Avaliação do Fiat Fastback Limited Edition 1.3 2023 (powered by Abarth)

Por Arnaldo Bittencourt

Fotos: Marcus Lauria

Meus leitores sabem que já testei o Fiat Fastback Impetus 1.0 Turbo e curti muito o carro. Lendo a matéria do Fastback Impetus dá para sentir boa parte da minha empolgação ao volante do modelo. O visual do carro me agradou muito, assim como o powertrain (motor e câmbio). A suspensão é muito bem acertada e o espaço interno é nota 10. O porta-malas é imenso, são 600 litros para colocar tudo o que a família quiser levar na viagem. Ou seja, a concorrência que me perdoe, mas a FIAT lançou no mercado um produto muito legal, indiscutivelmente.

Agora imaginem esse mesmo carro com um motor ainda mais forte (GSE 1.3 T270), envenenado pelo escorpião da lendária ABARTH, a lendária marca esportiva do Grupo Fiat? Registro que não é correto chamar esse Fastback de ABARTH. A versão “Limited Edition” do Fastback recebeu o motor GSE 1.3 com uma programação elaborada pela Abarth. O câmbio também recebeu uma calibragem diferenciada da Abarth. Para ser um Abarth legítimo, teria que haver preparação na suspensão e no escape, o que não se verifica. Mas aguardem a versão “full Abarth”, ela deve pintar no nosso mercado em breve. A linha Pulse já tem a sua versão “full Abarth”.  

O Fiat Fastback usa a mesma plataforma do Pulse, a MLA (Modular Architecture). Desenvolvida pela Fiat brasileira, essa plataforma deverá ser utilizada em todos os modelos compactos da marca que forem lançados nos próximos anos.  A versão “Limited Edition – powered by Abarth” é a topo de linha, equipada com o excelente motor 1.3 turbo de 4 cilindros da marca italiana (conhecido como T270, em função do torque de 27,5kgfm que é capaz de entregar a baixos 1750 rpm).

Abaixo da versão “Limited Edition” temos a versão Impetus e a Audace, que também são bem recheadas. A Impetus, intermediária, custa aproximadamente R$10 mil a menos que a Limited Edition e já traz itens como cluster digital, multimidia com tela de 10″ (contra 8,4″ da versão Audace, a versão de entrada), bancos de couro, teto escurecido, rodas aro 18, faróis de neblina e sensores de estacionamento dianteiros. No final das contas, o grande diferencial da Limited Edition é o motor 1.3 turbo (T270).

A chave do Fastback Limited Edition é do tipo presencial, permitindo ligar o carro à distância. Além de servir para tirar onda com os amigos, o recurso permite esfriar o interior do carro antes de entrar.  Por falar em ar-condicionado, no Fastback o equipamento é digital e automático, mas oferece apenas uma zona de controle de temperatura. Apesar disso, posso garantir que o sistema é bem dimensionado e consegue deixar o interior do Fastback bem geladinho, independentemente da temperatura externa.

O para-choque dianteiro é parecido com o para-choque do Pulse, mas não é igual. Ok, agora o Pulse Abarth utiliza o mesmo para-choque do Fastback, mas as outras versões continuam usando um modelo de para-choque ligeiramente diferente.  Os faróis são em full led, com DRL. Na versão Limited Edition estão presentes os faróis de neblina, também em led. A grade na dianteira apresenta um design interessante, na cor preta black piano. Sim, a “italian flag” se faz presente, seguindo o padrão dos novos modelos da montadora.

Na traseira estão as belas lanternas em led. Pisca, freio, ré, tudo em led. Chama bastante a atenção o caimento inclinado da tampa do porta-malas, como manda o estilo “fastback”. O vidro traseiro é bastante inclinado e conta com desembaçador traseiro. O limpador, estranhamente, não se faz presente. Já a câmera de ré, com ótima nitidez, fica bem visível na parte superior da placa. No para-choque traseiro é possível notar os sensores de estacionamento, bem como acabamentos em plástico prateado que, segundo alguns, fazem alusão a ponteiras de escapamento. Se é isso mesmo, não gostei da ideia. Prefiro encará-los apenas como acabamentos do para-choque em cor diferente. Há também na tampa do porta-malas o belo emblema “Turbo 270 – powered by Abarth”.

Na lateral do Fastback notamos logo de cara as grandes molduras nas caixas de roda. A moldura que cobre a roda traseira ficou grande demais, a meu ver. Seria melhor utilizar uma moldura menor e talvez colocar um vinco mais pronunciado na própria carroceria. Mas tudo bem, não ficou feio. Há também plásticos na parte inferior das portas e cobrindo as caixas de ar, simulando uma saia lateral.  No paralama dianteiro há o emblema exclusivo onde se lê “Limited Edition”, acompanhado do consagrado escorpião da marca Abarth.

As rodas são lindas, aro 18 com pneu 215/45. Essas rodas deixam o carro com um visual arrasador e a estabilidade nas curvas é nota 10. Em compensação, é preciso ter um cuidado acima do normal com as rodas no asfalto ruim, pois esse pneu não é fã de buraco.  O carro não chega a ficar duro em excesso com esse pneu (mérito da suspensão), mas isso não libera os pneus dos danos causados pela buraqueira do nosso asfalto.

No teto, nada de teto solar, infelizmente. Em compensação, o teto é pintado de preto, fazendo um contraste bacana com o cinza metálico que cobre as demais partes da carroceria. Nota-se, também, uma antena “tubarão” no teto do Fastback.

No cockpit encontramos muito plástico duro, o que é esperado em um carro compacto desta faixa de preço. Em compensação, há uma faixa em um plástico texturizado de melhor qualidade cruzando o painel do carro, gerando um efeito esportivo bem bacana. A forração do teto e as colunas são na cor preta, ponto positivo da versão. O emblema “Limited Edition – Powered by Abarth” acima da tampa do porta-luvas lembra qual versão do Fastback você está.

O cluster digital é bem completo. Não falta nada. Nele estão todas as funções do computador de bordo (média de consumo, autonomia etc.), além do sistema de monitoramento de pressão dos pneus. O grafismo é exclusivo do Fastback, trazendo uma tela que permite monitorar em tempo real os percentuais de potência e pressão do turbo, além de força G.

Os bancos dianteiros são firmes e acomodam bem o corpo naqueles momentos em que o motorista resolve testar o limite de aderência dos pneus nas curvas. A forração dos bancos, por sinal, é de muito bom gosto, apresentando um couro sintético com uma série de gomos (lembram um vidro canelado) e costuras em linha branca. Entre os bancos há um bom apoio de braço, item essencial em qualquer carro automático. Nas costas do banco do motorista não há porta-revistas, mas no banco do carona essa bolsa de utilidade duvidosa se faz presente. Há saída de ar exclusiva para quem vai atrás e uma porta USB tradicional (tipo A).

Em termos de posição ao volante, dá pra dirigir lá no alto, feito ônibus (não curto!) ou enterrado dentro do carro, sem conseguir ver a ponta do capô, do jeito que os gearheads gostam. O banco traseiro segue a receita do banco dianteiro, acomodando com conforto pessoas de estatura mais elevada. Sim, o espaço traseiro do Fastback é muito bom. Tenho 1.80m e com o banco na minha posição de dirigir, consigo sentar atrás e ainda sobram 4 dedos de distância entre o meu joelho e o banco dianteiro. A cabeça não encosta no teto, apesar do caimento fastback.

O volante apresenta boa empunhadura e é forrado em couro. A base é achatada e conta com um acabamento em black piano. Do lado esquerdo estão os botões para controle do cluster digital, além dos comandos de voz e atendimento de chamadas. Do lado direito estão os comandos do piloto automático (apenas convencional, infelizmente) e limitador de velocidade. Há também o botão vermelho com o logo do escorpião “Abarth” para acionamento do modo “Sport”, que deixa o comportamento do Fastback BEM mais apimentado. Ao apertar esse botão com o pé no acelerador, o carro dá um pulo para frente, sem exageros! Atrás do volante estão as aletas para troca de marchas e dois úteis e intuitivos botões para uso da multimidia.

A multimidia do Fastback Limited Edtion é top. Tela de 10″ excelente, bem-posicionada e de alta sensibilidade ao toque. Oferece Android Auto e Apple CarPlay sem fio, o que para se tornou algo essencial. Fio atrapalha, deixa o carro feio e é propenso a mal contato. Ou seja, fio é “caído”! Mesmo assim, há duas entradas USB na parte inferior do painel (tipo C e tipo A).

Arrisco dizer que o som da multimidia apresenta qualidade adequada e uma potência que agradará a maioria das pessoas. A meu ver, não é necessário mexer no som original. Abaixo da multimidia temos um teclado estilo “avião”. Através dele é possível acessar alguns comandos do ar-condicionado, botão do alerta, travamento das portas, desligar a tela da multimidia, desativar os sensores de estacionamento, além de comandar o sistema TC+ (útil quando se está atravessando uma estrada com lama). 

No console temos uma base para carregamento de celular sem fio, com direito a refrigeração exclusiva para o celular, que costuma esquentar ao ser submetido a carreamento rápido. Aparentemente essa base sem fio só funciona legal com o celular fora da capa, pois o meu telefone, quando colocado nessa base, vivia entrando e saindo do modo de carregamento.

No console temos o freio de mão de acionamento eletromecânico, com a prática função “autohold”. Na mesma região temos também o botão do start-stop, que na versão testada estava com defeito. O sistema acionava com o carro em movimento, fazendo com que o motor desligasse quando o carro estava próximo de parar completamente e, no segundo seguinte, ao detectar que o veículo ainda não estava 100% parado, religava o motor. Ao parar o veículo por completo no instante seguinte, o sistema não voltava a desligar o motor, provavelmente percebendo que havia algo errado no seu funcionamento.   

O porta-malas é um dos destaques do modelo, oferecendo um espaço de dar inveja na concorrência. São 516 litros, sendo que é possível aumentar este espaço com facilidade abaixando o banco traseiro (que é bipartido). Como a tampa do porta-malas abre bastante, o Fastback parece um furgão com os bancos abaixados e a boca do porta-malas escancarada!

O comportamento dinâmico do modelo é muito interessante, graças ao motor GSE 1.3 Turbo 270, que casa muito bem com o câmbio automático convencional de 6 marchas produzido pela japonesa AISIN, ambos com calibragem especial desenvolvida pela ABARTH. Com as rodas aro 18 e pneus de perfil baixo, aliados a uma suspensão bem calibrada, o carro cola nas curvas. O motor 1.3 turbo de 185cv no etanol e 180cv na gasolina e torque de 27.5kgm (etanol e gasolina), trabalha bem em conjunto com o bom câmbio automático convencional de 6 marchas, oferecendo trocas na alavanca e nas aletas atrás do volante. Esse powertrain consegue fazer os 1.304kg do do Fastback acelerarem de 0-100km/h na casa dos 8.1 segundos, alcançando 210km/h de velocidade máxima… Detalhe, o torque está todo disponível a 1.750 RPM, deixando o carro bem esperto no trânsito. O carro responde muito bem, pode acreditar!

Faço questão de registrar que o motor 1.0 turbo de 3 cilindros da versão Impetus não faz feio, longe disso. Entregando 130cv de potência e 20,4kgfm de torque, a versão 1.0 atende com sobra as expectativas de desempenho do mercado para um modelo desta categoria. Há ainda outra diferença bacana na versão 1.0: um bom câmbio CVT, que simula até 7 marchas, ao invés do câmbio automático convencional da versão 1.3. Arrisco até a dizer que o desempenho da Limited Edition está, de certa forma, muito além do que as pessoas estão acostumadas a encontrar em um carro. Um motorista comum pode até não usar esse potencial adicional, ou achá-lo desnecessário.

Controle de tração, estabilidade e assistente de partida em rampa também são itens presentes no Fiat Fastback, que tornam o rodar ainda mais seguro e confortável. Andando normalmente, sem preocupações com economia, o carro fez 8,5km/l na cidade (etanol) e perto de 11km/l na estrada! Na gasolina o modelo faz 9.5km/l na cidade e 15km/l na estrada.

Os freios são eficientes, apesar do sistema contar com tambores nas rodas traseiras. Sei que o público questiona bastante esse tipo de solução, mas é necessário reconhecer que as montadoras conseguem calibrar o sistema de tal forma que o motorista não deveria ter dúvidas quanto à eficiência dos freios. Afirmar que um carro de passeio é inseguro porque usa freios a tambor nas rodas traseiras é um grande EXAGERO. Os tambores funcionam bem e ajudam a reduzir o custo da manutenção. Tudo bem, essa é a versão “powered by Abarth”, apresentando portando pretensões esportivas, daí o clamor pelo disco na traseira torna-se ainda mais forte. Bom, espero que a versão “FULL ABARTH” venha com disco na traseira…. Se não vier, será um ponto criticável do carro, sem dúvida.  

 

O Fastback oferece 4 airbags (frontais e laterais), deixando de fora os airbags de cortina. A Fiat defende o modelo argumentando que os airbags laterais foram redesenhados e oferecem uma proteção aprimorada para os choques laterais, minimizando assim a ausência dos airbags de cortina. Custando praticamente R$155 mil, entendo que o Fastback “Limited Edition” é uma boa pedida para quem curte carro com visual e desempenho esportivo, além de precisa de um porta-malas grande. Considero que o grande concorrente do Fastback é o VW Nivus Highline, também um ótimo carro. O Nivus, entretanto, anda menos e apresenta um interior mais objetivo, espartano, quando comparado ao Fastback. O preço dos dois modelos é próximo, sendo que o Fastback custa um pouco mais. Mas dizem que vem ai o Nivus GTS, vamos ver como vai ficar isso.  É fato que o Fastback é um produto bem calibrado para o mercado nacional, com enormes chances de ser mais um sucesso de vendas da FIAT/Stellantis.

*FICHA TÉCNICA:

Mecânica

Motorização 1.3

Combustível             Álcool            Gasolina

Potência (cv)            185     180

Torque (kgf.m)         27,5    27,5

Velocidade Máxima (km/h)           210     210

Tempo 0-100 (s)      8,1

Consumo cidade (km/l)      7,9      11,3

Consumo estrada (km/l)    9,7      13,6

Câmbio          automática com modo manual de 6 marchas

Tração           dianteira

Direção          elétrica

Suspensão dianteira          Suspensão tipo McPherson e dianteira com barra estabilizadora, roda tipo independente e molas helicoidal.

Suspensão traseira            Suspensão tipo eixo de torção, roda tipo semi-independente e molas helicoidal.

Dimensões

Altura (mm)   1.545

Largura (mm)           1.774

Comprimento (mm)             4.427

Peso (Kg)      1.304

Tanque (L)    47

Entre-eixos (mm)     2.533

Porta-Malas (L)        600

Ocupantes    5

*Dados do fabricante

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