Nestor Cerveró pega 5 anos de cadeia por lavagem de dinheiro

Ex-diretor da Petrobras comprou um apartamento no Rio com recursos oriundos de uma empresa offshore  Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Ex-diretor da Petrobras comprou um apartamento no Rio com recursos oriundos de uma empresa offshore
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró a cinco anos de prisão por lavagem de dinheiro. De acordo com a sentença, o ex-diretor comprou um apartamento no Rio de Janeiro com recursos oriundos de uma empresa offshore dirigida por ele, segundo a acusação do Ministério Público Federal (MPF). Cerveró está preso preventivamente desde o dia 14 de janeiro.
De acordo com investigadores da Operação Lava Jato, parte da propina recebida por Cerveró, durante o período em que ocupou o cargo de diretor da Petrobras, foi procedente do exterior, por meio de empresas sediadas no Uruguai, na Inglaterra, na Espanha e na Suíça. Como prova do crime de lavagem de dinheiro, o MPF citou a compra de um apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões, no Rio, por meio da empresa Jolmey do Brasil, criada para ocultar o dinheiro recebido pelo ex-diretor. “Nestor Cerveró não logrou explicar de maneira convincente porque declarou no inquérito o pagamento de R$ 8 mil reais mensais de aluguel e ainda alterou a versão anterior dos fatos, agora, alegando que, em 2012 e 2013, não mais teria pago aluguéis, mas apenas valores de condomínio e garagista, o que não faz muito sentido já que os pagamentos constam, na declaração de rendimentos, como tendo sido feitos à Jolmey (empresa de fachada)”, argumentou Moro.
Na ação penal, a defesa de Cerveró alegou que ex-diretor era apenas o locatário do imóvel e que o valor do aluguel foi reduzido por conta de reformas realizadas por ele.

Empreiteiros ficam calados e
são dispensados de depoimento

Dois empreiteiros que seriam ouvidos na tarde de ontem na CPI da Petrobras foram dispensados após anunciarem que exerceriam o direito constitucional de ficarem calados em todos os questionamentos. Seriam ouvidos os ex-presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, e o ex-presidente da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro. “Conforme orientação de meus advogados, vou ficar em silêncio”, avisou Auler. “Comunico respeitosamente que ficarei em silêncio seguindo a orientação dos meus advogados”, repetiu Léo Pinheiro. Os executivos seriam ouvidos na condição de investigados.
A CPI ainda ofereceu a opção de fechar a reunião para ouvi-los, mas ambos mantiveram a decisão de não falar aos deputados. O procedimento é o mesmo adotado pelo ex-vice-presidente da Engevix, Gerson Almada, em depoimento na semana passada. “Os que fizeram delação têm obrigação de falar, os que não fizeram não”, explicou o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) aos parlamentares revoltados com a dispensa dos depoentes. Motta argumentou que seria improdutivo mantê-los na sessão sem que respondessem às indagações dos membros da comissão.

Para relator, depoimento de
ex-vice da Camargo foi bom

O petista Luiz Sérgio persegue a ideia de que a corrupção vem de governos anteriores à Lula

O petista Luiz Sérgio persegue a ideia de que a corrupção vem de governos anteriores à Lula

Mesmo com dois depoentes em silêncio na sessão de ontem, o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ), considerou produtivo o depoimento do ex-vice-presidente da Camargo Corrêa Eduardo Hermelino Leite à CPI da Petrobras. Em quatro horas de oitiva, Leite afirmou que herdou a prática de pagamento de propina quando assumiu os contratos com a Petrobras.
“O dado novo é que ele deu continuidade a contratos assinados em 2002. Isso reforça a tese de que o esquema vinha de muito tempo atrás”, comentou Luiz Sérgio.
Leite, que chegou a se emocionar durante o depoimento, contou que assumiu a vice-presidência da empreiteira em 2011 e que foi cooptado por um esquema pré-existente. Segundo ele, seus antecessores Leonel Viana e João Auler passaram a orientação de que a Camargo Corrêa deveria continuar pagando propina ao esquema, caso contrário teria dificuldades com a Petrobras. “Não me via cometendo um crime, era algo que já existia, que era funcional”, declarou.
Desde a criação da CPI da Petrobras na Câmara, os petistas vêm atuando para incluir a gestão Fernando Henrique Cardoso nas investigações, mas esbarram no regimento da Casa. Como o pedido de criação da comissão tem como foco as irregularidades na estatal do período de 2005 a 2015, a bancada do PT vem procurando formas de avançar na apuração de supostos desvios ocorridos no governo tucano. Os petistas argumentam que a corrupção não surgiu nos últimos 12 anos.

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