Jaguar lança o sedã médio XE com a missão ousada

Foto: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias 

Foto: Luiz Humberto Monteiro Pereira/Carta Z Notícias

A Jaguar não está para brincadeiras. Integrante do grupo Jaguar Land Rover, desde 2008 controlado pela indiana Tata Motors, a marca inglesa tem crescido desde o início da década, nos principais mercados mundiais. Inclusive no Brasil, onde sua representação foi “primeirizada” em 2012 pela Jaguar Land Rover, depois de anos sob controle do grupo brasileiro SHC, do empresário Sérgio Habib. Globalmente, depois do lançamento das versões conversível e cupê do superesportivo F-Type, em 2013 e 2014, a Jaguar resolveu disputar agora um segmento menos elitizado. Enquanto os F-Type tinham como adversário declarado a linha Porsche 911, o lançamento mundial do XE chega para “assediar” a clientela das versões mais incrementadas dos sedãs médios de marca de luxo, como BMW Série 3 e Mercedes Classe C. O menor e mais leve sedã da história da Jaguar desembarca no Brasil em setembro, importado da Inglaterra.
O XE deve posicionar a Jaguar em um segmento que tem vendas bem mais substanciais do que os nichos de esportivos mais sofisticados, onde a fabricante inglesa tradicionalmente atua. Não será surpresa se o XE se tornar em breve o Jaguar mais vendido no mundo – as vendas começaram em fevereiro na Inglaterra e chegam agora gradualmente ao resto da Europa. Atributos para isso, o novato já mostrou que tem. Em termos de estilo, os designers da Jaguar “acertaram a mão”. Tanto que o sedã arrebatou, logo de cara, o prêmio de “Carro Mais Bonito de 2014” no Salão de Paris, onde foi apresentado. A linha de cintura ascendente dá a impressão de que o XE está em movimento, mesmo quando parado. Diversos detalhes, como as entradas de ar laterais cromadas, são inspirados no F-Type. A traseira é vigorosa e dinâmica. Além da estética, um resultado prático de todo esse esforço estilístico é que o coeficiente aerodinâmico é muito baixo: 0,26 cd. É o Jaguar mais aerodinâmico de todos os tempos.
Para delírio dos fãs da esportividade mais “puristas”, o XE vem com tração traseira. Na Europa, existem versões câmbio manual nos motores diesel – mas nada disso virá para o Brasil. Para cá, todas as versões serão movidas a gasolina e terão o mesmo câmbio automático ZF de 8 marchas, com a manopla circular giratória clássica da Jaguar e opção de acionamento através de paletas no volante. Entre os três motores a gasolina disponíveis no modelo, apenas os dois mais fortes – um 2.0 de 240 cv e um 3.0 V6 de 340 cv, ambos turbinados – devem vir para o Brasil. A versão com motor a gasolina mais “manso” – o mesmo 2.0 turbo, mas com apenas 200 cv –, no mercado europeu, custa 10% a menos que a de 240 cv, mas poderia dar fama de “fraca” à linha e comprometer a imagem de esportividade da marca por aqui. Também para não arranhar o conceito local da Jaguar, a versão Pure, com bancos em tecido, será descartada. Nas concessionárias nacionais, os bancos do XE serão sempre em couro.
Mas nem só de estética e desempenho se faz um carro bom de vendas no segmento de médios das marcas de luxo. É preciso ostentar também alguma tecnologia. No XE, o moderno chassi faz um uso intensivo de alumínio – economiza cerca de 130 kg em relação a um chassi convencional. A direção tem assistência elétrica, o sistema de informação e entretenimento InControl tem “touchscreen” de  8 polegadas e o Laser head-up display gera imagens em cores com alto contraste. E o sedã ainda marca a estréia mundial do sistema Jaguar All Surface Progress Control,  que maximiza a tração de baixa velocidade em condições adversas.
Embora a diretoria não confirme, há chance de que o XE se torne o primeiro Jaguar “made in Brazil”, a ser produzido na fábrica que a Jaguar Land Rover constrói no município fluminense de Itatiaia, com inauguração prevista para março de 2016. Em termos de preços, a marca confirma apenas que o XE importado chegará às concessionárias nacionais em setembro, com preços a partir dos R$ 170 mil – estima-se que o “top” de linha S deva atingir no Brasil algo próximo dos R$ 240 mil. Por esse valor, a S certamente não será a versão mais vendida. Cumprirá sua estratégica missão  de “carro de imagem”: virar pauta na imprensa, aparecer na propaganda, enfeitar as vitrines e povoar o imaginário do consumidor. E, o mais importante, ajudar a vender as versões Prestige, Portfólio e R-Sport, mais acessíveis.

por Luiz Humberto Monteiro Pereira
Auto Press

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