Justiça decreta prisão de PMs acusados de extorquir lutador

Jason disse que foi obrigado a sacar R$ 2 mil para dar aos policiais

Jason disse que foi obrigado a sacar R$ 2 mil para dar aos policiais

Dois policiais militares suspeitos de participar do sequestro de um lutador de um jiu-jitsu da Nova Zelândia tiveram as prisões temporárias decretadas pela Auditoria da Justiça Militar. Os cabos Fábio da Costa Barbosa e Anderson Nunes Franco, lotados no Batalhão de Policiamento de Vias Especiais (BPVE), já estão detidos em um presídio de Niterói.
Eles prestaram depoimento e confirmaram ter abordado um motorista estrangeiro, no último sábado, no entroncamento da Linha Vermelha com a Rodovia Washington Luís, em Duque de Caxias. Os militares alegaram que apenas ajudaram o lutador que, na versão apresentada pelos policiais, estaria com problemas mecânicos no carro que dirigia.
O que o lutador Jason “Jay” Lee, de 27 anos, contou ao prestar depoimento na Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (DEAT) é bem diferente. Ele afirmou que voltava de um evento em Resende, no Sul Fluminense, dirigindo um carro alugado, e que ao seguir as orientações de um aplicativo, foi parar na Rodovia Washington Luís. Na via expressa, acabou sendo abordado por homens fardados que usavam motocicletas.

Foto ilustrativa

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Jason afirmou que os PMs alegaram que ele não poderia dirigir sem um passaporte. Os militares teriam ameaçado o levar para a Polícia Federal e exigiram que sacasse R$ 2 mil. Com medo, o lutador acompanhou nos policiais em um carro particular e sacou o dinheiro exigido.
Horas depois, Jason denunciou o caso nas redes sociais. “Então, ontem eu fui sequestrado no Brasil. Não por algumas pessoas aleatórias com armas, mas por homens de serviço no uniforme completo. Fui ameaçado se eu não entrasse em seu carro particular e acompanhá-los até dois caixas eletrônicos para retirar uma grande soma de dinheiro para suborno. Eu não tenho certeza o que é mais deprimente, o fato disso estar acontecendo com os estrangeiros tão perto dos Jogos Olímpicos ou o fato de os brasileiros terem de viver em uma sociedade que permite que essa bobagem absoluta em uma base diária. Este lugar é verdadeiramente f… em todos os sentidos da palavra que se possa imaginar”, escreveu em seu Facebook.
Como se trata de um crime militar, a Corregedoria Militar abriu um procedimento para investigar o fato e solicitou a Auditoria Militar a decretação das prisões dos suspeitos. A Assessoria da corporação confirmou que os dois já estão presos em uma unidade prisional de Niterói.
Abaixo a íntegra de uma nota da Polícia Militar sobre o caso.

“O fato está sendo apurado rigorosamente e sendo comprovado, os policiais do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) serão submetidos a processo administrativo disciplinar que julgará a expulsão dos mesmos da Corporação. Os agentes estão presos administrativamente à disposição da Corregedoria Interna da Corporação. A Polícia Militar não tolera desvios de conduta e atos como esse entristecem os quase 50 mil policiais militares honestos que combatem o crime diariamente.

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