Jorge Miranda promete ‘fazer o mínimo funcionar’

Prefeito eleito de Mesquita quer reforçar pastas da Saúde, Educação e Fazenda no primeiro ano de governo

Prefeito eleito de Mesquita quer reforçar pastas da Saúde, Educação e Fazenda no primeiro ano de governo

Testado nas urnas pela primeira vez, Jorge Miranda (PSDB) surpreendeu os adversários ao vencer com vantagem de 5% para o segundo colocado, o atual prefeito Gelsinho Guerreiro (PRB), a corrida rumo à prefeitura de Mesquita.
A opção pela renovação promovida por 49,91% dos eleitores reforça a expectativa de mudanças no município. Aos 46 anos, o empresário do setor de telecomunicações promete trazer a experiência adquirida no setor privado à gestão da cidade mais jovem da Baixada Fluminense. “Fazer o mínimo funcionar”, diz Jorge, é a tônica da gestão. A vitória no pleito, entretanto, foi apenas o primeiro obstáculo superado pelo prefeito eleito. O orçamento comprometido por dívidas e falta de apoio na Câmara são alguns dos desafios de Miranda. Recentemente, o futuro prefeito da Caçulinha da Baixada esteve em Brasília. Na capital federal conversou com o Presidente da República Michel Temer e falou dos seus planos e necessidades, a partir do primeiro dia de janeiro de 2017.
>> JORNAL DE HOJE – As eleições mostraram que o senhor tem a maior parte da população de Mesquita ao seu lado. No entanto, essa realidade não se replica na Câmara. Sua coligação não conquistou nenhuma cadeira. Como será governar com os vereadores, que até então eram seus oponentes?

>> JORGE MIRANDA – Os vereadores não são meus rivais. Prefiro acreditar que eles priorizarão o bem estar dos mais de 160 mil habitantes. Espero que eles estejam preocupados com a cidade, não com o próprio umbigo. As questões partidárias estão fora do jogo.

>> JH – As pendências financeiras entre o Poder Público e fornecedores, até o momento, são incalculáveis. Além disso, o município está com o nome sujo no Cadastro Único de Convênios (CAUC), portanto impedido de celebrar acordos com o Governo Federal para atrair investimentos. Como resolver esses problemas?

>> JM – Temos que ser austeros em nossas contas. Ter o município na mão para que nenhum gasto tenha como destino o ralo. Outro passo é atrair as emendas parlamentares. Já começamos esse trabalho, visitando Brasília e conversando com deputados para trazer esse dinheiro. Isso dará sobrevida ao município nesse tempo de crise que estamos enfrentando. Essa verba desonerará o caixa.

>> JH – Além das dívidas deixadas pelo atual governo, o fundo de previdência dos servidores estatutários, o MesquitaPREV, também está em apuros. Ao menos R$ 28 milhões, como comprovam documentos, teria sido resgatado pela administração nos últimos anos, dinheiro que pode fazer falta quando aposentadorias e licenças se tornarem mais frequentes. Como o senhor pretende agir nesse caso?

>> JM – Vamos entrar em auditoria para avaliar essa questão. Mas não só no MesquitaPREV. Toda conjuntura fiscal do município precisa ser analisada. Outro aspecto que pode nos ajudar é a relação com o Ministério das Cidades, que é controlado pelo PSDB. Fui o único eleito do partido na região metropolitana do Rio. Acredito que isso também colaborará com o diálogo junto ao Governo Federal.

>> JH – Em poucos meses o senhor terá a caneta na mão e será o prefeito de fato na cidade. Como anda a transição entre as administrações?

>> JM – Não houve nenhum contato ainda. Mas as ações do governo que perdeu estão sendo ruins. Está acabando com o que ainda resta. Vamos protocolar uma equipe para transição. Caso não seja aceita, não dispensaremos entrar com uma ação na Justiça.

>> JH – Seu partido elegeu em São Paulo, ainda no primeiro turno, o empresário João Dória. Guardadas as devidas proporções, vocês sustentaram discursos muito parecidos, ressaltando a experiência em gestão privada e vida financeira independente da política. Essa semelhança indica alguma coisa?

>> JM – A população está cansada da figura do político que muito promete e pouco cumpre. Nossas campanhas prometeram que o mínimo seria posto para funcionar. Isso já é muito! O básico, bem estruturado, trará condições para que o município ofereça serviços públicos mais eficazes. Quando você administra para todos, sabendo que o dinheiro é de todos. Impossível pensar em serviços que não funcionem.

>> JH – No primeiro ano de governo que pastas receberão atenção especial?

>> JM – Saúde, Educação e Fazenda. Nesta ordem. A Saúde não espera e está acabada. Quem está doente hoje precisa de solução imediata. A Educação trata do futuro. E a Fazenda viabiliza financeiramente todos os processos.

>> JH – O senhor evoca constantemente a tecnologia como uma necessidade da administração. No que você acha que ela ajudará em sua gestão?

>> JM – Trabalhar com tecnologia em mãos torna os processos mais eficazes. A falta dela na Fazenda, por exemplo, faz com que o morador tenha o IPTU cobrado duas vezes. Conseguiremos resolver isso com a informatização. Na saúde a tecnologia também ajuda bastante o setor de regulação. Um paciente que necessitar de remédios de uso contínuo vai estar cadastrado. Dessa forma fica mais fácil saber quando e em que farmácia ele vai retirar o medicamento.

>> JH – Seu plano de governo aplica a tecnologia também na segurança, com a construção do centro de monitoramento. Nova Iguaçu e Nilópolis, cidades que fazem fronteira com Mesquita já dispõem desse equipamento, que também estava nos planos do governo atual. Dessa vez vai sair do papel?

>> JM – Acredito que ainda no primeiro ano consigamos licitá-lo. Vejo que esse equipamento seja um reforço oferecido pela prefeitura em benefício da segurança pública. As imagens inibem a ação de bandidos e ajudam na investigação de casos.

>> JH – Como sua administração pretende lidar com os mototaxistas?

>> JM – O governo atual agiu de forma não muito ética durante a campanha dizendo que eu acabaria com esse serviço. Isso é uma loucura. Reconheço que eles são muito importantes no deslocamento da população. Minha intenção é, antes de qualquer decisão por regulamentação, iniciar uma conversa com a classe.

>> JH – E sobre o seu secretariado, já existem nomes pré-escolhidos?

>> JM – Não há nada ainda definido, mas temos a preocupação de trazer nomes técnicos para ocupar as pastas. A nossa dificuldade são os salários baixos oferecidos pela municipalidade. Mesmo assim, estamos em busca de nomes. Por enquanto, definidos, só os cargos de prefeito e vice-prefeito.
por Jota Carvalho

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