MPF denuncia ex-deputados envolvidos na Lava Jato

O procurador da República Deltan Dallagnol durante denúncia contra os ex-parlamentares ontem no Paraná Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão

O procurador da República Deltan Dallagnol durante denúncia contra os ex-parlamentares ontem no Paraná
Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão

Ontem, o Ministério Público Federal (MPF) no Paraná denunciou os ex-deputados Pedro Corrêa (ex-PP-PE), sua filha Aline Corrêa (PP-SP), André Vargas (ex-PT-PR) e Luiz Argôlo (afastado do SD-BA) pelos crimes de corrupção (pena mínima de 2 anos de prisão e máxima de 12 anos), lavagem de dinheiro (mínima de 4 anos e máxima de 16 anos e 8 meses de prisão), organização criminosa (mínima de 3 anos e máxima de 13 anos e 4 meses de prisão) e peculato (mínima de 2 anos, máxima de 12 anos de prisão). A denúncia também inclui três operadores financeiros e seis pessoas ligadas aos ex-parlamentares.
Agora a Justiça vai decidir se aceita as acusações e os transforma em réus. Os quatro já negaram ter cometido irregularidades. Essa é a primeira denúncia contra políticos dentro da operação Lava Jato, que apura o desvio de verbas públicas de empresas estatais, principalmente a Petrobras, e órgãos públicos por meio de contratos fraudulentos para partidos e seus membros.
Em entrevista coletiva ontem os procuradores disseram que o total de propina paga aos agentes políticos é de R$ 6,2 bilhões e envolve três partidos: PT, PMDB e PP.
A denúncia contra Vargas, que é ex-secretário de Comunicação do PT e ex-vice-líder do partido na Câmara, apontou que ele se beneficiou de propinas de contratos de publicidade – em agosto de 2008 e abril de 2014 – com a CEF (Caixa Econômica Federal) que somaram R$ 968 milhões e em um contrato com o Ministério da Saúde, no valor de R$ 120 milhões, de 31 de dezembro de 2010.

Pedro Corrêa teve uma funcionária fantasma chamada ‘Renasci’

Pedro Corrêa teve uma funcionária fantasma chamada ‘Renasci’

De acordo com o MPF, Luiz Argôlo passou a ser quase sócio nos negócios ilícitos e a ter favorecimentos nos repasses do PP. Ele teria visitado Alberto Youssef (delator do esquema criminoso) pelo menos 78 vezes entre 2011 e 2014, com recursos de despesa de viagem de parlamentar. Argôlo foi denunciado por dez atos de corrupção, informou o MPF.
Até agora, segundo o MPF, foi pedido o reembolso a todos os acusados de R$ 6,7 bilhões aos cofres públicos. Pelo menos R$ 2,5 bilhões foram devolvidos ou estão bloqueados.
Pedro Corrêa foi denunciado por 280 atos de corrupção, 568 atos de lavagem de dinheiro e 123 atos de peculato. Ele não foi denunciado por organização criminosa porque o Supremo Tribunal Federal abriu procedimento específico sobre esse tipo de infração envolvendo o ex-deputado com outros políticos, ainda no exercício do mandato parlamentar. A força-tarefa afirma também que Pedro Corrêa teve uma funcionária fantasma de nome Renasci.
>> Veja quem são os denunciados: André Vargas (ex-deputado), Leon Vargas (irmão de André Vargas), Milton Vargas (irmão de André Vargas), Ricardo Hoffmann (publicitário), Pedro Corrêa (ex-deputado), Ivan Vernon (ex-assessor de Pedro Corrêa),
Márcia Danzi (nora de Pedro Corrêa), Aline Corrêa (ex-deputada, filha de Pedro Corrêa), Alberto Youssef (doleiro),
Rafael Ângulo (carregador de dinheiro de Youssef), Fábio Corrêa (advogado, filho de Pedro Corrêa), Luiz Argôlo (ex-deputado)e Carlos Alberto Costa (ex-funcionário de Pedro Corrêa).

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