Movimento Ocupa MinC continua no Palácio Capanema

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp
Apesar da ocupação no Rio, os funcionários dos órgãos federais, que funcionam no edifício, têm livre acesso ao local Foto Tânia Rego
Apesar da ocupação no Rio, os funcionários dos órgãos federais, que funcionam no edifício, têm livre acesso ao local
Foto Tânia Rego

Uma grande mobilização, com ocupações em diversas cidades, ocorreu no Brasil com a decisão do presidente interino Michel Temer (PMDB) de acabar com o Ministério da Cultura – MinC – e subordiná-lo como uma secretaria ao Ministério da Educação. No último sábado (21), a determinação foi revogada e o novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, será empossado hoje. Mesmo com o retorno do MinC, o Palácio Gustavo Capanema no Centro do Rio, permanece ocupado, já que os grupos participantes do protesto – coletivos culturais, grupos de teatros, músicos, estudantes e ativistas – deixam claro que são contrários ao governo do Temer, o qual chamam de ilegítimo.

A ocupação do Palácio Gustavo Capanema, que é sede regional do MinC completou uma semana ontem. Segundo Guilherme Imbassahy, um dos membros do movimento de ocupação, a iniciativa também protesta contra o governo de Michel Temer. “A ocupação se deu através da soma de atos nacionais contrários ao cenário político atual. Nossa luta não é só pelo ministério. Ele foi apenas o começo. Nossa luta é contra esse governo ilegítimo e golpista de Michel Temer. O tema central é a saída dele”, explicou.

O deputado federal Chico Alencar (Psol), disse no último fim de semana que acredita que o passo atrás de Temer significa mais do que fragilidade política do governo. Para ele, isso mostra que há um problema na “natureza do próprio governo”. “O governo, pela sua origem, pela sua gênese, é um governo fraco, e não sabe bem o que fazer. Como ele tem um predomínio conservador fortíssimo, ele tratou nesse dogma de austeridade de cortar, por exemplo, o MinC. Uma medida desastrada que provocou reações no país inteiro”, criticou o parlamentar.
Ocupação

A Funarte ocupa o segundo andar do Palácio Capanema; o Iphan está instalado no oitavo, nono e décimo andares, além de uma sala no sétimo andar do edifício. Os demais andares do prédio de 16 pisos são ocupados pelo Ministério da Cultura. Apesar da ocupação, os funcionários dos órgãos federais, que funcionam no edifício, têm livre acesso ao local.

As barracas dos manifestantes foram montadas no mezanino do edifício e, durante a primeira semana do ato, o movimento organizou diversas oficinas e recebeu apoio de vários artistas, além de doações. Os shows estão ocorrendo no térreo do prédio.
Na sexta-feira(20), o protesto contra o fim do MinC ganhou adesões de peso, quando Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Seu Jorge e Marcelo Jeneci realizaram um ato-show no Palácio Capanema. Além do show, a ocupação recebeu a visita de outros nomes de grande destaque no cenário cultural, tais como o escritores Milton Hatoum, Eric Nepomuceno, Augusto de Campos e Marcelos Rubens Paiva, os cantores Djavan, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho e Frejat, e os atores Fernanda Montenegro e Wagner Moura. Além do elegante protesto no Festival de Cannes do elenco do filme “Aquarius”.
Para a produtora Paula Lavigne, a recriação do Ministério da Cultura é uma vitória, como Caetano disse: “O MinC é uma conquista do Estado brasileiro, não é de nenhum governo. E é isso, o MinC não pertence a nenhum governo para ser tirado e colocado a qualquer momento. Foi forte a pressão, conseguimos a volta do Ministério da Cultura, agora precisamos mostrar o nosso valor. Precisamos reconstruir a imagem da cultura. Não somos um ônus, um custo desnecessário para o Estado. Somos geradores de empregos diretos e indiretos, pagamos impostos, participamos para a riqueza do país, não só da imaterial, da alma, mas principalmente da material. Somos um setor importante da economia que também está sofrendo com a crise, que também enfrenta o desemprego. A indústria criativa não pode ser tratada como coisa de vagabundos que mamam nas tetas do governo. Há pesquisas que provam: empregamos mais que o setor automobilístico. Muita gente pensa que o Ministério da Cultura se resume em Lei Rouanet, e não é isso. A Lei Rouanet também precisa de reformas, é inegável, mas assim como muitos setores no sistema brasileiro. Ninguém pode viver sem arte. Não somos vagabundos, somos artistas, produtores e trabalhadores dignos, como qualquer outra profissão”, disse.
Novo ministro

Hoje, quando pretende iniciar o que chama de “tempo de diálogo e de muito trabalho”, como escreveu em sua página no Facebook, o novo ministro da Cultura, Marcelo Calero, tomará posse. “É preciso compreender a cultura dentro de uma visão democrática e inclusiva, valorizando a diversidade de nossas manifestações, especialmente as que surgem em nossas periferias. A cultura, que representa o próprio lastro de nossa identidade como nação, deve ser compreendida como eixo estratégico para o desenvolvimento do Brasil”, disse.

 

por Ana Paula Moresche

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest
Pocket
WhatsApp

Nunca perca nenhuma notícia importante. Assine nosso boletim informativo.

Publicidades

error: Conteúdo protegido!