
Foto: Erick Bello/Jornal de Hoje
A lotação nos diversos postos de saúde do Estado do Rio de Janeiro, inclusive na Baixada Fluminense, continua assustando a população. A procura pelas unidades em busca de atendimento com sintomas da Dengue, Zika Vírus e Chikungunya, todas as doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, permanece crescendo pelo quinto mês consecutivo. Os números divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) assustam ainda mais se comparados com o mesmo período do ano passado.
De acordo com a superintendência de Vigilância Epidemiológica e Ambiental da Secretaria de Estado de Saúde, no período de 1º de janeiro a 29 de abril de 2016 foram notificados 53.590 casos suspeitos de dengue no estado do Rio de Janeiro, com quatro óbitos confirmados. No mesmo período de 2015, foram registrados 32.567 casos da doença, ou seja, houve um aumento de 64% de notificações. No decorrer de todo ano de 2015 foram registrados 71.791 casos suspeitos de dengue, com 23 óbitos.
A mais nova doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti é o Zika Vírus, que também tem contribuído bastante para lotar as unidades de saúde. Foram notificados 37.820 casos suspeitos de Zika Vírus no estado. Os registros da Chikungunya são menores, mas também está acima do esperado pelas autoridades de saúde. De janeiro até o dia 29 de abril deste ano foram notificados 2.098 casos. Destes, 908 foram confirmados, sendo que dois pacientes morreram. Os demais permanecem em investigação.
Apesar dos registros mostrarem aumento em comparação ao mesmo período do ano passado, a SES informou que o número de casos notificados de Zika vem reduzindo desde a primeira semana de março, evidenciando uma desaceleração da transmissão da doença no estado. A Secretaria disse ainda que estes dados são referentes às notificações inseridas no sistema pelos municípios, até o dia 29 de abril.
Aumento dos casos na Baixada Fluminense

Os municípios da Baixada Fluminense têm contribuído bastante para o aumento das estatísticas no Estado. Em Mesquita foram registrados 539 casos de Dengue, 481 de Zika Vírus e 153 casos suspeitos de Chikungunya, desde o início de 2016.
Em Japeri não podia ser diferente, a doença transmitida pelo Aedes aegypti que lidera o ranking de notificações é o zika vírus, com 241 casos de janeiro a abril. A febre chikungunya teve 28 casos suspeitos e 13 de dengue.
A Secretaria de Saúde de Queimados informou que de janeiro até a última quinta-feira (12), foram notificados 47 casos de Chicungunya, 82 de Zika Vírus e 98 de Dengue.
Em São João de Meriti foram notificados 1.157 de Zika Vírus, 141 casos de Dengue e três de Chikungunya, entre os meses de janeiro a abril deste ano.
O pedreiro Wagner da Silva, de 35 anos, morador de Belford Roxo, compareceu a UPA na última quarta-feira (11) para levar a cunhada Carla Alves, para receber atendimento. Ele disse que chegaram à unidade às 19h e foram liberados às 22h, após Carla receber atendimento e ser medicada com o diagnóstico de Chikungunya. Como se não bastasse uma pessoa doente na família, no dia seguinte, na quinta-feira, Wagner voltou a UPA para socorrer sua sogra Nilza Alves, com os mesmos sintomas.
“Nós já limpamos tudo lá em casa para evitar a proliferação do mosquito e estamos nos prevenindo de tudo quanto é jeito, mas não está dando resultado. Não sei de onde vem esse mosquito”, disse o pedreiro que também já socorreu a esposa com Zika, há três meses. Porém, felizmente, mesmo com os índices altos em sua casa, ele ainda não foi picado pelo mosquito.
A Prefeitura de Belford Roxo não informou a quantidade de casos notificados no município.
Duque de Caxias

Duque de Caxias apresenta números mais elevados que os demais municípios da Baixada Fluminense. Este ano foram registrados 3.783 casos de pessoas contaminadas com o vírus da Dengue, Zika e Chikungunya. Segundo a secretaria municipal de Saúde , mais de 20% desses casos são de pacientes residentes em outras cidades, mas que foram atendidos nas unidades de saúde de Caxias.
Em relação a dengue, houve um aumento de mais de 100%. Em 2015 foram 274 casos e, no mesmo período deste ano, os registros chegaram a 580. O Zika Vírus assusta ainda mais. 972 casos em 2015 e 2.331 este ano. Um aumento de mais de 200%.
Contudo, a Prefeitura de Duque de Caxias ressaltou que vem realizando constantemente ações de combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, além de campanhas de conscientização nos quatro distritos.
Nova Iguaçu
A Secretaria de Saúde de Nova Iguaçu informou que no município foram notificados 602 casos de Zika em gestantes, sendo oito confirmados como positivos, 70 negativos e 524 aguardam laudo. Em não gestantes foram 4.433 casos notificados, todos aguardando diagnóstico.
Em relação a dengue, foram 1.096 casos notificados, três positivos, 369 descartados e 724 aguardando confirmação. Já a febre Chikungunya foram 214 casos notificados, quatro positivos e o restante ainda esta sendo analisado. O município não informou a quantidade de notificações em 2015.
Nem Forças armadas deram jeito
Em fevereiro deste ano, por determinação do Ministério da Defesa, 71 mil militares atuaram no apoio aos agentes de saúde e na conscientização da população para combater à proliferação do Aedes aegypti em 32 municípios do Rio de Janeiro. O maior efetivo foi da Marinha, com 31 mil homens nas ruas, junto com 30 mil homens do Exército e 10 mil da Aeronáutica. Em todo o Brasil, foram pelo menos 220 mil militares no combate ao mosquito, mas mesmo assim não conseguiu dar uma solução para este ‘pequeno’ problema.
Casos em gestantes
Em todo estado do Rio de Janeiro, foram notificados 9.138 casos mulheres grávidas com exantema (manchas vermelhas na pele). Do total, 1.016 tiveram a confirmação de Zika vírus, mas ainda não há confirmação se os fetos apresentam microcefalia. Entre 1º de janeiro de 2015 e 7 de maio de 2016, 47 casos de microcefalia associados a infecções congênitas foram confirmados por critérios clínico-radiológicos no estado. Outros 295 casos de microcefalia notificados estão em investigação para definição das causas e 92 foram descartados, seguindo os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde.
A Secretaria Estadual de Saúde disse que é importante deixar claro que o resultado positivo para Zika vírus não configura a existência de microcefalia. Todas as gestantes são monitoradas até o final da gestação.
Por: Erick Bello
Email: Erick.bello@jornalhoje.inf.br