Pacientes fazem manifesto devido ao fechamento do Instituto Oncológico

Protesto reuniu pacientes em tratamento contra o câncer e também parentes Foto: Raphael Nunes/Jornal de Hoje

Protesto reuniu pacientes em tratamento contra o câncer e também parentes
Foto: Raphael Nunes/Jornal de Hoje

O Instituto Oncológico de Nova Iguaçu (IO) suspendeu no último domingo (3) as sessões de quimioterapia. O motivo? A falta de repasse de verbas feito pela Secretaria de Estado de Saúde. Há alguns dias, a distribuição de medicamentos também foi interrompida, e, desde janeiro, 35 funcionários e cinco médicos não recebem seus salários.
Com a paralisação, cerca de 1.200 pacientes são afetados. Na manhã de hoje, um grupo de pacientes e familiares protestou na porta do IO pela segunda vez na tentativa de chamar a atenção dos governantes.

Isac Salim começou a tratar um câncer de mama no instituto em 2010 Foto: Raphael Nunes/Jornal de Hoje

Isac Salim começou a tratar um câncer de mama no instituto em 2010
Foto: Raphael Nunes/Jornal de Hoje

Isac Salim Rodrigues, de 36 anos, é paciente do Instituto Oncológico de Nova Iguaçu desde 2010, e disse que o fechamento do IO irá afetar o tratamento já realizado até o momento. Isac faz quimioterapia em conjunto com a radioterapia e se parar um dos processos, o outro também será interrompido. “Cheguei aqui no Instituto com câncer de mama, que passou para os pulmões e atingiu os ossos. Hoje estou nessa cadeira de rodas, INCA não me recebe e o tratamento realizado aqui no Instituto até hoje será comprometido. Já estamos há alguns dias sem realizar sessões e receber medicamentos”, contou o paciente. Ele teme que o pior possa acontecer. “A situação está muito difícil pra gente! Preciso continuar com o tratamento, sem isso eu vou morrer! Ele é o que necessito para, quem sabe um dia, sair dessa cadeira de rodas”, declarou Isac.
Marcele Celestino de 28 anos é filha de uma paciente do Instituto Oncológico, e para ela a situação é desesperadora. “Com a interrupção das atividades do Instituto não sabemos como ficará a situação desses pacientes e nem se serão remanejados”, comentou Marcele.

Funcionários não recebem desde janeiro

Segundo a gerente administrativa do instituto, Renata Barros, o IO não recebe o repasse do Estado há quatro meses. “Em janeiro deste ano a Secretaria Estadual de Saúde parou de fazer o repasse para o Instituto. Desde então avisamos a eles (Secretaria Estadual) que por causa disso poderíamos fechar as portas”, contou Renata Barros. Ainda segundo a gerente administrativa do IO, o repasse no ano anterior vinha atrasado e funcionários estariam sem salários desde janeiro. “A verba atrasava um, dois meses no ano passado. Funcionários, médicos e enfermeiros não recebem seus salários desde janeiro, não podemos nem repassar os remédios para os pacientes”, completou Renata Barros.
O local oferece os melhores tratamentos contra o câncer na região, mas ainda segundo a gerente administrativa, seria impossível continuarem com o funcionamento. “A energia elétrica está atrasada e a medicação usada na quimioterapia e os remédios distribuídos aos pacientes não podem ser comprados e distribuídos. Nós oferecemos um dos melhores tratamentos contra o câncer na região, mas é impossível manter a ala pública do hospital aberta diante deste descaso. Eu não trato gripe, trato câncer. E ainda que fosse gripe é inadmissível essa situação”, declarou Renata.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que “está trabalhando para a normalização do atendimento aos pacientes, e consequentemente a manutenção do tratamento dos mesmos na unidade, sem que sofram a descontinuidade do seu acompanhamento clínico. Quanto aos pagamentos, a Secretaria de Estado de Saúde informa que está atuando para equacionar os repasses financeiros para a unidade.”

 

Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)

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