Pesquisa: povo quer ladrões do dinheiro público presos

Apoio popular à Lava Jato cresce apesar dos efeitos econômicos. 85% querem a continuidade da ação

Apoio popular à Lava Jato cresce apesar dos efeitos econômicos. 85% querem a continuidade da ação

Pesquisa Ipsos realizada em junho mostrou que 85% dos brasileiros apoiam a continuidade da Lava Jato apesar da instabilidade econômica gerada pela revelação dos esquemas de corrupção. O novo índice mostra que o apoio às investigações cresceu seis pontos percentuais em comparação ao resultado de janeiro (79%). A margem de erro é de três pontos percentuais.
Houve crescimento também dos que afirmam conhecer a Lava Jato. De acordo com o levantamento, 69% dos entrevistados afirmaram saber algo ou bastante a respeito das investigações. Em janeiro, o índice foi de 58%. O nível dos que não sabem ou dos que ouviram falar das investigações, mas não sabem nada a respeito dela reduziu a 31% em junho contra 42% da pesquisa anterior.
O levantamento, realizado entre 02 e 13 de junho com 1.200 entrevistas presenciais em 72 cidades, mostra ainda redução entre os que acreditam que as investigações estão piorando a situação econômica do país. Em junho, apenas 39% dos pesquisados concordaram com tal hipótese ante 46% registrado em janeiro. Em contrapartida, o total dos que discordam da afirmativa registrou forte elevação, saltando de 38% para 48% entre janeiro e junho deste ano.
>> Sem pizza – A percepção de que as investigações irão terminar sem punição aos envolvidos registrou nova queda em junho, quando apenas 35% dos entrevistados concordaram com a afirmativa de que a Lava Jato deva “acabar em pizza”. O resultado mostra leve redução ante o resultado de abril (38%) e forte retração ante o número de janeiro, quando 46% dos pesquisados acreditavam que a operação terminaria sem punição aos envolvidos.
Houve ainda leve queda no percentual dos que acreditam que as investigações transformem o Brasil “num país sério”. Em junho, 72% dos pesquisados afirmavam que a Lava Jato teria tal efeito sobre o país, ante 75% em abril. Apesar da variação para baixo, que está dentro da margem de erro, o resultado de junho continua elevado no comparado com o de janeiro, quando apenas 53% dos pesquisados acreditavam que a Lava Jato poderia transformar o Brasil num “país sério”.

Cúpula da Eletronuclear levou
R$ 26,4 milhões em propinas

Só o ex-presidente da estatal, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, levou R$ 12 milhões, diz o MPF

Só o ex-presidente da estatal, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, levou R$ 12 milhões, diz o MPF

A Procuradoria da República aponta que a cúpula da Eletronuclear levou R$ 26,4 milhões em propinas das obras de Angra 3. Somente o ex-presidente da estatal almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu R$ 12 milhões – o que corresponde a 1% do montante da construção, orçada em R$ 1,2 bilhão.
Segundo as investigações da Operação Pripyat, deflagrada ontem (6), outra parte da propina – 1,2% do valor total da obra – foi dividida entre cinco ex-dirigentes: ex-diretor técnico Luiz Soares (0,3%), ex-diretor de Administração e Finanças Edno Negrini (0,3%), ex-diretor de Planejamento, Gestão e Meio Ambiente Persio Jordani (0,2%), ex-superintendente de Gerenciamento de Empreendimentos Luiz Messias (0,2%) e ex-superintendente de Construção José Eduardo Costa Mattos (0,2%).
A Operação Pripyat indica ainda que houve propina para “núcleo político da organização criminosa, investigado no âmbito do Supremo Tribunal Federal” e que a empreiteira Andrade Gutierrez pagou as propinas.
“Tendo em conta a informação de que a Eletronuclear pagou para a Andrade Gutierrez em relação ao contrato de construção civil de Angra 3 o valor de aproximadamente R$ 1,2 bilhão e estabelecendo-se a possível premissa de que todo o acerto realizado foi pago, é possível apresentar a estimativa de que Othon Luiz recebeu até R$ 12 milhões”, diz a Procuradoria.
Também foi identificado o pagamento suspeito de R$ 653,8 mil da Engevix para a Flexsystem. Também são suspeitos os pagamentos de R$ 375,4 mil da Engevix e de R$ 178,3 mil da Andrade Gutierrez para a AEM Sistemas. Foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para a VW Refrigeração no valor de R$ 3,4 milhões. Ainda foram identificados pagamentos da Andrade Gutierrez para geração de “Caixa 2” para propina em espécie relacionada a Angra 3, nos seguintes valores: R$ 7,19 milhões para a empresa Eval, R$ 126,64 milhões para a empresa Legend, R$ 37,81 milhões para a empresa SP Terraplanagem e R$ 5 milhões para a empresa JSM Engenharia.
Para os procuradores Lauro Coelho Junior, José Augusto Vagos e Eduardo El Hage, que compõem a Força Tarefa da Lava Jato no Rio, “as investigações constataram a incrível audácia da organização criminosa que vitimou a Eletronuclear, sendo que, mesmo após ter sido alvo da Operação Radioatividade, continuou a ter influência na estatal, atrapalhando a completa elucidação do amplo esquema de corrupção, fraude a licitações e lavagem de dinheiro”. Com informações da Agência Estado.

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