Democracia e desenvolvimento são escolhas que todos devemos fazer

*Chichi Maponya

A África do Sul comemora esta semana 21 anos desde a primeira vez em que a população votou em eleições democráticas livres e justas. É um momento da nossa história pelo qual muitos lutaram e não pouparam sacrifícios, inclusive suas vidas. Tanto o país quanto a sociedade sul-africana eram completamente diferentes há 21 anos. Há pouco tempo muitos de nós não eram capazes de lembrar o sentimento de, entre outras coisas, termos o nosso movimento, acesso a oportunidades e liberdade de associação limitadas por conta da cor de nossa pele. Como podemos nos esquecer da doutrina dominante pela qual a maioria de nós era inferior mental, social e economicamente em virtude da nossa cor? Uma das brutalidades mais reais em nosso país era o crescimento e desenvolvimento pessoal pré-determinado pela cor, apoiado pela polícia e pela legislação. Nós não podemos, portanto, nos esquecer de que para milhões de pessoas no país havia pouco pelo que ser patriota. Nós lutamos pela liberdade para que pudéssemos, entre outras coisas, trilhar nosso próprio caminho e assegurar que as futuras gerações não serão reféns de sua cor. O presidente Zuma escreveu em sua carta para o aniversário de 20 anos da democracia: “A democracia nos trouxe liberdade de movimento e associação, direito a propriedade, liberdade de expressão e imprensa, igualdade para as mulheres, liberdade de religião, trabalho e o direito a greves e protestos… Muito foi feito contra a violência sistemática e desapropriação de terras característico à era do apartheid. Ainda mais foi feito para empoderar ativamente a população previamente em desvantagem por meio da igualdade trabalhista, ações afirmativas e empoderamento de negócios.” De fato, muitos de nós pudemos atestar e proclamar que a África do Sul é vastamente diferente hoje. O sucesso mencionado pelo presidente traduz-se também na forma em que nos relacionamos uns com os outros como cidadãos unidos por uma história em comum, uma bandeira em comum e o hino nacional. A recém-concluída Auditoria de Percepção Nacional, conduzida pela Brand South Africa, mostra que o nosso índice de orgulho nacional alcança os 80%, nosso ativismo cidadão 68% e nossa coesão social 73%. Isso não significa que a África do Sul superou todos os seus desafios. Estes índices, juntamente a realidade do nosso dia a dia, demonstram que temos feito e continuamos fazendo ações para a reconstrução da infraestrutura econômica e social do nosso país. Então para onde vamos daqui, enquanto nação? Qual deve ser o foco da terceira década da nossa democracia? Nossa prioridade enquanto participantes da construção da nação deve ser a implementação do Plano Nacional de Desenvolvimento, que tem como objetivo reduzir a desigualdade e comandar o crescimento e desenvolvimento da economia até 2030. Com apenas 15 anos para alcançar estes objetivos, não temos tempo a perder. O espírito sul africano já comprovou sua resiliência e tenacidade e os últimos 20 anos comprovam o que podemos atingir se trabalharmos juntos. O crescimento e desenvolvimento econômico irão impactar positivamente no progresso da nossa sociedade por meio da criação de postos de trabalho. Com isso, os sul-africanos serão capazes de alcançar aquilo pelo qual tanto lutaram: liberdade de escolha. Há 60 anos, um dos documentos da fundação da atual África do Sul foi assinado por um grupo de progressistas: o Freedom Charter. Este documento começa com as seguintes palavras: “A África do Sul pertence a todos que vivem nela, brancos e negros… Nós nos dispomos a lutar em união e não poupar força e nem coragem até que as mudanças democráticas aqui determinadas sejam alcançadas”. A África do Sul viu muitas mudanças democráticas nos últimos 20 anos. Para a geração nascida nos anos 1990, segregação racial e apartheid são conceitos lidos em livros e assistidos em filmes. Suas vidas foram muito diferentes. Todos nós, no entanto, temos um papel a desempenhar na sustentação do nosso sucesso e assegurando que o projeto de construção nacional entregue agora a promessa de liberdade econômica. A implementação do Plano de Desenvolvimento Nacional é o alicerce desta conquista e eu clamo a todos os sul-africanos que desempenhem seu papel neste projeto. A igualdade social e o desenvolvimento que este projeto alcançará garantirá a longevidade da nossa democracia pelas gerações que virão.

*Chichi Maponya é presidente da Brand S/A.

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