Se dependesse do desejo dos fabricantes, todos teriam uma frota de motocicletas na garagem. Uma para viagens, outra para usar em track day, uma terceira para enfrentar estradas de terra e mais outra para andar na cidade. Obviamente, isso não rola. Mas também não impede que todas estas funções sejam desejáveis. Daí o crescimento de segmentos como o de maxitrail, que encara rodovia, terra e cidade sem maiores problemas. E a BMW resolveu adicionar um pouco mais de esportividade a esta equação. Pegou a esportiva S1000 R e modificou suspensão, quadro e posição de pilotar para criar a S1000 XR, moto à qual a marca dá a classificação de Adventure Sport. O modelo desembarca agora depois de uma bem-sucedida estreia na Europa, onde está à venda desde junho. No Brasil, o preço começa em R$ 71.900, um pouco acima dos R$ 68.900 anunciados no Salão Duas Rodas de São Paulo, em outubro.
A maior novidade da XR é conceitual. Em vez de se basear em uma motocicleta trail, que é naturalmente versátil, ela parte de uma esportiva. A partir daí, começa a ser modificada para ganhar maior capacidade de adaptação a diferentes situações. Em relação à S 1000 R, ela mudou ângulo de cáster – as bengalas ficaram mais inclinadas –, o tanque de combustível ficou maior, com 20 litros em vez dos 17,5 da R, e ganhou 30 mm de curso na suspensão dianteira e 20 mm na traseira, com 150/140 mm. Na frente, foram instalados carenagem e para-brisa e o banco passa a ser inteiriço. Com as mudanças, o peso subiu de 207 para 228 quilos. A posição de conduzir talvez seja a mudança mais notável na XR. O piloto fica em uma posição mais ereta, com os pés mais alinhados com a coluna cervical. O guidão também é mais alto e o banco tem um pouco mais de espuma. O carona também ganha em conforto, por conta das pedaleiras mais avançadas.
O motor, por sua vez, é exatamente o mesmo da S1000 R e tem a configuração tradicional da linha K. Trata-se de um propulsor quatro cilindros em linha de refrigeração a líquido e a óleo, com duplo comando no cabeçote e 16 válvulas. Ele rende 160 cv de potência e 11,4 kgfm de torque, tem câmbio de seis marchas e transmissão por corrente. Outros aspectos mais esportivos da R também foram mantidos. Caso dos pneus 120/70 na frente e 190/55 atrás para uso no asfalto, freios com pinças radiais flutuantes da Brembo e amortecedores telescópicos invertidos e suspensão ajustável na pré-carga e no retorno da mola.
O pacote eletrônico também é completo, com quatro modos de condução: Rain, Road, Dymanic e Dynamic Pro, para chuva, estrada, esportiva e mais esportiva. No modo chuva, a potência é reduzida para 148 cv e todos os assistentes dinâmicos, como ABS e controles de tração e estabilidade, se mantêm acionados e a suspensão fica no modo estrada. Em Road, a potência é liberada, mas os auxílios eletrônicos ficam ligados. Nos modos Dynamic e Pro, os controles são desligáveis, as respostas do acelerador ficam mais diretas e a suspensão entra em modo pista. A central eletrônica da XR, assim como nos outros modelos da linha S 1000, passa a municiar os controles dinâmicos com os dados do sensor de inclinação.
Além dos recursos esportivos, a XR traz diversos itens de conforto que harmonizam com suas pretensões de ser tanto Touring quanto Roadster. Caso do cruise control, das manoplas aquecidas, suporte para baú traseiro e malas laterais, preparação para GPS, protetor de mãos e cavalete central. A rigor, a marca alemã só enxerga um modelo no mercado com as mesmas características da sua XR: a Ducati Multistrada 1200. Só que a rival italiana que tem apenas dois cilindros, 150 cv de potência, mas custa a partir de R$ 60 mil. Ainda assim, a BMW espera vender 130 unidades apenas neste fim de ano e cerca de 50 exemplares por mês em 2016.
por Eduardo Rocha
Auto Press