
Em ano de Olimpíadas no Rio de Janeiro, ocasião em que a cidade carioca estará lotada de turistas, a segurança pública deve ser uma das prioridades do Governo do Estado. Porém, a questão virou polêmica durante uma reunião na última quarta-feira (18), entre deputados e os aprovados no concurso da Polícia Civil de 2013, que ainda não foram convocados. O encontro aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde os parlamentares buscaram intermediar negociações com o governo estadual, a favor dos concursados.
Segundo informações de um dos aprovados no concurso de 2013 e também no curso de formação da academia de polícia, concluído em maio de 2015, ele é mais um dos 284 policiais, que aguardam a nomeação ainda não foi cumprida. “Nós não estamos pedindo nenhum favor. Apenas queremos ser nomeados conforme prevê o edital do concurso, que tem validade até junho de 2017. A justificativa para a não nomeação é a crise, a qual passa o estado. Entendemos, e foi exatamente por isso que aceitamos o parcelamento das 734 nomeações em cinco vezes. Entretanto, a penúltima acaba de passar do prazo prometido”, disse o ‘quase’ policial civil, que por questões de segurança preferiu não se identificar.
Na promessa feita em outubro de 2015, pelo governador Luiz Fernando Pezão, ficou combinado que a nomeação dos aprovados na Acadepol seria dividida em cinco vezes da seguinte forma: 150 em novembro de 2015 e as outras neste ano, sendo 150 em janeiro, 150 em março, 150 em maio e os últimos 134, no dia 13 de em junho. Porém, até agora o governo não se pronunciou sobre a convocação do mês atual e do próximo.
De acordo com o entrevistado do Jornal de Hoje, o curso na academia, que funcionou em regime integral, começou em outubro de 2014 e terminou em maio de 2015. “Para participar do curso de formação tivemos que abrir mão de nossos empregos, ficando a disposição para a nomeação, entretanto, já se passam um ano do término do curso e nada dessa convocação. E olha que não somos excedentes, fomos aprovados dentro do número de vagas”, afirmou o jovem que largou seu emprego público há mais de um ano.
Lenilton Rodrigues, membro da Comissão de Oficial de Cartório que negocia com a Alerj, é mais um dos aprovados, que aguarda convocação. Segundo ele, uma das consequências do atraso das nomeações, resulta no acúmulo de inquéritos policiais nas delegacias do Estado, além da ausência de policiais nas ruas. “Atualmente o estado conta com aproximadamente nove mil policiais civis, o que segundo estudos, é muito aquém da necessidade do Estado, que precisaria, pelo menos, de mais três mil homens para suprir a demanda da população”, disse.
Como agravante da ausência de efetivo dentro das DPs, atualmente na Baixada Fluminense, os gentes de polícia e oficiais de cartório ainda precisam se desdobrar para suprir a ausência das atendentes, que estão em greve há três meses, devido ao atraso nos pagamentos dos salários e auxílios.
Concursados apelam às redes sociais

Em sua rede social oficial, o deputado estadual Edson Albertassi, falou sobre o fato. “Vou interceder com o governador sobre a importância de cumprir o acordo feito com a Alerj de convocar os oficiais de cartório já aprovados para a Polícia Civil. Estive em reunião (sic), na noite desta quarta-feira (18), com vários deputados e representantes dos oficiais de cartório para debater o assunto e buscar alternativas, para que o acordo seja cumprido da melhor forma possível”.
Segundo os membros da Coligação dos Policiais Civis, a crise financeira do Estado fez com que o governo sugerisse o “parcelamento” das convocações. “A promessa foi cumprida até abril, mas neste mês de maio as convocações não foram concretizadas”.
O Jornal de Hoje entrou em contato com a Secretaria Estadual de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, porém a mesma solicitou que fosse pedida resposta à Polícia Civil. Até o fechamento desta edição, as assessorias da Polícia Civil e do deputado Edson Albertassi não se manifestaram.
Polêmica
No último dia 19 de abril, o governador em exercício, Francisco Dornelles, fez discurso contraditório. Ele usou a mesma fala de Pezão, dizendo que não há dinheiro para pagar os aposentados e pensionistas, entretanto nomeou 153 cargos comissionados, com salários entre R$ 3,200 e R$ 25 mil. Isso, em apenas 14 dias de exercício na função.
Por: Erick Bello