*Flávia Ferreira
O vínculo da Baixada com os trilhos do progresso é tão simbólico que a região tem seu dia oficial — 30 de abril — marcado pela memória da primeira ferrovia brasileira – A história da Baixada Fluminense está entrelaçada aos caminhos de ferro que impulsionaram o desenvolvimento do Brasil imperial. Foi no dia 30 de abril de 1854 que o país inaugurou sua primeira linha férrea, a Estrada de Ferro Rio–Petrópolis, conectando o Porto de Mauá, no centro do Rio de Janeiro, à região de Piabetá, no atual município de Magé. Essa data se transformou, décadas depois, em um marco de identidade: o Dia da Baixada Fluminense.
Mas a herança ferroviária da região vai além da simbologia da data. Antes de se tornar o conjunto de cidades que conhecemos hoje, parte do território era conhecido como Maxambomba, nome que tem origem na expressão inglesa machine pump, usada para descrever pequenas locomotivas a vapor. A palavra foi abrasileirada e passou a nomear rios, serras e engenhos da antiga província fluminense.
No período do Império, sob o governo de Dom Pedro II, os trilhos eram sinônimo de modernização. A região acompanhou esse movimento: o engenho virou vila, a vila virou cidade, e essas cidades se multiplicaram, formando a Baixada como a conhecemos hoje.
Atualmente, a Baixada Fluminense é composta por 13 municípios: Guapimirim, Magé, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, Queimados, Japeri, Paracambi, Seropédica e Itaguaí. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 4 milhões de habitantes.
Mais do que números, a região se destaca pela potência cultural, criatividade popular e forte senso de identidade coletiva. A Baixada é território de resistência, mas também de reinvenção, um espaço que abriga artistas, trabalhadores e histórias que contribuem diariamente para a construção de um Rio de Janeiro mais plural.
Entre as iniciativas que fortalecem a identidade cultural da Baixada Fluminense, destaca-se o Cultura na Faixa, projeto do Se Essa Rua Fosse Minha (SER), em convênio com a Transpetro. Desenvolvido para comunidades situadas nas faixas de dutos da Transpetro, ele tem como objetivo promover ações socioculturais e educacionais que valorizem a cultura local e fomentem o desenvolvimento social.
Iniciado na comunidade do Weda, em Itaguaí, o Cultura na Faixa oferece atividades como oficinas de circo social, trança afro, escolinha de futebol e projetos musicais que resgatam tradições como a folia de reis. Essas ações visam fortalecer os vínculos comunitários, promover a inclusão social e valorizar a ancestralidade dos moradores.
Com planos de expansão para outras cidades da Baixada, como Nova Iguaçu e Duque de Caxias, o projeto busca ampliar seu impacto positivo, transformando realidades e construindo um futuro mais promissor para as comunidades atendidas.
- Flávia Ferreira – F4 Comunicação e Marketing