“Se Cunha é malvado, é meu malvado favorito”, diz Marco Feliciano

Feliciano (direita) elogia o “malvado” Eduardo Cunha, que “colocou o impeachment para andar”. Foto: Reprodução do Youtube

Feliciano (direita) elogia o “malvado” Eduardo Cunha, que “colocou o impeachment para andar”.
Foto: Reprodução do Youtube

“Você vai falar com o pastor agora.” Quando o assessor passa o telefone ao deputado Marco Feliciano (PSC-SP), avisa que, além do político, está ali a liderança religiosa. E ela é parte importante das opiniões de Feliciano, membro da comissão de impeachment para quem Deus e as igrejas tiveram um papel na crítica ao governo. “As igrejas começaram a se mover. Elas eram apolíticas, né? Até que começaram a perceber que a política podia (se) movimentar atrapalhando a fé delas.”
Figura polêmica por suas posições contrárias ao casamento homossexual e ao aborto, o deputado votou na segunda-feira pela aprovação do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à abertura do processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff.
Ele afirma, sempre que pode, que “seu sonho primário” é ver o PT perder o governo e chama o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de “meu malvado favorito”, elogiando-o por ter aceitado o pedido de impeachment.
“O Cunha, todo mundo chama de malvado, né? Se ele é malvado, para mim é meu malvado favorito. Porque ele colocou o impeachment para andar.”
O deputado também defendeu as várias menções religiosas durante a última reunião da comissão, que começou com seu presidente, o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), entoando a oração de São Francisco de Assis. Para Feliciano, isso não feriria o princípio do Estado laico. “Graças a Deus pelo Estado ser laico. O Parlamento não começa a sessão sem o presidente ficar de pé e dizer: ‘sob a proteção de Deus e em nome do povo brasileiro’.”
Feliciano avalia a aprovação do parecer de Jovair Arantes como uma surpresa agradável: “Foi uma surpresa. Nós temos um grupo que trabalha de manhã, de noite, de madrugada, em prol do impeachment. E acreditávamos que teríamos entre 33 e 35 votos. Tivemos 38. Isso nos deixou com muita esperança de que o impeachment vai ser aprovado no dia 17”, diz. “A princípio tivemos um pouco de receio porque alguns partidos tinham declarado que iriam liberar o pessoal dentro da comissão (para votar como quisessem) e na hora desistiram, votaram contra o impeachment. Subiu aquele friozinho na boca do estômago, né? Mas de repente ficou melhor do que o esperado, exatamente por essa atitude do partido de ter traído os próprios deputados. Isso criou uma revolta e os deputados votaram pelo Brasil”, acrescenta.
O deputado evangélico leva fé na aprovação do impeachment na Câmara: “O trabalho é árduo, porque o governo está jogando pesado. Tem muito deputado que deixou de decidir, porque sabe que pode ter algum benefício com o governo. Nosso sentimento é que o deputado que tiver juízo não vai querer dar um tiro no pé, a exemplo do impeachment do Collor. Dos deputados que votaram contra (o afastamento do presidente em 1992), só temos dois no Congresso. O restante não se elegeu nem para síndico de prédio, com exceção de um, o (senador Ronaldo) Caiado (DEM-GO), que está no Senado. Todos que votaram contra o impeachment foram punidos pela população. Neste momento, o Parlamento tem que ouvir o grito do povo”, conclui.

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