Miranda promete gestão austera em Mesquita

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Prefeito eleito vai fechar a sede do Poder Executivo para balanço. Ele prevê déficit de mais de R$ 100 milhões no caixa da prefeitura
Fotos: Diego Valdevino/Jornal de Hoje

Administração correta dos recursos para o bom funcionamento da máquina pública. Esta é a promessa de Jorge Miranda, prefeito eleito em Mesquita pelo PSDB, para recolocar o município nos eixos. Diferentemente de tantos outros candidatos e governantes aclamados pelo povo, o empresário de 46 anos não planeja, pelo menos por enquanto, construir escolas ou postos de saúde. Seu objetivo principal é pôr em funcionamento as unidades já existentes.
Em entrevista exclusiva ao JORNAL DE HOJE, Jorge Miranda, que venceu as eleições do dia 2 de outubro derrotando o atual prefeito e candidato à reeleição, Gelsinho Guerreiro (PRB), avalia a gestão de seu rival na disputa deste ano e aborda temas como a relação com os vereadores eleitos em Mesquita, os prefeitos das outras cidades da Baixada e os principais desafios que ele deverá enfrentar como chefe do Poder Executivo.

Jornal de Hoje: Qual a sua avaliação sobre o governo de Gelsinho Guerreiro em Mesquita?
Jorge Miranda: Os números já não falam por si, eles gritam. Nós pegamos o governo com mais de R$ 20 milhões em caixa. Hoje ele deixa com um déficit absurdo que deve estar acima dos R$ 100 milhões com fornecedores de todas as áreas. Eu digo “nós”, pois fui secretário de Saúde no início da gestão de Gelsinho, em 2013. Foi como secretário que eu vi que dava para fazer algo melhor pelo município. Fiquei apenas seis meses, mas deixei um bom legado, principalmente na informatização dos processos, que hoje já não existe mais. A implementação do prontuário eletrônico que o Governo Federal exigia que posse feito até o dia 10 de dezembro deste ano foi feita por mim em 2013, mas eles não continuaram com o projeto.

JH: Como será seu primeiro ano de governo?
JM: Vamos fechar a prefeitura por 15 dias, para fazermos um estudo de viabilidade de tudo o que está lá, pois não houve transição. Ganhamos na Justiça, mas eles dificultam o acesso às informações e a gente fica sem saber o que temos lá dentro. Então não há outra possibilidade que não seja fechar para balanço e reabrir aos poucos. Hoje os postos de saúde já não abrem, estão todos fechados. Crianças ficavam de 9h às 11h na escola, pois não tinham o que comer. Eu costumo dizer que nós vamos reconstruir Mesquita através de uma nova emancipação.

JH: Você imagina que os principais desafios serão nas áreas de Saúde e Educação?
JM: Os desafios serão em todas as áreas. Não sabemos nem se há dinheiro para pagar os servidores. A Saúde eu tenho um carinho especial por ter sido secretário da pasta. E dá para estruturarmos isso de uma forma diferente do que foi visto durante estes quatro anos que o prefeito esteve no poder. Vamos investir muito na informatização dos processos.

JH: Você pretende reabrir o Hospital São José?
JM: O prédio não é nosso, é da Unig (Universidade Iguaçu). E não há possibilidade de reabrir a unidade diante das novas normativas da Saúde, não há estrutura para que ele funcione lá. Teria que derrubar o prédio e fazer um novo hospital. Nós vamos investir na atenção básica, na prevenção. Vamos reabrir todos os postos, eles serão estruturados e informatizados.

JH: E as escolas? Serão construídas novas unidades?
JM: Não vamos abrir absolutamente nada. Vamos manter o que tem.

JH: Então qual será seu grande projeto?
JM: Meu projeto é o bom funcionamento da máquina pública. É a pessoa chegar no posto de saúde e ele estar funcionando, é ter escolas de qualidade. Passei a campanha toda prometendo o bom funcionamento da máquina pública, é o básico estruturado e funcionando muito bem.

JH: Embora a segurança pública seja um dever do Estado, você pretende investir no setor.
JM: Sim. Fui convidado pelo Farid (Abrão, prefeito eleito em Nilópolis) para fazermos o Cinturão da Baixada e a gente está discutindo a melhor forma de cada um colaborar para tentarmos diminuir a violência na região. Agora o que posso fazer é ver o RAS (Regime Adicional de Serviço), o impacto financeiro na conta se eu contratar o policial na hora vaga para trabalhar para a gente. Se eu tiver fôlego e um município bem estruturado eu vou investir muito nisso. Eu preciso saber o tamanho do meu financeiro.

JH: Como está sendo feita a formação do seu secretariado? Pode nos adiantar alguns nomes?
JM: Serão todos secretários técnicos, com vivências significativas em outros lugares. Então a gente acredita que em pouco tempo vai ter o gerenciamento completo de todas as áreas e será mais fácil gerir o município.

JH: Os secretários são de Mesquita?
JM: Não. Todos eles são de fora do município.

JH: Você não teme receber críticas por trazer pessoas de fora? Queimados, por exemplo, terá um secretariado 100% da cidade.
JM: De forma alguma. Eu penso no objetivo final. Aqui é quadro técnico. Se alguém me indicar uma pessoa de dentro de Mesquita que seja mais capacitada para alguma das funções não haverá problema algum. O importante é o resultado que ela poderá me trazer em pouco tempo, é a vivência administrativa, não o município de onde ela vem.

JH: Algum vereador pode ser escolhido para assumir determinada secretaria?
JM: Não há possibilidade nenhuma de algum vereador assumir qualquer pasta. Nunca houve e nunca haverá.

JH: Por falar nos vereadores, como tem sido a relação com eles?
JM: Estou buscando uma boa relação com os vereadores. Eles devem ter percebido que fizeram parte de todo esse retrocesso nunca visto na história do município e estão bem dispostos a fazer parte de um novo governo, com outras pessoas, outra forma de condução. Espero que eles também estejam bastante atentos a população, pois ela está depositando muita esperança na gente.

JH: E com os prefeitos eleitos nas outras cidades?
JM: Tenho participado de alguns encontros com os prefeitos eleitos na Baixada e tenho tido um bom entendimento com todos eles. Tenho grande amizade com o Dr. João (eleito em São João de Meriti), o Farid Abrão (eleito em Nilópolis) é um grande irmão, o Carlinhos Moraes (eleito em Japeri).

JH: Esta boa relação com os outros prefeitos será importante, principalmente devido a falta de um hospital em Mesquita.
JM: Certamente. Vamos estruturar melhor a área de regulação e administrando bem os recursos será possível fazer convênios para operar nossos pacientes em hospitais de outros municípios. Mas repito: vamos investir muito na atenção básica.

JH: Qual mensagem você deixa para os mesquitenses?
JM: A única coisa que nos resta é a esperança. Como já disse, os números gritam, não falam mais. O município está completamente arrasado, sem um posto de saúde aberto, as finanças completamente comprometidas, sem a parte estrutural do funcionalismo público deixar qualquer tipo de legado. Não vai ficar nenhum legado. O que eu trago é a esperança de dias melhores e peço paciência. Vamos ter muito trabalho para diagnosticar tudo o que foi feito errado, ser um governo bem austero para colocar as coisas em dia. Só há uma possibilidade de mudarmos esta história de forma rápida: é trabalharmos juntos. Não há outra forma. A população, sociedade civil, o meio político, todos nós só vamos mudar esta realidade se fizermos juntos.

JH: E qual legado você pretende deixar ao final do seu mandato?
JM: O que quero deixar daqui a quatro anos é o bom funcionamento da máquina pública. Previsível na sua prestação de serviços, que seja de qualidade e faça diferença na vida do cidadão.

 

por Raphael Bittencourt (raphael.bittencourt@jornalhoje.inf.br)
Diego Valdevino (diego.valdevino@jornalhoje.inf.br)

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