Cármen Lúcia homologa as 77 delações de executivos da Odebrecht um dia antes

Contrariando expectativas, a ministra-presidente do STF agiu rápido sem se importar com críticas
Foto: José Cruz/ABr

Um dia antes da data prevista, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, homologou os 77 acordos de delação premiada da empreiteira Odebrecht.
Há dias, o procurador da República Deltal Dallagnol, em entrevista à Agência France Press, disse que essas delações devem duplicar o número de personalidades denunciadas e investigadas na Operação Lava Jato.
A ministra Cármen Lúcia preferiu não esperar a designação do novo relator da Lava Jato no STF, dando sequência às providências de oitiva dos delatores, para que confirmassem não terem sido coagidos a prestar depoimento, e para finalmente homologar o acordo.
A presidente do Supremo passou o fim de semana debruçada sobre os acordos de delação. O juiz-auxiliar Márcio Schiefler, braço direito do ministro Teori Zavascki, esteve no STF no sábado. Cármen e Schiefler têm mantido contato constante desde a morte do ministro. Ele assessorou a ministra na análise das delações.
O Supremo retoma os trabalhos após recesso na próxima quarta-feira (1º).

Associação dos Juízes Federais elogia decisão da presidente

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) afirmou, em nota enviada à imprensa na manhã de ontem, que a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, demonstrou “o seu compromisso com a celeridade processual” ao homologar a delação de 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht.
“A delação homologada permitirá a identificação dos envolvidos na prática das infrações penais e na recuperação dos recursos desviados pela corrupção”, diz a nota da Ajufe, assinada pelo presidente da associação, Roberto Veloso.
A decisão da ministra – de homologar ela mesma a delação da Odebrecht – também foi elogiada pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia.
“A homologação é um ato de justiça não apenas à memória do ministro Teori Zavascki, mas de garantia à sociedade de que o julgamento da Lava Jato não será interrompido ou mesmo atrasado, beneficiando corruptos e corruptores”, disse Lamachia. (AE).

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