Bistrô Sesc: Uma Janela no Centro do Rio para a Agricultura Familiar no Interior do Estado

A Chef Teresa Corção quer ampliar as visitas às regiões produtoras para aumentar as opções de produtos de boa qualidade na mesa – Cinco meses depois de inaugurar o Bistrô Sesc Convento do Carmo, no Centro Cultural PGE-RJ, uma parceria da Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ) com o Serviço Social do Comércio (Sesc RJ), a Chef Teresa Corção faz uma avaliação da reação do público e prepara-se para ampliar a proposta inovadora de apoiar o cardápio do restaurante no mapeamento da produção agrícola familiar do Estado do Rio.
– Para mim foi uma surpresa e uma grande alegria o fato de tanto a PGE-RJ quanto o Sesc RJ concordarem com essa proposta ousada, mas muito necessária, de fomentar a comercialização dos produtos da agricultura familiar do Estado do Rio de Janeiro – revela a chef Teresa Corção, que por 40 anos comandou o restaurante O Navegador, no Clube Naval, até a pandemia de Covid.
A ousadia da proposta do Bistrô começa literalmente pela cozinha com o desafio de instalar a área de preparação dos alimentos em um dos prédios mais antigos do Rio, com data de fundação estimada entre 1590 e 1619, e tombado pelo patrimônio cultural na década de 1950.
– Nós tínhamos uma restrição muito grande porque não podíamos ter fogão. A solução foi a gente lançar mão da alta tecnologia, com a instalação de um equipamento que substitui a exaustão tradicional. Aliás, as pessoas ficam bem chocadas quando eu digo que somos um restaurante sem fogão – conta Teresa Corção.
Cardápio com história e geografia
A proposta gastronômica do Bistrô Sesc Convento do Carmo é apresentada, aos clientes, num banner na parede logo na entrada do Convento do Carmo: “Nossos alimentos têm história e geografia que representam todo o estado. É o que chamamos de cozinha brasileira sustentável”, anuncia o título de um texto, escrito pela chef, que explica a ideia de apoiar o cardápio em cima de um mapeamento da agricultura familiar do Estado do Rio.
– Quando explicamos a ideia de mapear os alimentos, a reação da clientela é instantânea. A empatia que as pessoas têm com a agricultura familiar é uma coisa muito forte. E um gancho de marketing também enorme – analisa a chef Teresa.
Para garantir a satisfação dos clientes e consolidar a receita diferenciada, a chef Teresa aposta na estratégia de posicionar o Bistrô como o mostruário gastronômico da produção agrícola familiar do interior do Estado.
– O que me encantou e me faz ficar empolgada com o projeto é porque existe uma oportunidade enorme de mapeamento em valorização, comercialização e escoamento dessa produção agrícola do estado – avalia a chef Teresa Corção.

Escoamento é a palavra-chave do sistema que a chef Teresa quer montar na relação com os produtores da agricultura familiar e garantir qualidade na mesa com o cardápio aos clientes.
– O Sesc entendeu a necessidade de se fazer visitas de campo para que a gente pudesse de fato conhecer esses produtores. Porque ao visitá-los com o olhar da gastronomia, é muito diferente, a gente consegue ver o potencial daqueles produtos, daquelas matérias-primas para se tornar produtos de gastronomia – observa a chef.
Pesquisa de campo
A equipe do Sesc já fez a primeira viagem ao campo. Visitou 8 produtores da Região do Médio Paraíba do Sul e Centro-Sul fluminense. E para garantir que esse mapeamento não seja uma ação amadora e inócua, ela pediu para se juntar à equipe dois profissionais de peso: o engenheiro agrônomo Celso Merola, servidor do MAPA – Ministério da Agricultura no Rio de Janeiro e profundo conhecedor da agricultura familiar no estado; e Glaucio Marafon, geógrafo, doutor e professor da UERJ e da PUC, e autor de alguns projetos de fomento ao turismo no interior do estado do Rio.
– A minha intenção é que o bistrô seja uma locomotiva, que vá na frente abrindo caminho para que esses produtores possam vir para o mercado do Rio de Janeiro – adianta a chef.
Em matéria de bebida, o bistrô já é essa locomotiva com o bar que reúne duas dezenas de rótulos das cachaças mais representativas da produção fluminense, incluindo a famosíssima Paraty.
– Nós temos talvez o único bar do Rio que tem exclusivamente cachaças do estado do Rio. As nossas cachaças são de extrema qualidade – afiança Teresa Corção.
Agricultura mapeada
Mesmo ainda no início, o mapeamento de produtos da agricultura familiar já rende importantes contribuições para o cardápio do Bistrô Sesc Convento do Carmo. A linguiça de Petrópolis participa de várias preparações; o queijo de Miguel Pereira também entra em vários pratos, como o carpaccio e os doces caseiros; o shimeji (cogumelos) de Miguel Pereira e Paty do Alferes está tanto no tornedor, que é um clássico do bistrô, quanto no espaguete carbonara OLGV (ovolactovegetariano) feito com palmito no lugar da massa.
– Esse é só o início de uma paleta de sabores que a gente pretende que a cada bimestre vá crescendo e mapeando os produtos, não só para o Bistrô, mas também para outras pessoas e outros estabelecimentos do Sesc que possam comprar. Com isso, vamos fomentar a economia do estado, e promover a agricultura familiar e a gastronomia do Rio de Janeiro utilizando os nossos produtos e produtores como protagonistas dessa pequena grande revolução – conclui a chef do Bistrô Sesc Convento do Carmo.

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