
Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
Aos gritos e com o auxílio de um carro de som, professores e funcionários da rede municipal de Educação de Belford Roxo realizaram uma Assembleia extraordinária, na Praça Getúlio Vargas, no Centro do município, de onde caminharam até a frente da Prefeitura, no final da manhã de ontem. O ato reuniu mais de cem funcionários, dentre professores concursados e profissionais de apoio temporários, para exigir o cumprimento de diversas reivindicações.
As frases de ordem variaram entre “cadê nosso retroativo”, “educação na rua, prefeito a culpa e sua”, “salsicha não”, “cadê nosso aumento” e “reajuste zero não aceitaremos”. Algumas frases são mais que explicativas, enquanto outras, só entende o motivo quem está dentro da escola para ver a dificuldade. É o que garante uma professora da rede pública do município que pediu para não ter sua identidade revelada. Ela diz que por várias vezes os funcionários fizeram uma ‘vaquinha’ para garantir alguma merenda para as crianças, pois a quantidade de alimentos que é entregue nas escolas não dura mais que dois dias.
Assaltos e fubá para as crianças
Segundo o SEPE, Belford Roxo possui 75 unidades educacionais, entre escolas e creches. Do total, mais de 50% deveriam estar fechadas por encontrarem-se sem condições sanitárias mínimas para serem utilizadas, ainda mais por crianças a partir de 6 meses. É o caso da creche Geraldo Dias Fontes, localizada no bairro Heliópolis, que sofre com o descaso total. Funcionários relatam a infestação de pombos, ratos e mosquitos transmissores da dengue e que a unidade foi assaltada seis vezes desde outubro do ano passado, por falta de vigias.
“Lá na creche, temos crianças a partir de seis meses que comem arroz, feijão e salsicha, isso quando tem. Quando acaba a merenda, precisamos inteirar do nosso bolso para comprar pelo menos um fubá para eles não ficarem sem anda para comer. É um absurdo! Quando chove, a água escorre pelas paredes e molha tudo. Os colchões estão fedendo a urina de ratos. As condições realmente são muito desumanas. Imagine você tomando banho e o esgoto volta no seu pé. Então, é o que acontece lá em Heliópolis”, desabafou uma servidora, que apesar de ser concursada, teme retaliações e prefere não ter a identidade revelada.
Manifestantes apresentam reivindicações

Foto: Ivan Teixeira/Jornal de Hoje
A diretora do Sindicato dos Profissionais de Educação (SEPE), regional Belford Roxo, Nelcy Regina citou algumas das reivindicações: reajuste salarial de 2015 e retroativo do mesmo ano; plano de carreira; melhora das condições de trabalho (material de limpeza, higiene e material de escritório); melhora na qualidade das merendas, pagamento dos salários em dia, manutenção das escolas que estão sucateadas, entre outros. Outra exigência é o aumento do auxílio transportes, que segundo a classe, é no valor de R$ 72,80, há 16 anos, ou seja, não é o suficiente para cobrir nem a metade do mês.
E as reclamações não param por aí. Segundo os funcionários, os mais prejudicados pelo descaso do governo são os alunos com poucas horas de aula. Além de não terem boas condições para estudar, precisam dividir seus professores com as tarefas de limpeza e manutenção em diversas unidades, suprindo a falta de funcionários de diversos setores.
Secretário culpa crise, afirmam educadores
O concurso público para a educação de Belford Roxo prometido para este ano ainda não está no papel, mas é mais que esperado pela classe. Enquanto a situação não normaliza, os magistrados recebem até duas semanas antes dos servidores de apoio, os contratados sofrem com salários atrasados há dois meses e outros esperam até mais tempo.
Segundo os profissionais da Educação, o Secretario da pasta, Wagner Turquês, costuma atendê-los para tentar resolver o problema. Porém, depois de dois meses do início do ano letivo, a única resposta que recebem quando questionam é que a culpa é da crise.
A Prefeitura de Belford Roxo foi procurada, mas até o fechamento desta edição ainda não havia se pronunciado.
Por: Erick Bello