Comando do PT culpa Operação Lava Jato pelo declínio eleitoral da legenda

 Falcão preocupado - A portas fechadas, o diagnóstico foi o de que a eleição representou “um tiro no peito” do partido e que o cenário é “trágico”  Foto: PT

Falcão preocupado – A portas fechadas, o diagnóstico foi o de que a eleição representou “um tiro no peito” do partido e que o cenário é “trágico”
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Ontem, a cúpula do PT avaliou que a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, foi a maior responsável pela derrota da sigla nas eleições municipais. Na primeira reunião da Executiva Nacional após o partido perder 256 das 635 prefeituras sob seu comando, dirigentes petistas não esconderam o abatimento com a derrocada e mostraram divergências sobre os rumos a seguir.
O encontro do PT começou pouco antes de ser divulgada a notícia de que a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sob suspeita de corrupção. Lula é acusado de receber parte de uma propina de R$ 20 milhões que teria sido paga pela empreiteira Odebrecht à Exergia. A empresa pertence a Taiguara Rodrigues, que o ex-presidente trata como sobrinho.
“Trata-se de mais uma atitude que comprova a perseguição e mostra como a Lava Jato influenciou na campanha eleitoral”, disse o presidente do PT, Rui Falcão. “Há uma cruzada seletiva, passando por cima de direitos fundamentais.” Falcão observou, no entanto, que o partido também reconhece ter cometido erros e vai tirar “lições” da derrota, em vez de ficar apenas “remoendo” dificuldades.
“Mas é muito difícil acertar rumos no meio de uma guerra”, afirmou o deputado Reginaldo Lopes (MG), que disputou a eleição para a prefeitura de Belo Horizonte e ficou em quarto lugar. Secretário de Assuntos Institucionais do PT, Lopes deixou a reunião da Executiva dizendo que o partido precisa mudar não apenas sua direção, mas também o discurso.
“O PT deve uma satisfação à sociedade. Não adianta ficar falando da crise e não apresentar propostas para o País”, afirmou ele. “Um partido ganha voto no campo das ideias. Se ficar só na tese do golpe, aí é dialogar com uma bolha muito pequena, que já e nossa. A sociedade quer saber como vai retomar o emprego e melhorar de vida”, emendou, numa referência ao discurso do “golpe”, adotado para explicar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Uma ala do PT quer que Lula assuma a direção do partido no início do ano que vem. “Não é uma questão de nomes. Na situação em que estamos, nem Jesus Cristo resolveria”, disse Lopes. “Tem uma barreira e as elites conseguiram criminalizar a estrela, o 13 e a marca PT.”
Na terça-feira, a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, se reuniu com o presidente do partido, Rui Falcão. A portas fechadas, o diagnóstico foi o de que a eleição representou “um tiro no peito” do partido e que o cenário é “trágico”. (AE)

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