Seminário debate violência em Mesquita

Autoridades de diversos setores apontaram alternativas para conter o aumento da criminalidade Foto: Carla Josephyne/PMM

Autoridades de diversos setores apontaram alternativas para conter o aumento da criminalidade
Foto: Carla Josephyne/PMM

Em Mesquita, a manhã de ontem foi de discussão de estratégias para redução de índices crescentes de violência na Baixada Fluminense. O aumento da criminalidade da região foi impulsionado após a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), principalmente, em comunidades da região metropolitana do Rio de Janeiro como o Morro do Chapadão,na Zona Norte.
O evento contou com a participação de autoridades de Segurança Pública e Direitos Humanos,além representantes dos poderes legislativo, executivo e judiciário do município. O Secretário de Segurança Pública de Mesquita, Yves Murilo, enumerou melhorias implantadas na guarda municipal e afirmou que as escolas são os locais onde ocorrem o maior número de delitos na cidade. “Quando assumi em janeiro de 2013 o prefeito me disse que a missão não seria fácil. Os maiores delitos no nosso município acontecem nas nossas escolas, são alunos marcando brigas pelas redes sociais, mães querendo agredir professores e alunos entrando armados nos colégios. Recebemos a pasta com 40 agentes, hoje somos 85”, disse o secretário.
O desembargador do município Roberto Pontes é morador da Baixada Fluminense desde que nasceu e disse que hoje ora pelos PMs que estão em serviço no Morro do Chapadão, uma área que há 30 anos era utilizada pelo Exército para treinamento. “Há 20, 30 anos atrás o Morro do Chapadão era florestado e usado como treinamento para os PQDs. Hoje é um problema social que me faz orar pelos PMs que estão em serviço naquele local. Lá o mau foi instaurado, agora temos que começar um trabalho pensando nos nossos netos, já que para os nossos filhos não tem mais jeito”, declarou Roberto Pontes.
Delegados da 53ª DP (Mesquita), Matheus de Almeida e da 59ª DP (Duque de Caxias), Juliana Amorim, convocaram a população a não sair da Baixada e sim lutar contra a violência crescente. “Os índices oficiais de criminalidade baixaram no Rio, mas a sensação de insegurança só aumenta, comprovando que a questão é mais social, já que a população mais pobre tem cada vez mais filhos, que acabam na criminalidade por falta de oportunidade”, disse Matheus. Ele também ressaltou a experiência obtida no seminário. “Hoje foi um dia de troca. O que ouvi aqui levarei para realizar um trabalho de excelência. O problema da segurança pública não deve ser só resolvido com a força policial, mas sim com educação familiar e escolar. Os problemas precisam ser resolvidos na origem”, declarou o delegado.
O comandante do 20º BPM de Mesquita, tenente coronel Marcos Vinícius Amaral, defendeu os policiais, lembrando que muitos estão dando a própria vida em prol da sociedade e o reforço da estrutura de segurança pública, com mais viaturas, armamentos e pessoal qualificado. “Precisamos de um conjunto de fatores para ter segurança. Hoje, meus homens estão dando a própria vida para realizar esse trabalho”, afirmou Amaral.
Durante o encontro, que faz parte do conjunto de ações do projeto Mesquita Sem Preconceito, o Prefeito Gelsinho Guerreiro defendeu a aplicação de uma legislação mais rígida para crimes com morte e para traficantes de drogas. Ele ressaltou ainda a inversão de valores que ocorre atualmente, onde bandidos são considerados heróis em suas comunidades, enquanto policiais se sentem impotentes para agir diante da “guerra” instalada e do assédio de entidades representativas dos direitos humanos. “Direitos humanos são para todos, inclusive para os policiais mortos em confronto com bandidos, que nada mais são do que trabalhadores exercendo sua função e que também deixam família chorando suas mortes”, declarou. “É inadmissível julgar um PM que sobe o morro com um fuzil apontado. Quando isso acontece, nós estamos junto com eles. A diferença é que quem aperta o gatilho é ele”, complementou o prefeito.
Já a deputada estadual Daniele Guerreiro, que é vice-presidente da Comissão dos Direitos das Crianças, Adolescentes e Idosos, na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), elogiou a iniciativa da realização do seminário e lembrou que segurança, direitos humanos e cidadania são questões entrelaçadas. Ela convocou a população e as autoridades presentes a unir forças e lutar contra a violência.
Também participaram do encontro o coordenador da Diversidade Sexual, Neno Ferreira; o representante da secretaria municipal de Governo, Thiago Álvaro; vereadores e representantes da comunidade LGBT, como a psicóloga Maiara Fafine, e dos Direitos Humanos, o advogado João de Barros.
Por: Gabriele Souza (gabriele.souza@jornalhoje.inf.br)

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