Lula: “ninguém nunca fez mais do que nós neste País”

O ex-presidente se defende dizendo que há ira e perseguição contra ele e o Partido dos Trabalhadores

O ex-presidente se defende dizendo que há ira e perseguição contra ele e o Partido dos Trabalhadores

Depois que terminou o pronunciamento de cerca de uma hora, em que comentou as acusações da força-tarefa da Operação Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) exibiu a camisa que vestia, vermelha de seu partido, o PT. Depois de beijar o símbolo da sigla, igual um jogador de futebol que beija a camisa de seu time, Lula pediu que todos os correligionários começassem a andar com a camisa vermelha do partido. “Quero dizer a quem odeia, a quem não gosta do PT… Que cada petista tem que começar a andar de camisa vermelha, quem não gostar, mude de cor, mas este partido tem que ter orgulho porque ninguém nunca fez mais do que nós fizemos neste País.”
Em 1992, quando ainda presidente da República, Fernando Collor de Mello, então alvo de uma CPI no Congresso Nacional, usou uma solenidade no Palácio do Planalto para convocar a população brasileira a sair às ruas, no domingo seguinte a este pronunciamento, trajando verde e amarelo, as cores da bandeira brasileira, a fim de tentar mostrar que os defensores de seu impeachment eram minoria. O que se viu foi o oposto, a população em massa saindo às ruas vestida de preto, o que impulsionou o movimento pelo seu impeachment.
Após convocar a militância do seu partido para trajar vermelho, Lula voltou a criticar a força-tarefa da Lava Jato, dizendo que lhe dedicaram um apartamento, uma chácara que disse não ter e de ser o comandante maior da corrupção na Petrobras. “Não tenho provas, mas tenho a convicção”, disse, arrancando risos dos correligionários, emendando ter a convicção de que os que mentiram estão “numa grande enrascada”.
“Continuem me atacando, continuarei aqui, sem raiva, porque raiva dá azia e não vou perder o sono. Continuem falando e escrevendo porque a história mal começou e eu vou viver muito, estou com 70 e com vontade de viver mais 20 anos, estou me preparando fisicamente para isso.” E disse que nem que tivesse apenas mais um minuto de vida, gostaria de dedicá-lo para que cada brasileiro sinta que pode fazer deste lugar um País melhor. “Eu nunca senti tanto orgulho de ser brasileiro”. E disse esperar fazer muito mais do que já fez pelo Brasil.
Antes de encerrar seu pronunciamento, Lula disse que esperava ter o mesmo destaque na imprensa que seus acusadores tiveram ontem. “E digo que se vocês quiserem resolver os problemas deste País, incluam os pobres no orçamento. Não pensem que estou desanimado, sofrido, estou orgulhoso de saber que a perseguição a mim é pelas coisas boas que fizemos por este País.”
>> Getúlio – Em um trecho do discurso de mais de uma hora, Lula disse que não tinha a vocação de Getúlio Vargas de se dar um tiro ou de Jango, de sair do Brasil. “Portanto, se eles (Lava Jato) quiserem me tirar, vão ter que disputar comigo nas urnas. Eles achavam que eu estava vencido.”

Petrolão: Ministro Teori confirma Lula nas mãos de Moro

Zavascki reconheceu que a expressão “tentativas da defesa de embaraçar as apurações” foi inadequada  Foto: Nelson Jr/STF

Zavascki reconheceu que a expressão “tentativas da defesa de embaraçar as apurações” foi inadequada
Foto: Nelson Jr/STF

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, manteve decisão que negou seguimento à Reclamação (RCL) 25048, ajuizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra decisão do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, de manter sob sua guarda os inquéritos contra o petista. As informações foram divulgadas no site do Supremo.
Na quarta-feira (14), a força-tarefa da Lava Jato denunciou criminalmente o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo a Procuradoria da República, Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção” instalado na Petrobras e em outros órgãos públicos.
A denúncia será apreciada pelo juiz. Se Moro acolher a acusação, Lula vira réu da Lava Jato. Sua mulher, Marisa Letícia, o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, o empreiteiro Léo Pinheiro e mais quatro investigados foram denunciados.
Em sua decisão, Teori acolheu apenas em parte o agravo regimental interposto por Lula para reconsiderar trecho de sua decisão monocrática em que afirmou que a Reclamação teria por finalidade “embaraçar as apurações”.
No agravo regimental, os advogados pedem a reconsideração da decisão e reiteram os argumentos de usurpação da competência do STF porque Moro estaria investigando, em três inquéritos, os mesmos fatos em apuração na Corte máxima no Inquérito 3989.
Em relação ao item 6 da decisão de Teori, proferida no dia 6 de setembro, os advogados de Lula sustentam que, em duas das quatro Reclamações que tramitam no STF tendo Lula como reclamante ou assistente litisconsorcial houve deferimento de liminar, com decisão definitiva favorável a ele em uma delas, e uma terceira que ainda não foi apreciada.
“Não há espaço para se afirmar que a presente reclamação seria ‘mais uma das diversas tentativas da defesa de embaraçar as apurações”, afirmam os advogados do petista.
No exame do pedido, o ministro reconheceu que a expressão “tentativas da defesa de embaraçar as apurações” foi inadequada, “no que possa ser interpretada como pejorativa ao agravante”. Segundo Teori, o sentido da afirmação “deve ficar compreendido como destinado unicamente a pontuar os já reiterados pronunciamentos da Corte contrários à tese da defesa”, nas Reclamações 18875, 18930 e 20175.
“Nesse ponto, portanto, tem razão o agravante, o que, todavia, não compromete a conclusão sobre o mérito da reclamação, tal como enfrentado e decidido na decisão agravada”, concluiu o relator.
Após a manifestação do Ministério Público, o agravo será submetido à Segunda Turma do STF. (AE)

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