Jânio Quadros, a vassoura em ação

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*Nelson Valente

Jânio Quadros foi, sem dúvida, uma das figuras mais importantes da vida política do Brasil neste século, pelos muitos contrastes de sua extraordinária e seu estilo peculiar e exótico de tratar as coisas do Estado.
Antes de ser vereador, deputado estadual, prefeito, governador, deputado federal ou presidente, Jânio da Silva Quadros era professor de português. Desde então sabia – e não esqueceu – que há uma força oculta em cada palavra ou gesto, capaz de ser desencadeada a um mágico toque. Talvez por isso ele mesmo compõe seus discursos mais importantes, dispensando zelosamente a colaboração de secretários. Artista completo, sua parte não está somente nas palavras. Em horas trágicas ou solenes, a composição de sua imagem parece levar a um único fito: o desconcerto. O senso crítico era sua grande arma.
Na carreira meteórica, que o levou de vereador a presidente em apenas 12 anos, ele já havia criado mitos suficientes sobre si mesmo: a fala rebuscada; a caspa deixada propositadamente no paletó para se assemelhar a um homem comum; o temperamento forte; o populismo levado ao extremo – Jânio pouco lembrava a figura presidencial de Getúlio Vargas ou Juscelino Kubitschek. Jânio é considerado um grande marqueteiro da política nacional.
Sua sintaxe era um caso à parte. Em seus discursos procurou sempre utilizar um vocabulário apurado, recheado por frases de efeito. É um enigma saber como conseguia se comunicar de forma eficiente com seus eleitores, a maioria sem instrução escolar.
Ninguém na história deste País arrebatou multidões tão apaixonadas, mãos levantadas em aplausos e tão plenas de esperanças quanto ele. Tudo era ao vivo. Suas maneiras de convencimento eram devastadoras. O comício era o grande cenário; ele, o próprio espetáculo. Ele foi o nosso primeiro e grande comunicador político a utilizar técnicas não convencionais. Carregava nos tons da voz, que levantava no exato instante os temas da paixão. Despertava o ódio, açulava a revolta, levando multidões ao delírio. Em seguida, suavemente dizia o que todos queriam ouvir: a mensagem salvadora. A multidão, aquele mar agitado, parava para escutá-lo, subjugada. Jânio da Silva Quadros, refez a linguagem política do País. Assim era Jânio.

*Nelson Valente é autor de “Jânio Quadros, a vassoura em ação!”.

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