Manifestantes invadem Alerj e protestam contra ‘pacote de maldades’

Manifestantes invadiram a Assembléia e irritaram o presidente da Casa Jorge Picciani

Manifestantes invadiram a Assembléia e irritaram o presidente da Casa Jorge Picciani

Um grupo de manifestantes, formado por servidores da Segurança Pública do Rio, invadiu a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), na tarde de ontem. O protesto, que começou de forma pacífica e do lado de fora do Palácio Tiradentes, radicalizou após os manifestantes tentarem dialogar com parlamentares e não serem recebidos de forma espontânea. Tapumes que contornavam a entrada da Casa foram arrancados.
A invasão provocou correria dentro da Alerj e o deputado estadual Wagner Montes (PRB) chegou a ser cercado pelos manifestantes. Após a confusão, o controle de entrada foi perdido e muitas pessoas acessaram o local. Houve depredação. Algumas das pessoas que protestavam gritavam “Uh, é Bolsonaro!”.
O protesto dos servidores é contra o pacote de “maldades”, apresentado pelo governo na semana passada, além do possível atraso nos salários este mês. “Acabou o caô, isso aqui vai virar um inferno”, gritam os manifestantes.

Gabinete do deputado Wagner Montes foi depredado  Foto: Reprodução/WhatsApp

Gabinete do deputado Wagner Montes foi depredado
Foto: Reprodução/WhatsApp

Com faixas e cartazes, os funcionários criticam as duras medidas que o governo levou para votação na Alerj e pediram mais respeito às categorias. Entre as medidas estão a contribuição do servidor público, os cortes de cargos comissionados, aumento de impostos, suspensão de programas sociais e reajuste de salários do funcionalismo. O projeto deve começar a ser discutido no dia 16.
Em nota, o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), repudiou a ação e a classificou como ”um crime e uma afronta ao estado democrático de direito sem precedentes na história política brasileira”.
O deputado afirmou ainda que os protestos não irão impedir o funcionamento da Casa. “No dia 16, iniciaremos as discussões das mensagens enviadas à Alerj pelo Poder Executivo. Os prejuízos causados ao patrimônio público serão registrados e encaminhados à polícia para a responsabilização dos culpados”, completou.

Hugo convoca reunião da bancada
para discutir intervenção no Rio

Coordenador da bancada do Rio de Janeiro na Câmara, o deputado federal Hugo Leal (PSB/RJ) convocou para esta quarta (9) uma reunião do grupo, em Brasília, para discutir a crise no estado. “O governo estadual não tem como honrar seus compromissos. Uma intervenção federal é o único caminho para a União poder ajudar o Rio a pagar servidores e manter os serviços públicos funcionando”, argumentou Hugo Leal.
Além da proposta de intervenção federal que será apresentada pelo coordenador, a bancada do Rio de Janeiro – composta por 46 deputados – vai discutir ainda o pacote anti-crise enviado pelo governador Luiz Fernando Pezão à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Para o deputado Hugo Leal, o pacote mostra o desespero do governo estadual. “Quem ajudou a atirar o Rio de Janeiro até a crise, não tem condições de tirar o estado do buraco”, criticou.
O pacote anti-crise encaminhado à Alerj reúne 22 projetos. Entre as medidas estão o aumento do desconto previdenciário dos servidores de 11% para 14% e o aumento da tarifa do Bilhete Único de R$ 6,50 para R$ 7,50 em 2017. Uma das mudanças mais radicais é para aposentados e pensionistas que recebem menos de R$ 5.189. Hoje isentos de contribuição previdenciária, eles passarão a ter desconto de 30% do salário, caso a proposta seja aprovada. A duração proposta da alíquota extra é de 16 meses.
Para o deputado federal Hugo Leal, as condições constitucionais para a intervenção já estão presentes no Rio de Janeiro. “Garantir a ordem pública e reorganizar as finanças de uma unidade da federação estão entre as hipóteses previstas para a intervenção federal. A calamidade nas finanças já foi até decretada. E a ameaça à ordem pública está evidente”, afirmou o coordenador da bancada do Rio na Câmara dos Deputados.

Após duas horas manifestantes vão embora cantando hino

Um grupo de manifestantes que ocupou o prédio da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro contra o pacote de medidas econômicas do governo do estado, desocupou o prédio às 17h, após cerca de duas horas de barulho e até quebra-quebra.
A maioria dos manifestantes era de policiais, bombeiros e agentes penitenciários. Eles ocuparam o plenário e discursaram contra as medidas de corte de gastos.
Do lado de fora, milhares de manifestantes continuaram protestando contra o pacote, que prevê o desconto de até 30% dos salários e aposentadorias de servidores estaduais.
Após votação do projeto, o grupo que ocupou o plenário deu as mãos, rezou um Pai Nosso e decidiu sair pela porta da frente da Alerj cantando o Hino Nacional. Os manifestantes foram recebidos com muitos aplausos da multidão que protestava do lado de fora do edifício.
O prédio da Alerj, que é patrimônio histórico, sofreu algumas avarias, com portas arrombadas, vidros quebrados e móveis danificados. A sala da vice-presidência foi totalmente depredada.

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