Dicas de Português – 13/05

Concordância verbal

É impressionante como a Língua Portuguesa, nos processos seletivos, tem o poder de selecionar os candidatos. Vejamos, hoje, uma questão sobre Concordância Verbal, do último concurso do TJ/SP.

“Pato manco. O termo da política norte-americana é usado para classificar executivos eleitos cuja aprovação popular e minoria no Legislativo os _____________ incapacitados de alterar significativamente a vida dos governados. Se tudo correr como _____________ as pesquisas de intenção de voto, as eleições de novembro nos EUA, com renovação completa da Casa dos Representantes e um terço do Senado, _______________ o presidente Barack Obama refém de um Congresso dominado pela oposição.”
(www.cartacapital.com.br, 06.10.2014. Adaptado)

Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com:

a) deixa… indica… deixará
b) deixam… indica… deixarão
c) deixam… indicam… deixarão
d) deixa… indicam… deixarão
e) deixam… indicam… deixará

No primeiro espaço, destaca-se que a forma verbal “deixam” deve concordar com a expressão composta “aprovação popular e minoria no Legislativo”; em palavras análogas: “a aprovação popular e a minoria no Legislativo deixam incapacitados os executivos.”

No segundo espaço, salienta-se a existência do hipérbato ou, simplesmente, a inversão em meio a um sujeito no plural. No entanto, com a sequência direta, fica simples perceber que “as pesquisas de intenção de voto indicam.”

Finalmente, no terceiro espaço, o verbo “deixar” deve concordar com o sujeito, também, no plural. Cadê o sujeito? Basta que se retirem as expressões entre vírgulas; sendo assim, “as eleições de novembro nos EUA deixarão o presidente Barack Obama refém de um Congresso dominado pela oposição”.

Todos os verbos no plural? Parabéns a você por ter optado, inicialmente, pela letra “c”!

Consertam-se roupas ou conserta-se roupas, qual é o certo?

Há alguns anos, por meio das mídias sociais, dedico-me à divulgação da Língua Portuguesa. Por isso, semanalmente, recebo uma série de fotos de placas com desvios em relação à norma.

Em uma delas, em frente a um estabelecimento comercial, havia a seguinte mensagem:

“CONCERTA-SE ROUPAS”

“Opa! Que gol contra!” poderiam dizer os mais críticos, porém o fato linguístico estampado vai além de, simplesmente, “consertar” um desvio.

Em Língua, as palavras com som igual, escrita diferente e significado diferente são classificadas como homônimas homófonas. Em outras palavras: ao pronunciarmos, não notamos a diferença entre elas.

Assim sendo, a palavra “concerto” remete a uma “composição musical”; “conserto” provém do verbo consertar e significa “reparo, ajuste”.

Um outro fato curioso registrado na placa do estabelecimento comercial refere-se à falta de concordância entre o verbo e o sujeito. Sim! A expressão “roupas” não é o aparente complemento do verbo, mas sim o sujeito paciente no plural.

A partícula “se” é apassivadora; logo, a frase está na voz passiva sintética. Como “roupas SÃO CONSERTADAS”, devemos registrar “consertam-se roupas”.

Ademais, uma regra que ajuda muito é saber que os sujeitos nas vozes passivas são idênticos. Vejamos a transposição de vozes verbais:

FULANO CONSERTA ROUPAS.
(Voz ativa)

ROUPAS SÃO CONSERTADAS POR FULANO.
(Voz passiva; sujeito “roupas”)

CONSERTAM-SE ROUPAS.
(Voz passiva sintética; sujeito “roupas”)

Ratificando, vemos que o sujeito paciente está no plural; logo, o verbo deve também estar no plural, justamente pelo princípio de concordância.

No dia a dia, sempre presenciamos placas (malditas?) com “aluga-se salas” ou “vende-se móveis”. É completamente compreensível que o escritor subentenda o termo posposto como complemento da ação (quando gramaticalmente é o citado sujeito na voz passiva).

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