Alerta vermelho: surto de zika é emergência de saúde pública no mundo

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp
OMS: o único meio de lutar contra a infecção é a prevenção: evitar que o mosquito pique e acabar com ele
OMS: o único meio de lutar contra a infecção é a prevenção: evitar que o mosquito pique e acabar com ele

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, fez ontem um apelo para que os conselhos municipais de Saúde de todo o país reforcem o combate ao mosquito Aedes aegypti e à epidemia do vírus Zika registrada no Brasil. A solicitação aconteceu um dia depois do Comitê de Emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar o zika vírus, já presente em 24 países da América, uma emergência de saúde pública de importância internacional.
O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti — o mesmo da dengue e do chikungunya—, normalmente provoca uma infecção leve, mas está sendo associado a casos de microcefalia em bebês de mães infectadas e a alguns casos da síndrome de Guillain-Barré. Uma relação que levou a OMS a considerar o zika vírus uma ameaça “de proporções alarmantes”, como a definiu a diretora-geral da entidade, Margaret Chan.
Declarar uma emergência de saúde pública internacional, decisão adotada em 2009 com a gripe A e em 2014 com o ebola, implica pôr em andamento mecanismos para coordenar a detecção, a prevenção e a vigilância do problema, bem como a possibilidade de mobilizar os especialistas da Organização Mundial da Saúde e recursos.
José María Martín Moreno, catedrático de medicina preventiva da Universidade de Valência, explica que os peritos da OMS estabeleceram esse alerta mundial com base em dois elementos: a existência de um risco para a saúde pública de outros Estados em decorrência da propagação internacional do zika vírus e a necessidade de uma resposta mundial coordenada. “A partir disso, provavelmente será proposto insistir no fortalecimento da vigilância epidemiológica, criação da capacidade laboratorial para detectar o vírus, colaboração na eliminação dos mosquitos, formulação de recomendações sobre o atendimento clínico e acompanhamento das pessoas infectadas pelo víruse definição de áreas prioritárias de pesquisa sobre a doença causada pelo zika vírus e suas possíveis complicações”, especifica Martín Moreno, que também é assessor da Organização Mundial da Saúde para a Europa.
Além disso, os especialistas independentes e os representantes dos Estados poderão fazer outras recomendações, como isolamento, quarentena, atuações em centros de atendimento básico e hospitais, e tratamentos. Outra opção é que haja recomendações sobre as viagens às zonas afetadas, como já realizaram os Estados Unidos e as autoridades sanitárias europeias, que aconselharam as grávidas-o grupo de maior risco– a não visitarem regiões onde foram detectados casos. Uma decisão delicada sobretudo para o Brasil (o país mais afetado pelo zika vírus), já que pode prejudicar o Carnaval e os Jogos Olímpicos do Rio, marcados para agosto.
A gestão do surto do zika vai ser um teste importante para a OMS, depois de seus fracassos nas crises da gripe A e do ebola. A OMS reconheceu que respondeu de modo lento e insuficiente ao ebola. Seu alerta mundial não foi bastante agressivo, sua capacidade de comunicação de riscos e de reação foi limitada e a entidade não foi eficaz na coordenação com outros órgãos. A Organização Mundial da Saúde também recebeu duras críticas por seu desempenho pouco transparente e exagerado –como descrito em um relatório do Conselho da Europa e outro da prestigiada revista científica British Medical Journal— durante a pandemia do H1N1.

A crise do zika é um pouco diferente. Para esse vírus que, segundo a OMS pode afetar três ou quatro milhões de pessoas, não existe tratamento nem compensação. E tampouco há perspectiva no curto prazo de se obter uma vacina. Por ora, há dois projetos de pesquisa trabalhando nisso, mas os ensaios clínicos não devem ocorrer antes de meados do ano, no mínimo, segundo os encarregados do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês). O único meio de lutar contra a infecção é a prevenção: evitar que o mosquito pique e acabar com ele.

Crise de saúde pública

2002. Pneumonia asiática. Foi a primeira grande crise de saúde do século XXI. A OMS foi acusada de minimizar o problema para não irritar a China.
2005. Gripe aviária. A doença ainda não foi controlada, mas não é tão perigosa em humanos, como se temia.
2009. Gripe A. A OMS declarou a pandemia por seguir um protocolo que não avaliava a gravidade da infecção, mas sua extensão. Teve de fazer uma retificação.
2014. Ebola. A entidade levou quatro meses para declarar o surto e outros quatro para decretar a emergência.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!