*Carlos B. González Pecotche
A timidez reflete um estado de abatimento do ânimo que inibe o ser em seu trato com os semelhantes, prejudicando quase sempre o valor das próprias aptidões, que ficam diminuídas e até negadas pela coibição que ele experimenta tanto ao falar como ao atuar.
O complexo psicológico da pessoa escravizada por esta falha está demarcado pelo efeito sugestionante que o olhar alheio produz sobre seu ânimo, efeito que se traduz em temor ou fracasso, ao ridículo, ao desacerto; temor de não saber expressar com exatidão aquilo que se pensa ou sente, no qual toma parte muito ativa a subestimação de si mesma e o escasso mérito que atribui a suas idéias e qualidades, em contraste com o valor excessivo que concede os alheios.
É na infância e na adolescência que pais e professores devem combater os sintomas desse complexo de temor, vergonha e covardia, que é a timidez, ou impedir seu aparecimento.
Quantos sofrimentos poderiam ser evitados se o ser humano fosse liberado a tempo de semelhante opressão!
Qualquer criança pode contrair este defeito, se for submetida a um trato repressivo que tolha sua espontaneidade, e se não lhe for dado o apoio de que necessita para crescer livre de temores, confiante em suas forças e na capacidade que desenvolva. Mas acanhada por natureza, a criança tímida seguramente terá seu mal agravado se procederem inadequadamente com ela. Cortar-lhe com rigidez o uso da palavra, envergonha-la ou confundi-la, criticando seus ditos ou argumentações, priva-la do exercício saudável que a convivência com seus semelhantes implica; menosprezar suas iniciativas, desejos ou decisões, em vez de alenta-las, conforme convenha à anulação de seu defeito, tudo isso são partes de uma conduta que aumentará a coibição que a retrai, e que está negando à sua natureza o prazer de manifestar-se livremente.
A timidez, que com freqüência assume características de complexo de inferioridade, é conseqüência da falta de confiança em si mesmo.
A pessoa que padece seus prejudiciais efeitos é com freqüência avassalada pelo temor, que a torna insegura, a envergonha e confunde. Nada mais aconselhável então, que bloquear o efeito com pensamentos de entusiasmo, otimismo e coragem, para poder, assim, dominar os impulsos internos com vistas à sua total normalização.
Agilizando a mente com o estudo, prática e conhecimento da atividade dos pensamentos desenvolvem dentro do próprio campo mental, o tímido obterá como resultado um aumento gradual de seu próprio valor. Conseqüentemente, em virtude desse exercício ele adquirirá maior facilidade de expressão, pois que, efetivamente a inteireza, que estimula o ânimo e permite expressar-se com desembaraço.
A timidez é má companheira, e quanto antes a pessoa puder se livrar dela, tanto mais à vontade se sentirá entre seus semelhantes e mais vantagem obterá de sua nova forma de ser.
*Carlos B. González Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br