A grande mentira

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*Carlos B. González Pecotche

Quando Pôncio Pilatos perguntou ao Mestre o que é a verdade, longe estava de imaginar a transcendência da pergunta e, menos ainda, que nenhuma resposta poderia ser por ele compreendida. Mais lhe teria valido, por certo, perguntar sobre aquilo que ele ignorava por completo, embora sem dúvida acreditasse saber.
Que é a mentira em sua máxima expressão? É a sombra que persegue constantemente a verdade sem nunca alcançá-la, e que, como tal, se esfuma e desaparece quando a verdade se torna transparente; é o nada, que pretende ser algo à margem da Criação e de suas leis. Imitadora infatigável, com seus olhos oblíquos deforma sempre a realidade, pois percebe e manifesta tudo de ângulos diametralmente opostos. Inescrupulosa e audaz, veste-se com todo e qualquer traje que a Verdade deixe de usar, para que o engano tenha todas as aparências do que dela provém.
A mentira é como a marionete: aparenta ter vida própria, mas na realidade é movida por fios que a imaginação maneja. Ao carecer de vida, sua existência é fugaz, e aqueles que se deixam seduzir por ela só encontram, ao abraçá-la, um monte de trapos e alguns fios cortados, que em ponto algum tem conexão.
O homem convive mais com ela do que com a verdade, talvez pelo fato de que ainda não tenha discernido sobre sua origem e seu destino. A evolução em direção ao aperfeiçoamento é a única coisa que lhe permitirá alcançar os influxos benéficos da verdade, pois são as deficiências as que distanciam o homem dela.
Porém, a mentira, a grande mentira, o que é? Repetimos: o nada, que caprichosa e obstinadamente pretende existir à margem da Criação. Daí que sua vida seja efêmera; tão efêmera como a desses pequeníssimos insetos que, depois de dar umas voltas ao redor da luz, caem inertes.
Diz o axioma: “A mentira é vilã: quando parece dar a felicidade, a arrebata”. A quimera é o paraíso da mentira; por isso, os ilusos sofrem tão amargas decepções cada vez que são obrigados a voltar os olhos e o entendimento para a realidade.
O homem deve grande parte de seus infortúnios a essa grande mentira que, como diabo de Goethe, compra sua alma para sacrificá-lo à voracidade insaciável de sua perfídia e luxúria. Quando se conhece a qualidade do mercador que hipotecou o espírito, fácil é intuir também quão caro haverá de ser o resgate a pagar. Seu elevado preço será talvez a causa de tantos milhões de seres nunca conseguirem sair da pobreza, ainda que dupliquem ou tripliquem seus ganhos, porque tudo é levado por essa mentira, da qual muitos gostariam de afastar-se de uma vez por todas, se não estivessem impedidos pelas dívidas que os atam a ela. A evolução pelo conhecimento é o único meio infalível que permite ao homem tal liberação, ao outorgar-lhe os bens que generosamente a verdade propicia.

*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br

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