
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Uma tragédia de grandes proporções destruiu dezenas de casas no bairro Prados Verdes, em Nova Iguaçu, após o rompimento de uma tubulação da Cedae, a cerca de um quilômetro da Estação de Tratamento de Água do Guandu. O acidente aconteceu por volta das 23h de terça-feira (22) e deixou várias famílias em estado de pânico, sem terem o que fazer em meio a tanta água e destruição.
A força da água foi tão grande que destruiu casas localizadas a mais de 200 metros de distância do ponto do rompimento da tubulação, atingiu o segundo andar de algumas, e deixou outras até mesmo sem o telhado. Além disso, muros, portas e portões, postes, veículos, móveis e eletrodomésticos não escaparam da fúria da água, que arrasou tudo o que estava pela frente. Desde o ocorrido, todos estão sem luz, sem água potável, sem alimentação e, principalmente, sem esperanças de que o problema será definitivamente resolvido.

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
José Luiz da Silva, de 52 anos, relatou os momentos de pânico e disse que a água invadiu sua casa pelo andar de baixo, como uma enxurrada, e também por cima, como um forte jato. “Parecia um tsunami. Não sabíamos o que fazer enquanto a água invadia nossas casas. Só deu para respirar quando ela parou de cair, no momento em que o registro foi fechado meia hora depois do rompimento da tubulação”, disse.
José Luiz da Silva, de 52 anos, relatou os momentos de pânico e disse que a água invadiu sua casa pelo andar de baixo, como uma enxurrada, e também por cima, como um forte jato. “Parecia um tsunami. Não sabíamos o que fazer enquanto a água invadia nossas casas. Só deu para respirar quando ela parou de cair, no momento em que o registro foi fechado meia hora depois do rompimento da tubulação”, disse.
Problema reincidente

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Segundo relatos de moradores da Rua das Tulipas, a tragédia já vinha sendo anunciada há tempos, com o vazamento na tubulação que corta o bairro para abastecer a Zona Oeste do Rio de Janeiro. Eles alegam que a Cedae foi avisada do problema, mas não tomou providências.
Essa e a quarta vez que acontece esse mesmo problema. A última foi há pouco mais de um ano, quando a proporção do desastre foi um pouco menor, mas mesmo assim causou muito prejuízo. De acordo com moradores que sofreram com o desastre anterior, os custos com a recuperação das casas e carros acabou sendo arcado por eles. Na ocasião, a Cedae ressarciu apenas móveis e eletrodomésticos, mas não os prejuízos em veículos e residências.
A dona de casa Gleicy Kelly, 27, mãe de quatro filhos, foi uma das mais prejudicadas. “Eu moro aqui na Alameda São José desde que nasci e esta é a terceira vez que eu passo por isso, sem contar as outras vezes mais antigas. Não é possível que a Cedae não saiba dar uma solução definitiva para este problema. Espero que eles tomem providencias desta vez. Passei a madrugada toda na rua com meus quatro filhos e não dá para voltar para casa nestas condições”, desabafou.
Moradores reclamam de atendimento da companhia

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
A Cedae enviou equipes para o local ainda durante a madrugada e, através de máquinas escavadeiras, começou a fazer o reparo no encanamento. Pela manhã, funcionários da companhia atendiam os moradores e visitavam as casas para registrar todo dano causado.
Mesmo assim, eles cobraram mais eficiência no atendimento. “São mais de 20 casas destruídas e a Cedae manda somente duas assistentes sociais para atender a toda essa gente. É um absurdo”, disse Gleice Kelly.
De acordo com moradores, um funcionário que se identificou apenas como Fábio e que seria gerente administrativo da Cedae, garantiu que as pessoas que tivessem suas casas impossibilitadas de serem habitadas serão levadas para pousadas.
O militar Carlos Henrique, 35 anos, perdeu todos os eletrodomésticos e móveis de sua casa. Ele esperava que o problema fosse resolvido no mesmo dia. “Não é a primeira vez que acontece isso aqui, mas dessa vez foi mais grave. A água derrubou paredes do segundo andar da minha casa e acabou com tudo na residência da minha mãe (Vilma Neves, de 64 anos). Ela foi socorrida por vizinhos que tiveram que entrar em sua casa pelo telhado, pois não havia condições de passar pela porta”, afirmou.
Procon Estadual autua Cedae
O Procon Estadual informou que já autuou a Cedae pelo estouro da tubulação de água. De acordo com eles, a situação configura problema na continuidade, adequação e eficiência do serviço público, contrariando o previsto pelo Parágrafo 1º, Artigo 6º, da Lei Federal 8.987/1995. Segundo a autarquia, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) também estabelece que as empresas devam fornecer serviços adequados e eficientes, o que não aconteceu no episódio do estouro da tubulação em Nova Iguaçu.
A Cedae tem 15 dias úteis, contados a partir do recebimento da notificação, para apresentar a sua defesa. Caso o prazo não seja cumprido ou os argumentos não sejam aceitos pelo Setor Jurídico do Procon Estadual, a empresa será multada.
Prefeito cobra ajuda a moradores
O prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, declarou que se reuniria ainda ontem com o presidente da Cedae, Jorge Briard, para tratarem da situação das famílias que foram atingidas pelo rompimento de uma adutora da companhia. Bornier destacou que o secretário municipal de Defesa Civil, Luiz Antunes, esteve ao local com técnicos para fazer um relatório dos prejuízos.
Em nota, Bornier disse que vai exigir que a Cedae indenize às vítimas do rompimento da tubulação, além de pagar aluguel social para que as famílias que tiveram casas destruídas na região. “Vou exigir providências imediatas da Cedae para que as promessas não caiam no esquecimento, pois a população não pode ser prejudicada”, frisou Bornier.
O Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon) da Defensoria Pública do Rio também informou que já entrou em contato com a Cedae para negociar acordo de indenização às famílias atingidas pelo rompimento de adutora. Além disso, o subcoordenador do núcleo, Eduardo Chow, compareceu ao local do acidente para conversar com os moradores e verificar a extensão dos danos materiais.