Dicas de Português – 26/05

Aprenda a fazer a redação dissertativa argumentativa

O formato de redação escolhido pela grande parte dos vestibulares, inclusive pelo Enem, é a dissertação-argumentativa. Esse gênero textual possibilita que o estudante construa uma tese inicial e a defenda diferentes pontos de vista ao longo do texto. Separamos aqui algumas dicas para você construir um bom texto.

1º) Veja o tema de redação e faça uma leitura cuidadosa da prova – Essa é a principal dica e vai influenciar todo o seu desempenho. Leia e releia a proposta e os textos de apoio. Dê uma lida também nas questões da prova. Pode ser que alguma informação ajude no tema da redação. Atenção: essa etapa é essencial para que você não fuja do tema.

2º) Elabore o projeto de texto e escolha uma tese – Esse é o momento em que você deve escolher a sua abordagem e os argumentos que usará para defender sua tese. Separe as ideias principais sobre o assunto em um rascunho. Na tese, escolha um tema que você domine para argumentar e expor o seu ponto de vista.

3º) Faça a primeira versão do texto – Nessa etapa do rascunho, preocupe-se com o conteúdo e não com a gramática. Foque sua atenção para organizar os argumentos da melhor forma. As ideias devem fazer sentido e devem estar ligadas entre si. Um texto bem amarrado valoriza a sua argumentação e fará com que o corretor não se sinta confuso ao lê-lo.
Lembre-se da estrutura básica da dissertação-argumentativa|

>>>Introdução
Apresente o tema e o recorte que você fará dele. Evite fazer rodeios. É recomendável que a tese seja exposta para direcionar a leitura e mostrar sua linha de raciocínio. Lembre-se de que na dissertação seus argumentos devem ser usados para convencer quem estiver lendo.

>>>Desenvolvimento
Defenda a sua tese apresentando ideias que a justifiquem, de forma consistente, e apresente seus argumentos. Essa parte é importante, por isso coloque tudo da forma mais clara possível para que o leitor compreenda seu ponto de vista. Para deixar organizado, uma dica é reservar um parágrafo para cada argumento, analisando todos os aspectos que você quer abordar.

>>>Conclusão
Retome as ideias expostas na introdução, junto com os principais argumentos que a justificam para confirmar a tese e encerrar o debate. Diferente das outras redações, no Enem é nessa parte que você deve propor a solução ao problema, a partir dos pontos já levantados durante sua redação.

4º) Revise o texto: Agora é hora de corrigir a gramática e encontrar outros errinhos na sua redação. Caso tenha dúvida na grafia de alguma palavra, tente substituir por outra expressão. Preste atenção se não existe alguma frase sem sentido perdida pelo texto e avalie se há coerência entre as ideias.

5º) Passe o texto a limpo: Finalmente, essa é a última etapa da redação. Por isso a importância de preparar seu texto em um rascunho. Respeite o limite de linhas e não coloque informações fora da área de correção.

 

Uso dos “porquês”

Por que tantos porquês? Ou seria: Por quê tantos porques? Comumente, suscitam-se dúvidas concernentes ao emprego adequado das diferentes formas gráficas da palavra “porque”. Com o intuito de serem sanadas as referidas dúvidas, são apresentadas as explicações, acompanhadas de diversificados exemplos:
>>>Por que
1. Interrogativas Diretas:
Por que houve o rompimento das barragens de rejeito de minério em Mariana, Minas Gerais?
A forma “por que” é utilizada no início da frase para introduzir uma pergunta, feita de maneira direta. Note que a palavra “razão” fica subentendida logo após essa forma interrogativa.
Por que [razão] houve o rompimento das barragens…
Mas, atenção: A forma “Por que” pode ser colocada, também, no meio da frase, mesmo em perguntas diretas:
Matheus não explicou por que não compareceu à aula hoje?
2. Pergunta Indireta:
Ainda não se sabe por que houve o rompimento das barragens de rejeito de minério em Mariana.
Não sabemos por que Matheus não compareceu à aula hoje.
Observe que o questionamento foi feito de modo indireto, sinalizado pela ausência do sinal de interrogação.
3. Por que = pelo qual (e variações)
Pode soar um pouco estranho, uma vez que os falantes da língua não a utilizam ou não o fazem de modo recorrente. No entanto, a forma “por que” pode ser empregada, se houver preferência por parte do usuário, em substituição à expressão “pelo qual” e suas variações:
Os bairros por que (pelos quais) passamos estavam bastante movimentados.
A razão por que (pela qual) aceitei o convite não lhe interessa.

>>>Porque
1. Em afirmações:
O desmatamento daquela área cresce vertiginosamente porque não há fiscalizações efetivas.
Nesse caso, “porque” é colocado no interior da frase, com o objetivo de estabelecer o elo entre o problema (desmatamento vertiginoso) e a sua causa (inexistência de fiscalizações efetivas). A forma “porque” apresenta o sentido equivalente ao da palavra “pois”, introduzindo a ideia de causa.
2. Em respostas:
Cheguei atrasada ao trabalho porque (pois) houve um acidente, que interditou a estrada por três horas.
Ao ser perguntada: “Por que se atrasou?”, respondo por meio da utilização da forma “porque”.

>>>Por quê
Emprega-se “por quê” ao final de frases interrogativas. Nesse contexto, a referida forma é cercada por um sinal de pontuação (ponto de interrogação ou final):
1. Em interrogativa direta:
Durante a reunião com o chefe, eles demonstraram preocupação por quê?
2. Em interrogativa indireta:
Naquele dia, ela não estava se sentindo bem e eu não sei por quê.
Para comparar: As duas formas “Por que” e “Por quê” são utilizadas em interrogativas, realizadas direta ou indiretamente. A diferença reside no fato de que a forma com o acento circunflexo, somente é empregada ao final de frases e, por isso mesmo, acompanhada por um sinal de pontuação.

>>>Porquê
A grafia “Porquê” funciona como substantivo, uma vez que é precedida pelo artigo definido “o”, e tem o seu significado equivalente ao da palavra “motivo”:
Todos sabem o porquê (motivo) de sua revolta.
Nota explicativa: qualquer palavra precedida de um artigo definido (o, a, os, as) ou indefinido (um, uma, uns, umas) passa a funcionar como um substantivo, num processo gramatical denominado “substantivação”. Veja um exemplo:
O alvorecer foi contemplado por todos os hóspedes daquela pousada.
(artigo “o” + verbo “alvorecer” = substantivo).
Para encerrar: Por que tantos por quês? Porque a grafia de nossa língua é muito diversificada! Para compreendermos o porquê de cada forma e o seu respectivo emprego, basta estudarmos com bastante atenção!

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