Dilma reafirma compromissos de equilíbrio fiscal

151221 H22 151221 H21

A presidente deu posse ao ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, e do Planejamento, Orçamento e Gestão, Valdir Simão
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Na solenidade de posse dos ministros Nelson Barbosa (Fazenda) e Valdir Simão (Planejamento) ontem no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff afirmou que o equilíbrio fiscal e o crescimento podem andar juntos. Dilma disse que não haverá mudança na política econômica no curto prazo e destacou ser necessário equilibrar as finanças, reduzir a inflação, eliminar as incertezas e retomar o crescimento da economia brasileira. “Experiência e competência são atributos que ambos têm de sobra”, disse Dilma, ao citar que os dois novos ministros da área econômica conhecem o serviço público e os programas prioritários do governo.
Em sua introdução, Dilma agradeceu ao ministro Joaquim Levy, a quem chamou de “meu caro”. Ela disse que o ex-ministro da Fazenda foi uma presença “imprescindível” para fazer o ajuste fiscal, mesmo em ambiente de crise política. Ela frisou a grande capacidade de agir e inteligência do ex-ministro, mesmo sob intensa pressão. “Levy superou desafios e muito contribuiu para a estabilidade e que jamais deixarei de reconhecer”, disse a presidente, sob aplausos.
“Três orientações imediatas eu levo aos ministros da área econômica: trabalhar com metas realistas e factíveis para construir credibilidade, atuar para estabilizar e reduzir consistentemente a dívida pública e fazer o que for preciso para retomar o crescimento sem guinadas e sem mudanças bruscas atuando neste ambiente de estabilidade, previsibilidade e flexibilidade. Desejo muita sorte aos ministros e tenho plena confiança na sua capacidade. Espero, Nelson e Valdir, que vocês se saiam bem nas tarefas urgentes e sejam vitoriosos na construção das bases para um novo ciclo de crescimento sustentável”, afirmou Dilma.
A presidente acrescentou que o governo perseguiu em 2015 uma estratégia de estabilização fiscal que continuará guiando sua administração “nos próximos anos com metas realistas e transparentes”.
“Precisamos ir além da tarefa de cortar gastos e colocar as contas em dia, estabelecendo prioridade também para retomada do crescimento e a construção do ambiente de confiança favorável à ampliação dos investimentos. Ainda há tarefas importantíssimas da fase de arrumação das contas públicas. Há medidas imprescindíveis a aprovar sem as quais o equilíbrio não será mantido e a retomada do crescimento será muito demorada. Temos pela frente a negociação com o Congresso para a prorrogação DRU – Desvinculação de Receitas da União – e a recriação da CPMF (Contribuição sobre Movimentação Financeira)”, disse.
Dilma também lembrou da necessidade da Reforma da Previdência para assegurar a sustentabilidade no médio e longo prazo.
Na sexta-feira (18), Dilma fez a substituição de Joaquim Levy por Barbosa no comando do Ministério da Fazenda. Barbosa era ministro do Planejamento. Para o lugar de Barbosa, nomeou o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Valdir Simão.
Analistas temem guinada na
política econômica

A grande preocupação dos analistas do mercado financeiro que participaram de conferência ontem com o novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, foi com a capacidade do governo em conseguir reequilibrar as contas e reverter o déficit orçamentário atual num cenário de retração da economia. Enquanto, o ministro falava, no entanto, o dólar bateu a marca de R$ 4, atingindo R$ 4,0013, por volta de 12h50.
Os analistas temem que Barbosa promova uma guinada na política econômica traçada no início do ano e buscaram ouvir dele mais detalhes da sua proposta.
Um dos temores, que ficou claro nas perguntas feitas ao ministro, foi com as receitas necessárias para garantir a meta fiscal de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Atingir a meta foi o primeiro compromisso assumido pelo novo ministro durante a entrevista coletiva que concedeu ao ter seu nome anunciado, na sexta-feira da semana passada.
Entre as cobranças dos investidores estava uma base sólida para as promessas que vem fazendo. O ministro foi questionado sobre como irá aprovar medidas no Congresso Nacional em meio à crise política e sobre a meta fiscal do próximo ano, que não foi aprovada nos termos que o governo pediu ao Congresso. O ministro tentou transmitir confiança.
Barbosa foi firme e disse que é possível tanto o cumprimento da meta de 2016 quanto a aprovação de matérias no Legislativo. O ministro chegou a citar 2015 como um ano difícil, mas com grandes aprovações.
Os analistas também concentraram suas perguntas na busca de mais informações sobre o compromisso do ministro com reformas, principalmente a da Previdência. Nelson reforçou que ela será prioritária, mas não aprofundou detalhes.
Outro ponto abordado foi o da regra do reajuste do salário mínimo. O mercado teme que o governo mude a regra prejudicando ainda mais as contas públicas. É que grande parte das despesas do governo está atrelada à correção do mínimo. Nelson garantiu que não haverá mudanças.
Sobre o BNDES, se comprometeu com estratégia do ex-ministro Joaquim Levy de acabar com os empréstimos do Tesouro Nacional. “Ouvi mais elogios do que críticas em relação à fala do ministro, mas acho que o ceticismo do mercado e o estigma de ter sido o contraponto do Levy pesam muito contra nesse estágio inicial. Vai ter que conquistar a confiança passo a passo!”, disse um economista de um banco estrangeiro que participou da conferência.
Para ele, a única “vantagem” para o ministro é que as expectativas estão muito baixas. “Se conseguirem aprovar uma agenda fiscal mínima, será visto como grande vitória”, disse ele.

error: Conteúdo protegido !!