meu padrão. Dirigindo do meu jeito normal, sem grandes preocupações com consumo, a média ficou entre 9.3km/l e 9.5km/l. São médias boas, no meu sentir.

O câmbio 6 marchas acoplado ao motor funciona muito bem, permitindo trocas de marcha rápidas, tanto no modo automático, quanto no modo manual (através da alavanca localizada no console central, não há aletas atrás do volante). Há um botão no painel que ativa o modo SPORT, deixando as trocas de marcha ainda mais rápidas. Faço questão de registrar que a alavanca do câmbio permite a passagem de marchas da forma que considero a mais intuitiva, ou seja: puxando a alavanca na sua direção a marcha “sobe” e empurrando para frente a marcha “desce” ou “reduz”. Destaco o ponto porque a maioria das montadoras configura o sistema da forma inversa, o que para mim não é a melhor alternativa.

Em movimento, o Jeep Renegade se mostra agradável de guiar. A suspensão é macia e absorve bem as imperfeições do asfalto, sem transmitir para a cabine pancadas secas desagradáveis. Na dianteira a suspensão traz o consagrado sistema McPherson, enquanto que na traseira há uma sofisticada solução multilink, garantindo conforto e agilidade nas ruas e estradas.

Na linha 2022, a Jeep conseguiu conferir à versão básica do Renegade (Sport) um conjunto muito interessante. Recheado de equipamentos, fica complicado apontar defeitos no modelo, ainda mais agora que o motor 1.8 flex se aposentou e foi substituído pelo competente GSE 1.3 turbo flex (T270).  O que ainda pode melhorar, então? Onde a concorrência ainda leva vantagem sobre esse campeão de vendas? Bom, o Renegade está longe de oferecer o mesmo nível de espaço interno verificado em um VW T-Cross ou Chevrolet Tracker, principalmente na segunda fileira de bancos. O porta-malas também está longe dos 420 litros oferecidos pelo Hyundai Creta.

Considerando a realidade de preços do país, é preciso reconhecer que a Jeep acertou em cheio ao lançar o Renegade Sport 2022 com o bom motor turbo flex e um número expressivo de equipamentos por um preço bastante competitivo. Arrisco afirmar que, se a ideia é gastar menos de R$130mil na compra do próximo SUV, fica bastante complicado não escolher o Renegade Sport.

*FICHA TÉCNICA:

Mecânica

Motorização 1.3

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            185     180

Torque (kgf.m)         27,5    27,5

Velocidade Máxima (km/h)           210     208

Tempo 0-100 (s)      8,7

Consumo cidade (km/l)      7,7      11

Consumo estrada (km/l)    9,1      12,8

Câmbio          automática com modo manual de 6 marchas

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo McPherson e traseira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.696

Largura (mm)           1.805

Comprimento (mm)             4.268

Peso (Kg)      1.468

Tanque (L)    55

Entre-eixos (mm)     2.570

Porta-Malas (L)        385

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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