O realismo político e religioso

A teoria e a prática dos regimes políticos e das religiões são temas que podem ser analisados sob diferentes perspectivas. Enquanto a teoria busca estabelecer princípios e conceitos abstratos, a prática se refere à aplicação na vida real. No entanto, muitas vezes, há uma diferença significativa entre as ideias e os atos, o que pode levar a consequências negativas. 

Importante perceber que as lideranças organizadas criam uma narrativa otimizada para conquistarem seus seguidores. São capazes de dissimular e ocultar fatos, produzindo uma cortina de fumaça diante dos seus reais interesses. Por vezes ainda, proclamam uma forma de governo ou religião, mas executam outra.  

Na maioria dos países, embora em suas leis seja definido o regime Presidencialista ou Parlamentarista por exemplo, de fato transformam-se em sistemas mistos e em cada formação política definida pelos eleitores, agem com intensidades diferentes, provocando uma ruptura entre o que deveria ser e o que é. Sucede também com as filosofias políticas e econômicas como o Socialismo e o Capitalismo, ocorrendo enormes distorções práticas conforme a sociedade que estão inseridos, pois a teoria pode não levar em conta as diferenças culturais e históricas entre as comunidades. Assim, é totalmente inadequado qualquer tipo de comparação entre os países, uma vez que exercem modos diferentes de poder, embora classifiquem como sendo a mesma ideologia. 

Contudo, até mesmo um regime aparentemente autoritário acaba sendo necessário conforme o momento que atravessa aquela nação. Mas neste caso, os objetivos devem ser nobres e a prática passageira até que o propósito seja finalizado.  

No campo religioso, a teoria pode estabelecer princípios como o amor ao próximo, a caridade e a compaixão. Porém, na prática, esses princípios podem ser distorcidos ou ignorados, levando a uma religião hipócrita e sem amor. Historicamente as religiões e a política trocam alianças e reeditam formas antigas de dominação. Pregam um “deus” salvador, mas promovem a distinção entre as pessoas, tudo com a intenção de reconduzi-los ao poder.  

Em resumo, a teoria e a prática não são opostas, mas sim complementares, fundamentais para estabelecerem princípios e a aplicabilidade na vida real, sendo necessário que ocorra uma conexão entre elas para que não causem rupturas sociais. Neste contexto, é importante que haja uma reflexão constante e atualizada de valores morais para serem adaptados as transformações da sociedade. 

Mauro Falcão

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