Deficiência: Irritabilidade Antideficiência: Temperança

*Carlos B. Gonzáles Pecotche
Esta deficiência violenta o caráter, ocasionando angústia no ânimo que dela padece. Esconde-se às vezes, por trás de uma modalidade aparentemente calma e, também, sob a aparência jovial do individuo.
Tem origem em uma alteração psíquica e nervosa ocasionada por conflitos internos nos quais influem o sentir e o pensar. Revela quase um estado permanente de desgosto e enseja manifestações contraditórias do ânimo. A um instante de otimismo segue-se bruscamente outro de pessimismo; a um de prazer, outro de acrimônia; e assim sucessiva e inevitavelmente. No fundo, oculta-se um descontentamento que aflora à superfície por qualquer circunstância propícia. É um misto de amargura e violência, uma alergia mental que provoca frequentes crises de ânimo. Daí que o irritável reaja, geralmente, por motivos mais aparentes que reais.
A irritabilidade é um fator de perturbação psíquica e moral que atraiçoa constantemente o próprio sentir. Produzindo o descontrole mental, surge fácil a violência que, mesmo quando temperada pela educação, manifesta a dissonância na conduta e, por conseguinte, o desconcerto no semelhante.
Esta deficiência acentua-se quase sempre por indução de outras formas negativas de sentir – como a inveja, por exemplo, que costuma oferecer múltiplos motivos para a reação violenta do ânimo, quer se trate do êxito de Fulano, da facilidade com que Beltrano solucionou seus problemas, ou de qualquer outro motivo que comova a pessoa em sua pretensão de triunfadora única.
Conterá a ação destruidora e deprimente desta deficiência a temperança, sedativo psicológico que modera as asperezas do temperamento até a sua total extinção.
A temperança é uma virtude conatural, cujo possuir traz consigo como sinal de seu avanço na grande experiência evolutiva.
Quando se trata de adquiri-la para opô-la a uma deficiência como a irritabilidade, é necessário o maior e mais persistente esforço, até alcançar a satisfação do propósito. O simples intento de consegui-lo debilita em certo grau a deficiência, ainda que isso seja apenas o primeiro passo. É preciso fazer muito mais: é preciso experimentar a fundo as delícias que proporciona o prazer de domar uma característica tão pouco favorável e que põe em guarda todos aqueles que convivem com quem revelou ser sua vítima.

*Carlos B. Gonzáles Pecotche – Autor da Logosofia – www.logosofia.org.br – rj-novaiguacu@logosofia.org.br – Te: (21) 27679713 – 3ª, 4ª, 5ª das 18:00 as 21:00h

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