Acabou o amor: Cabral ‘entrega’ Pezão na Polícia Federal

MUI AMIGO! O ex-governador (D) tirou o corpo fora no esquema Maracanã e jogou Pezão (E) no fogo

MUI AMIGO! O ex-governador (D) tirou o corpo fora no esquema Maracanã e jogou Pezão (E) no fogo

O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral declarou em depoimento à Polícia Federal que o atual governador, Luiz Fernando Pezão, foi o responsável pela licitação de reforma do Maracanã. Cabral foi preso na semana passada pela Operação Calicute, sob suspeita de chefiar um esquema de corrupção que movimentou R$ 224 milhões em propina e envolveu, entre outras, a obra no estádio. Ele prestou depoimento no último dia 17.
Cabral disse à PF que sempre foi acompanhado dos secretários de Obras a reuniões com as construtoras responsáveis pela reforma. A pasta foi ocupada por Pezão e depois por Hudson Braga, sob cuja gestão a obra foi finalizada. Braga também foi preso pela Operação Calicute, na semana passada.
A declaração de Cabral foi uma resposta a seu próprio advogado, Ary Bergher, que questionou o cliente sobre quem era o secretário de Obras responsável pela licitação de reforma do Maracanã. Cabral acrescentou que os secretários realizaram várias visitas ao estádio e ele, apenas “umas duas”.
O ex-governador disse que, como secretário de Obras e coordenador de infraestrutura, Pezão tinha contato com o empresário Fernando Cavendish, da Delta, e com outros empreiteiros.
Cabral também afirmou que Pezão o apresentou a Hudson Braga que era subsecretário de Obras (na gestão Cabral) e depois assumiu a Secretaria de Obras, com a saída de Pezão do cargo. À época, Pezão assumiu a Coordenadoria de Infraestrutura do estado. A assessoria de imprensa do governo do estado informou que Pezão não iria comentar as citações.
>> “Mentiras absurdas” sobre propinas – No depoimento, Cabral se referiu às declarações dos executivos da Andrade Gutierrez e da Carioca Engenharia como “mentiras absurdas”. As informações foram prestadas em delações premiadas da Operação Lava Jato e fundamentaram a Operação Calicute como desdobramento.
Cabral negou que tenha interferido em assuntos ligados à Petrobras e ao Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) e disse que é mentira que tenha solicitado propina nas obras de terraplanagem do complexo.
O ex-governador também negou ter intercedido junto a clientes do escritório de advogacia da ex-primeira-dama Adriana Ancelmo e declarou que também não tem conhecimento da “taxa de oxigênio” que teria sido paga a Hudson Braga. Segundo o Ministério Público Federal, a propina seria de 1% do valor das obras envolvidas.
Sérgio diz que governou pelo
‘crescimento econômico’ do Rio

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) afirmou à Polícia Federal que “sua política foi voltada para o crescimento econômico do Estado”.
“Indagado se alguma vez foi beneficiado com contratos, pagamentos de propina e realização de contratos de auditorias e ou outros pelas empresas que receberam incentivos fiscais, o depoente esclarece “que não e que toda a sua política foi voltada para o crescimento do econômico do Estado; que consigna ainda que no seu período o Estado passou de uma arrecadação de ICMS de R$ 26 bilhões para cerca de R$ 75 bilhões”, afirmou Sérgio Cabral.
O Rio vive uma de suas piores crises econômicas da história, e o rombo nas contas públicas é estimado em R$ 17,5 bilhões. O governador Luiz Fernando Pezão, sucessor e aliado de Sérgio Cabral, tenta passar um polêmico pacote de medidas de austeridade na Assembleia Legislativa do Rio.
Entre as propostas está o adiamento de aumentos salariais aprovados em 2014 que entrariam em vigor em 2017 ou 2018 e a extinção de programas sociais como o Renda Melhor. A análise do pacote, pelos deputados estaduais, tem sido acompanhada por manifestantes que protestam a cada sessão do Legislativo.
Contra o ex-governador, foram expedidas duas ordens de prisão, uma do juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, e outra do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal do Rio. Na decisão em que autorizou a prisão do peemedebista, Bretas ligou “custo-corrupção” ao rombo orçamentário no Rio.
Ao comparar os crimes de corrupção aos praticados com violência ou ameaça à pessoa, o magistrado salientou que os casos que “envolvem corrupção, de igual forma, têm enorme potencial para atingir, com severidade, um número infinitamente maior de pessoas” uma vez que os recursos públicos que são desviados por práticas corruptas “deixam de ser utilizados em serviços públicos essenciais, como saúde e segurança pública”.
“Com a corrosão dos orçamentos públicos, depreciados pelo “custo-corrupção”, toda a sociedade vem a ser chamada a cobrir seguidos “rombos orçamentários”. Aliás, exatamente essa é a razão que levou o governador do Estado do Rio de Janeiro em exercício a decretar, no dia 17 de junho deste ano, o Estado de calamidade pública devido à crise financeira. E esta situação não se dá apenas neste Estado, mas em praticamente todos os entes desta Federação. A própria União, há poucos meses, revelou ao país que a previsão para o resultado orçamentário deste ano de 2016 é de um prejuízo da ordem de mais de 170 bilhões de reais”, afirmou Bretas, responsável pelos processos da Lava Jato no Rio de Janeiro. (AE)

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