Scooters são a aposta anticrise

151127 V32O mercado de motocicletas sofre um forte processo de retração nos últimos anos. De 2011 para 2014, a queda nas vendas ultrapassou 26%. E no acumulado entre janeiro e outubro de 2015, em relação ao mesmo período de 2014, de acordo com dados da Fenabrave, os emplacamentos no setor de duas rodas já caíram 12,9%. Em tempos de crise, não dá para se arriscar demais: o melhor é investir nos segmentos com maior potencial de crescimento. É o caso das scooters, que reúnem características capazes de atrair a atenção de novos consumidores e que viraram “meninas dos olhos” de algumas fabricantes no país. “É um mercado que deve continuar crescendo, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, mas novas regiões ainda descobrirão seus benefícios. De janeiro a setembro deste ano, registramos 6,3% de crescimento em relação ao ano passado, com 23.307 unidades vendidas”, explica Alexandre Cury, diretor comercial de motocicletas da Honda no país.
Não à toa, são várias as expectativas para o segmento em 2016. Tanto que muitas novidades foram reveladas no Salão Duas Rodas 2015, realizado em outubro último, em São Paulo. Foi lá, por exemplo, que a Honda revelou que vai vender no Brasil, já a partir do ano que vem, a SH 300i, para apostar na categoria também entre os modelos de média cilindrada – atualmente, ela só tem a Lead, com motor de 110 cm³, e a PCX, de 150 cm³, que lidera o segmento. Uma forma de tentar conter o avanço da Dafra, que atua em uma faixa mais ampla – vai da Smart 125 e da Cityclass 200i até as maiores Citycom 300i e Maxsym 400i. “Quando falamos sobre os últimos períodos de venda, a Dafra registrou um crescimento de 45,4% no comparativo entre 2014 e 2013 no segmento”, enfatiza Sérgio Dias, diretor comercial da marca.
A Honda é líder no Brasil na categoria scooters, com 80,7% de market share. Já se considera que, investindo em outras cilindradas, em cinco anos o mercado das scooters deve passar dos atuais 3,7% das vendas para perto de 15% do total de motos. A própria Dafra também se prepara para lançar uma nova scooter no Brasil. É a Fiddle III, de estilo retrô e inspirada na tradição europeia. “Já somos reconhecidos neste segmento, com produtos que se diferenciaram desde o início dos modelos até então disponíveis. A Fiddle é mais uma prova de que veículo urbano acessível não precisa ser sem graça. Pode ter estilo e ser moderno”, analisa Sérgio. A Yamaha, que hoje atua na categoria com a TMax, de 530 cc, passará a vender também a NMax, que rivaliza com a Honda PCX. Com motor de 160 cc de refrigeração líquida, ela tem rodas de 13 polegadas e sistema de freios com ABS.
Para a BMW Motorrad, o segmento de scooters ainda não é tem um volume tão representativo em. Isso porque a marca ingressou no segmento com dois modelos de alta cilindrada e preço salgado: a C 600 Sport e C 650 GT, ambas lançadas no ano passado. Mas as expectativas da fabricante a médio prazo são otimistas. Tanto que em meados do próximo ano, chegarão ao Brasil as novas versões de ambos os modelos, que foram apresentadas no EICMA, o Salão de Milão, neste mês. Ciclística e motorização – um propulsor bicilíndrico de 647 cm³ – não sofreram grandes mudanças, mas o visual foi renovado e o modelo mais esportivo agora se chama C 650 Sport. Há novo sistema de escapamento, a transmissão CVT recebeu novos ajustes e ambos os modelos são equipados com controle de tração e alerta de pontos cegos. “Os nossos principais atributos nesse segmento são versatilidade e conforto, atrelados a itens de segurança, além do design exclusivo da marca. Tais atributos fazem com que exista um nicho de clientes compatível com o posicionamento dos nossos produtos”, avalia Débora Campion, gerente de vendas da BMW Motorrad Brasil.
O principal motivo para as apostas nas scooters é o trânsito caótico crescente dos grandes centros urbanos. A seu favor, os modelos têm características como transmissão automática, freios combinados CBS e bons porta-objetos sob o assento. “Tudo isso tem atraído um público cada vez maior. Desde os iniciantes aos motociclistas mais experientes”, afirma Alexandre Cury, diretor comercial de motocicletas da Honda. Além disso, com a dificuldade para financiar alguns automóveis, em função das análises de crédito, é outro ponto que favorece as scooters. “Consumidores de centros como São Paulo, Rio e Brasília, entre outros, viram a oportunidade de se locomover com agilidade e comodidade a um custo favorável. Os valores praticados em carros populares e nos seguros dos outros segmentos de duas rodas mostram que uma scooter é mais viável e atraente”, garante Sérgio Dias, da Dafra.
por Márcio Maio
Auto Press

error: Conteúdo protegido !!