Mulheres microempreendedoras se destacam em Meriti

Com os benefícios do MEI, a barraca “Antônia da Carne de Sol” garante emprego para seis pessoas Foto: Assimp Meriti/Luiz Alberto

Com os benefícios do MEI, a barraca “Antônia da Carne de Sol” garante emprego para seis pessoas
Foto: Assimp Meriti/Luiz Alberto

A história de uma alagoana, que sofreu em sua terra natal e peregrinou até encontrar um caminho para sua vida e de suas filhas na cidade grande, tem alguns capítulos na Bahia e em São Paulo. Como a própria diz, poderia virar um livro. Ao deixar o território paulista com duas filhas e apenas uma mala contendo poucas roupas para desembarcar em um município da Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, Antônia Ferreira de Lima, atual líder dos barraqueiros no Polo Gastronômico de São João de Meriti, não imaginava que, após cerca de dez anos, iria se tornar uma microempresária bem sucedida. O MEI (Microempreendedor Individual), programa amplamente incentivado pela Prefeitura de São João de Meriti, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, concentra um grande número de mulheres no município e foi o passo correto para ela encontrar o rumo do sucesso à frente da barraca “Antônia da Carne de Sol”.
“Sofri muito nessa vida até encontrar esse caminho. Cheguei a São João de Meriti, em 2005, apenas com uma mala de roupas e minhas duas filhas. Fiquei morando de favor na casa de uma amiga. No início, cheguei a dormir em um colchão que ficava em cima de um papelão. Trabalhei em posto de gasolina, como ajudante em uma barraca e em outras profissões. Aos poucos, fui tomando gosto e aprendendo a lidar com o comércio de rua. Até que, em 2009, quando o (prefeito) Sandro Matos assumiu a prefeitura, começaram a incentivar o programa de microempreendedor individual. A Elza (subsecretária de Desenvolvimento Econômico) faz um trabalho muito importante com as pessoas que buscam o MEI. E posso dizer, sinceramente, que minha vida mudou depois disso”, contou Antônia Ferreira, que ainda revelou o segredo do diferencial para conseguir vender até 300 pratos em um final de semana de bom movimento.
“Somos especializados em carne de sol com aipim. Temos pratos de todos os tamanhos, até o GG que atende a toda família. São acompanhados por molho à campanha, farofa, queijo coalho, calabresa e alho frito por cima. Fiz isso para incrementar o prato e chamar mais a atenção dos clientes. Temos que fazer a diferença, do uniforme à limpeza, passando pela qualidade do produto, para que o cliente não pense que somos apenas mais um camelô”, completou a nordestina.
Diante do alto número de camelôs e ambulantes usando o solo municipal – além de inúmeros pedidos para o mesmo fim -, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico iniciou uma campanha de conscientização, mostrando que o ingresso desses trabalhadores no MEI mudaria o patamar dos negócios meritienses. Com isso, ao longo dos anos, o número de microempreendedores individuais em São João de Meriti foi crescendo e, atualmente, chegou a 20.495 inscrições. Em um município onde as mulheres se apresentam, em muitos casos, como a chefe de família, os números do MEI ainda apontam para uma maioria masculina: 10.518 empreendedores do sexo masculino e 9.977 do sexo feminino.

Ampla maioria no Polo Gastronômico

Antônia Ferreira de Lima chega a servir cerca de 300 pratos em um final de semana de bom movimento

Antônia Ferreira de Lima chega a servir cerca de 300 pratos em um final de semana de bom movimento

No Polo Gastronômico de São João de Meriti, no entanto, a maioria é feminina: cerca de 75% dos negócios são chefiados por mulheres. A subsecretária de Desenvolvimento Econômico de São João de Meriti, Elza Silva Vieira, conta que já soube de diversos casos de homens que desistiram de cuidar de uma barraca em poucos meses. Na avaliação da subsecretária, as mulheres ficam anos batalhando e, assim, conseguem firmar seu espaço.
“Elas são guerreiras e muito batalhadoras na hora de  exercerem o papel de chefes de família. Alguns maridos perderam seus empregos e foram ajudá-las no Polo Gastronômico. A Prefeitura proporcionou cursos e especializações para quem trabalhava na rua como camelô. Antes de começarmos a incentivar o MEI, eles estavam fazendo quiosques e barracas sem nenhuma estrutura. Trabalhavam com alimentos sem ter o conhecimento necessário para a manipulação. Além disso, o ingresso deles no MEI vai protegê-los com o INSS”, explicou Elza Vieira.
Ao observar a descrição de alguns serviços das empresas de São João de Meriti que optaram pelo sistema SIMEI, é fácil encontrar equilíbrio na distribuição de homens e mulheres trabalhando com fabricação de massas alimentícias (13H e 14M) ou fabricação de alimentos e pratos prontos (22H e 26M), por exemplo. Já na fabricação de produtos derivados do cacau e de chocolates, o sexo feminino aplica uma goleada (3H x 18M).

Parceria com o Sebrae

Com o objetivo de orientar e incentivar a instalação de empresas no município, a prefeitura de São João de Meriti, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, firmou parceria com o Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) para viabilizar cursos profissionalizantes. Em uma cidade onde a maioria dos negócios são chefiados por mulheres com mais de 40 anos, as escolhas pelos ensinamentos voltados para cabeleireira, costureira, manicure e, principalmente, manipulação de alimentos são maioria. No último curso proporcionado pela parceria prefeitura/Sebrae, as profissionais também foram beneficiadas com palestras, visando a legalização do MEI.
“Quando cheguei ao Rio de Janeiro não sabia nem falar direito, tinha medo de tudo. Os cursos me ajudaram muito. Aprendi a lidar com o cliente e como atraí-lo, a diferença entre o comércio de uma loja e de um camelô. Fiquei mais solta depois desses aprendizados. Agora, com a organização de microempreendedor, são os fornecedores que nos procuram oferecendo produtos e descontos”, finalizou a nordestina Antônia Ferreira, que além de ter estruturado sua vida, garante o emprego de seis funcionários na barraca “Antônia da Carne de Sol”.

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