Discurso Político

*Marielle Nunes Barcelos
*Marco Lívio Trajano dos Santos

Diante das diversas possibilidades de persuadir o eleitor, os políticos utilizam-se de frases chamadas slogans em campanhas políticas que podem marcar uma determinada época histórica e auxiliar na própria popularidade. Exemplo disso, nos Estados Unidos, foi a Doutrina Monroe com a famosa frase: “A América para os americanos”, que inspirou o ideal nacionalista e libertário contra a colonização europeia em muitas nações. Por isso, a análise do contexto econômico, cultural, social, geográfico e político contribui para o aspecto direcional da retórica política. Por sua vez, este é um processo longo para obter as informações possíveis dentro de uma visão da realidade e não um mero discurso artificial, sem fundamento. O primeiro passo é escolher a área sobre a qual se quer aprofundar, como saúde, educação, infraestrutura, transporte, segurança pública. Em virtude disso, a segunda etapa consiste em saber do que se quer tratar, entender a emergência para determinado assunto e, por fim, lançar um projeto viável àquela situação.
As ferramentas usadas para esse aperfeiçoamento e para difusão de uma campanha política são jornais, televisão, revistas, redes sociais, reuniões públicas, rádios, panfletos, cartões postais, comícios, entre outros. Assim, o processo abrange não só a oratória, mas também as fontes escritas e não escritas, com o objetivo principal de atingir o público-alvo, que é a grande massa social. Isso não é, todavia, tarefa fácil, pois, além de chegar ao destinatário, a mensagem precisa convencê-lo de que tal ideia atenderá as demandas sociais, ou seja, aquilo que as pessoas querem. Há uma forma muito difundida, que é o questionário feito de porta em porta, que se baseia não na divulgação de uma candidatura, mas na busca de informações sobre a sociedade local, e que é mais vantajoso porque tem uma relação direta com a opinião popular. Desse modo, ressalta-se que é um guia ao político que quer estar informado sobre os interesses coletivos.
É necessário entender que o político estará limitado a alguns fatores: à área territorial, aos recursos financeiros ou ambientais e às estatísticas sociais. Portanto, seu discurso deve focar no critério “território”, que pode ser municipal, estadual ou nacional; deve adotar o princípio da escassez em acordo com a arrecadação local e a legislação ambiental quanto ao “planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais” (BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981); deve fundar-se no conhecimento das características dos referidos habitantes, como índices de natalidade e mortalidade, faixa etária da população, entre outras. Afinal, não adianta o político prometer (o que, em geral, não pode cumprir) sem antes ter conhecimento da dinâmica do espaço e do tempo. Quanto maior for o contato dentro de uma coletividade, maiores serão as chances de alcançar as metas de um promissor cargo político. Sem esquecer que a força das palavras e sua repercussão têm um viés voltado às reinvindicações populares, o que está ligado ao dilema do saber falar bem em público e falar o que as pessoas querem ouvir.
Paralelamente a isso, o candidato ou governante precisa adequar-se às regras do ordenamento jurídico sobre a publicidade política. Também cabe às autoridades fiscalizar as propagandas eleitorais, pois alguns discursos podem ofender a dignidade da pessoa humana. Prevê a Constituição Federal, dentre seus objetivos, “promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” com o intuito de evitar os crimes pelos meios de comunicação ou publicidade. Com isso, para fazer um bom discurso político e apresentar um plano que seja adequado às transformações sociais e permita a inclusão social, na busca do bem comum, dois princípios são fundamentais: a ética e a imparcialidade. Que a estes se agreguem o conhecimento e uma boa oratória.
*Marielle Nunes Barcelos – Acadêmica do curso de Direito da UFMS, Campus de Três Lagoas/MS. E-mail: marielleufms@gmail.com

*Marco Lívio Trajano dos Santos – Matemático e Professor do curso de Administração e Ciências Contábeis da UFMS – Campus de Três Lagoas/MS. E-mails: mltsantos1@hotmail.com; mlsantos@cptl.ufms.br

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