Juiz Moro aceita denúncia e Lula vira réu

Segundo procuradores, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de empresas Foto: Marcelo Camargo/ABr

Segundo procuradores, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de empresas
Foto: Marcelo Camargo/ABr

O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, aceitou ontem (20), denúncia apresentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a mulher dele, Marisa Letícia da Silva, e outras seis pessoas. Com a decisão, todos viram réus nas investigações.
Na denúncia, apresentada na semana passada, o procurador da República Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa, disse que Lula era o “comandante máximo do esquema de corrupção identificado na Lava Jato”. O ex-presidente foi denunciado à Justiça Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo os procuradores, Lula recebeu R$ 3,7 milhões de propina de empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de vantagens indevidas, como a reforma de um apartamento triplex no Guarujá (SP), e pagamento de despesas com guarda-volumes para os objetos que Lula ganhou quando estava no cargo. As vantagens teriam sido pagas pela empreiteira OAS.
Após a divulgação da denúncia, os advogados de Lula afirmaram que as acusações fazem parte de um “deplorável espetáculo de verborragia da manifestação da força tarefa da Lava Jato”.
“O MPF elegeu Lula como maestro de uma organização criminosa, mas esqueceu do principal: a apresentação de provas dos crimes imputados. “Quem tinha poder?” Resposta: Lula. Logo, era o “comandante máximo” da “propinocracia” brasileira. Um novo país nasceu hoje sob a batuta de Deltan Dallagnol e, neste país, ser amigo e ter aliados políticos é crime”, argumentou a defesa.
Também foram denunciados pelo MPF o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, além de Agenor Franklin Magalhães Medeiros, Paulo Roberto Valente Gordilho, Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, todos ligadas à empreiteira.

Lava Jato precisa parar com
exibicionismo, diz Renan

Renan Calheiros: "É preciso de uma vez por todas investigar e fazer denúncias que tenham começo, meio e fim”

Renan Calheiros: “É preciso de uma vez por todas investigar e fazer denúncias que tenham começo, meio e fim”

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a fazer críticas ao que entende como “excessos” da operação Lava Jato, acusou a força-tarefa de “exibicionismo” e citou como exemplo a coletiva do procurador Deltan Dellagnol – que apontou o ex-presidente Lula como o “comandante máximo do esquema de corrupção”. “A Lava Jato precisa acabar com esse exibicionismo, como vimos agora no episódio do ex-presidente Lula e em outros. Isso, ao invés de dar prestígio, retira prestígio do Ministério Público e obriga o Congresso Nacional a pensar numa legislação que proteja garantias individuais e coletivas”, disse o presidente do Senado.
No Congresso tramitam diferentes propostas relacionadas a investigações, como revisão da lei de delações e a nova lei de abuso de autoridade. Renan não chegou a citar nenhum projeto em específico para dar encaminhamento, mas prosseguiu com as críticas à Lava Jato e falou em “mobilização política”.
“É preciso de uma vez por todas investigar e fazer denúncias que tenham começo, meio e fim, que sejam consistentes e não fazer denúncias por mobilização política, porque com isso o País perde e as instituições perdem também”, afirmou.
>> Caixa 2 – Renan Calheiros negou ter participado de qualquer articulação para a votação do projeto que anistia o caixa 2, emenda à uma proposta de 2007 que foi colocada em votação na segunda-feira (19), na Câmara dos Deputados.
“Eu não fui informado do teor do que conteria essa proposta, sinceramente. Eu não sei de nada, o que se pretende, qual é o texto, se é eficaz, em que momento vai votar. Isso não chegou ainda ao Senado Federal”, afirmou Renan.
Mais cedo, deputados disseram que senadores participaram dos acordos para tentar votar o projeto na noite de segunda na Câmara. De acordo com fontes, Renan teria participado da articulação e, por essa razão, não abriu a sessão do Congresso Nacional, marcada para às 19h. O peemedebista negou e disse que chegou, inclusive, a ir ao plenário da Câmara e apenas não abriu a sessão do Congresso porque os deputados ainda estavam trabalhando.
>> Reforma política – O presidente do Senado reafirmou sua intenção de votar a PEC 36/2016, que pode diminuir a quantidade de partidos com representação no Congresso, no intervalo entre o primeiro e o segundo turno das eleições municipais, em outubro.
Ontem, o plenário completou a quarta das cinco sessões de discussão da PEC, para que ela possa ser votada em primeiro turno. De acordo com Renan, o regimento permite que a última sessão de discussão seja realizada no mesmo dia da votação.

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