Moro divulga conversa grampeada entre Dilma e Lula

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A Operação Lava Jato monitorou conversas telefônicas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sugerem tentativa de influência no MPF (Ministério Público Federal) e no Judiciário
A Operação Lava Jato monitorou conversas telefônicas entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sugerem tentativa de influência no MPF (Ministério Público Federal) e no Judiciário

O juiz Sérgio Moro retirou ontem o sigilo de interceptações telefônicas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As conversas gravadas pela Polícia Federal incluem diálogo de ontem com a presidente Dilma Rousseff, que o nomeou como ministro chefe da Casa Civil.
No despacho em que libera as gravações, Moro afirma que, “pelo teor dos diálogos degravados, constata-se que o ex-Presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos”.
Moro afirma, ainda, que alguns diálogos sugerem que Lula já sabia das buscas feitas pela 24ª fase da Operação Lava Jato no início do mês.
A presidente foi flagrada em um grampo telefônico da PF (Polícia Federal) em uma ligação telefônica às 13h32 de ontem para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na ligação, Dilma diz que vai enviar o “termo de posse” da Casa Civil para o ex-presidente a fim de “tê-lo na manga” para, supostamente, evitar uma eventual prisão de Lula na Lava Jato
Conversa com Dilma
– Dilma: Alô
– Lula: Alô
– Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.
– Lula: Fala, querida. Ahn
– Dilma: Seguinte, eu tô mandando o ‘Bessias’ junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!
– Lula: Uhum. Tá bom, tá bom.
– Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.
– Lula: Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando.
– Dilma: Tá?!
– Lula: Tá bom.
– Dilma: Tchau.
– Lula: Tchau, querida.

Dilma nomeia Lula como ministro da Casa Civil

Em decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União de ontem, a presidenta Dilma Rousseff nomeia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil.
Foram publicadas também as demais nomeações anunciadas pela presidenta nesta tarde. Jaques Wagner, que ocupava a Casa Civil é nomeado para exercer o cargo de ministro de Estado Chefe do Gabinete Pessoal da Presidenta da República.
Álvaro Henrique Baggio passa a exercer o cargo de Secretário Executivo do Gabinete Pessoal da Presidenta da República.Eugênio José Guilherme de Aragão assume o Ministério da Justiça e Wellington César Lima e Silva é exonerado. Mauro Ribeiro Lopes passa a exercer o cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República.
Foram publicadas também quatro nomeações assinadas pelo então ministro da Casa Civil Jaques Wagner. Regis Anderson Dudena foi nomeado para o cargo de subchefe adjunto da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República e Róridan Penido Duarte, para o cargo de Assessor Especial da Secretaria Executiva da Casa Civil da Presidência da República.
Jefferson Ferreira Lima passa a exercer o cargo de Secretário Nacional de Juventude da Secretaria de Governo da Presidência da República no lugar de Gabriel Medina de Toledo.Luiz Roberto Curi assume a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no lugar de José Francisco Soares, que pediu demissão no início deste mês.
Líderes do governo
A nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser a chefia da Casa Civil da Presidência da República representa uma guinada para que o país saia da crise política e econômica, afirmaram ontem líderes do governo na Câmara dos Deputados. Para os oposicionistas, a indicação de Lula para o cargo é uma manobra para que o ex-presidente consiga foro privilegiado e mostra perda de poder de Dilma, que teria desistido de governar. De acordo com o site do Partido dos Trabalhadores, a posse de Lula será na próxima terça-feira (22).
A indicação de Lula foi anunciada pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Afonso Florence (BA), antes mesmo da confirmação do Palácio Planalto. Segundo o líder do PT, a nomeação de Lula, reconhecido por sua habilidade de articulação, vai dar força ao governo. Florence disse que Lula aceitou o cargo unicamente para ajudar na saída da crise.
“O presidente Lula vai para a Casa Civil para ajudar na saída da crise. Ele veio na hora certa que o Brasil precisa”, afirmou Florence. “É o presidente mais bem-sucedido da história do país, com a melhor aprovação, de 87%, e que decide ser ministro-chefe da Casa Civil com o objetivo político e de gestão de contribuir com o Brasil para a saída da crise política e econômica.”
Para o vice-líder do governo, Silvio Costa (PTdoB-PE), Lula vai cumprir um papel importante de articulador com a base do governo no Congresso Nacional, inclusive desarmando a continuidade do processo de impeachment de Dilma. Costa disse que as críticas feitas pela oposição são irresponsáveis, por não considerarem a situação econômica do país.
Foro privilegiado
Para a oposição, a nomeação de Lula para a Casa Civil, no entanto, visa unicamente conceder foro privilegiado a Lula, em razão das investigações da Operação Lava Jato. Logo que foi confirmada a indicação do ex-presidente para o cargo, líderes oposicionistas conversaram com os jornalistas no Salão Verde da Câmara. Eles consideram o fato apenas uma tentativa de postergar a investigação de denúncias contra Lula na 13ª Vara Federal, em Curitiba, uma vez que, com a posse do ex-presidente como ministro, o caso passaria a ser de competência do Supremo Tribunal Federal.
Na terça-feira (15), partidos de oposição ingressaram com ação popular na Justiça Federal do Distrito Federal, pedindo que, caso Lula tomasse posse como ministro, fosse anulado o decreto de nomeação. Eles também prometeram protocolar o pedido em varas da Justiça Federal dos 26 estados da federação.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), a nomeação foi uma manobra e representa um claro desvio de finalidade, sendo passível de anulação.
“A nomeação do ex-presidente Lula é um desvio de finalidade. Evidentemente, é para tentar bloquear, obstruir a Justiça, que estava investigando e tentando trabalhar para que Lula respondesse o que nunca respondeu com relação aos apartamentos, à questão do sitio e dos milhões que recebeu para o Instituto Lula”, afirmou. Rubens Bueno disse também que a nomeação de Lula enfraquece a presidenta e vai abreviar o processo de impeachment que ela enfrenta.

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