Cunhada de Vaccari nega ter recebido propina

Marice Corrêa Lima depôs durante duas horas e meia e negou tudo sobre a denúncia do doleiro Alberto Youssef Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photopress

Marice Corrêa Lima depôs durante duas horas e meia e negou tudo sobre a denúncia do doleiro Alberto Youssef
Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photopress

Na tarde de ontem (20), a cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto negou em depoimento na Polícia Federal que tenha recebido propina em dinheiro vivo da OAS, empreiteira sob suspeita da Operação Lava Jato por participação no cartel que assumiu contratos bilionários na Petrobrzs entre 2003 e 2014. Marice Correa Lima depôs durante duas horas e meia. Ela esclareceu que não viajou para o Panamá para fugir ao decreto de sua prisão temporária.
Marice diz que foi àquele país da América Central para participar do Fórum Sindical das Américas. Quando soube da ordem de prisão temporária estava em férias na Costa Rica e imediatamente retornou ao Brasil. Na sexta feira (17), ela se entregou à Polícia Federal. Ela continuará detida até a Justiça Federal decidir se prorroga ou não sua prisão temporária.
A PF indagou de Marice sobre a denúncia do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, anexada aos autos da Operação Lava Jato, citou dois repasses de aproximadamente R$ 400 mil para Vaccari, em nome do PT.
O valor de R$ 880 mil, ao todo, teria sido pago pela empresa Toshiba Infraestrutura em uma contratação para obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), entre 2009 e 2010. Um dos pagamentos teria sido recebido por Marice, no escritório do doleiro em São Paulo. À PF, a cunhada de Vaccari negou ter recebido valores de Youssef.
Em novembro de 2014, quando foi deflagrada a Operação Juízo final, sétima fase da Lava Jato, o Ministério Público Federal chegou a requerer a prisão temporária de Marice sob o argumento que ela teria recebido “valores vultosos em espécie” do doleiro “em entrega solicitada pela OAS”.
Na ocasião, a Justiça não decretou a prisão da cunhada de Vaccari, mas mandou que ela fosse conduzida à Polícia Federal para depor. Já naquela oportunidade, Marice rechaçou a informação de que teria recebido dinheiro da OAS
Em seu depoimento de ontem, ela também afirmou que não houve irregularidades na compra do apartamento OAS Bancoop – transação sob suspeita do Ministério Público Federal.
Os investigadores da Lava Jato apontam para o negócio que Marice realizou com a OAS. Ao comprar o imóvel ela lucrou 100% em apenas um ano – adquiriu o imóvel por R$ 200 mil e o vendeu um ano depois por R$ 432 mil para a própria empreiteira.
A força-tarefa da Lava Jato vê “caráter fraudulento” na transação. Os procuradores da República e a PF suspeitam que o negócio “serviu para ocultar e dissimular a origem ilícita dos recursos, tratando-se de possível vantagem indevida paga pela OAS a João Vaccari Neto”. Marice disse que, em liberdade, poderá localizar todos os documentos relativos à compra do apartamento Bancoop e outros de interesse dos investigadores da Lava Jato.
Seu advogado, o criminalista Cláudio Pimentel, disse que ela “ratificou o depoimento que já tinha prestado em novembro”.
“Ela está serena, tranquila, apesar das condições, e está plenamente à disposição da Justiça”, disse o advogado.
Não foi destruir provas no Panamá

Marice teria recebido a grana ilícita a mando do doleiro Alberto Youssef, em sua casa, segundo a PF

Marice teria recebido a grana ilícita a mando do doleiro Alberto Youssef, em sua casa, segundo a PF

Marice, a cunhada de Vaccari, afirmou novamente à PF, que viajou ao Panamá para participar do Fórum Sindical das Américas. Como coordenadora financeira do Centro Sindical das Américas, Marice Correa Lima representou a entidade no congresso realizado naquele país da América Central. Ela afirma que não foi lavar dinheiro ilícito nem destruir provas.
Ela está sob investigação por supostamente ter recebido propina da OAS, que fez parte do cartel de empreiteiras na Petrobras entre 2004 e 2014. A cunhada entregou-se à PF sexta-feira, 17, depois de regressar da viagem ao Panamá. Ela teve prisão temporária decretada pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as ações da Operação Lava Jato.
Marice pretende sempre derrubar as especulações que surgiram sobre os motivos de sua viagem ao exterior depois que a PF tentou localizá-la em sua casa, no bairro da Bela Vista, em São Paulo, e não a encontrou na quarta feira, 15.
Uma das hipóteses que cercava sua viagem dava conta de que ela teria se deslocado ao Panamá, um paraíso fiscal, para destruir provas e alterar supostos registros cartorários e bancários sobre offshores e remessas de valores dos Vaccari.
“Não havia nenhuma restrição, nenhuma ordem judicial que impedisse Marice de sair do País e, seguramente, ela não sabia que poderia ter sua prisão temporária decretada”, assinala o advogado Cláudio Pimentel, que a defende.
“A participação dela no Fórum Sindical das Américas é pública, até no site é possível constatar o real motivo de sua viagem ao Panamá. Marice não foi lavar dinheiro ilícito, não foi apagar rastros de operações escusas. Foi participar do congresso sindical, apenas isso.”
A cunhada de Vaccari teve seu nome citado nas primeiras fases da Operação Lava Jato, no início de 2014. Ela teria recebido propina no dia 3 de dezembro de 2013 da empreiteira OAS, alvo da investigação sobre corrupção e desvios na Petrobras.
Os valores teriam sido entregues em espécie a mando do doleiro Alberto Youssef, peça central da Lava Jato, no endereço da Bela Vista, bairro central de São Paulo, onde ela mora. A PF suspeita que Marice e outras familiares de Vaccari – a mulher, Giselda, e a filha Nayara ­- foram usadas para ocultar valores ilícitos arrecadados pelo ex-tesoureiro do PT.
O advogado Cláudio Pimentel afirmou que não pretende ingressar com habeas corpus. O prazo da prisão temporária de Marice é de 5 dias. “Habeas corpus não faz sentido. Vou requerer que ela seja imediatamente liberada após o depoimento na Polícia Federal. Não há nenhuma razão para ela ficar presa. Ela jamais pensou em fugir. A demonstração inequívoca disso é que ela se apresentou. Afinal, quem quer fugir vai retornar ao Brasil, como ela fez espontaneamente?”

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