Confusão no segundo dia de piquetes na porta de batalhões da Baixada

Familiares de policiais militares fizerem piquetes nas entradas dos batalhões de Mesquita e São João de Meriti
Fotos: Ivan Teixeira / Whatsapp

No segundo dia de piquetes na porta de batalhões da Baixada Fluminense (as manifestações começaram no fim da noite de quinta-feira), esposas e parentes de policiais militares fizeram bloqueios na porta de pelo menos 27 unidades da Polícia Militar. Na Baixada, tiveram atos nos batalhões de Mesquita, São João de Meriti, Duque de Caxias, Belford Roxo e Queimados. Apesar disso, segundo a corporação, o policiamento nas regiões continuou normalmente. A situação mais grave aconteceu em frente ao 20ºBPM (Mesquita), onde um major teria sido agredido ao tentar deixar o batalhão.
Um vídeo que está circulando nas redes sociais mostra o major Cláudio Halicki sendo agredido por manifestantes ao sair do 20º BPM na manhã de ontem (10). Mulheres de PMs, que protestam na entrada do batalhão exigindo o pagamento do 13º salário e reajuste para os maridos, tentaram impedir o oficial de deixar a unidade. Halicki foi agarrado diversas vezes pela camisa, recebeu empurrões, tropeçou numa grade e caiu. Mesmo no chão, as mulheres continuaram a xingá-lo de ‘vagabundo’ e a puxá-lo pela camisa. O major teve muita dificuldade para se desvencilhar, mas conseguiu ir embora. Durante as agressões, é possível ouvir algumas manifestantes usando palavrões para xingar o policial. O major, que já comandou várias unidades da Polícia Militar, entre elas o 18º BPM (Jacarepaguá), trabalha no comando de policiamento de área. Sua unidade funciona dentro do 20ºBPM.
Grupo de mais de 50 mulheres, entre elas, esposas, mães, irmãs e filhas de policiais militares estenderam faixas, cartazes e usaram blusas brancas com dizeres: basta. Elas estão acampadas em frente à unidade por tempo indeterminado.
Segundo informações de uma manifestante identificada como Vivian Alencar, esposa de um PM, o ato é para cobrar melhores condições de trabalho, pagamento do Regime Adicional de Serviço (RAS), 13º salário e uma escala mais justa, já que hoje um militar trabalha 24 horas e folga 48 horas. “Nós só iremos sair da porta do batalhão quando o governo cumprir com o a obrigação e quitar toda a dívida com a categoria”, disse.
Elas estão recebendo doações de várias pessoas, como bebidas e alimentos para continuarem acampados no local. Outra esposa de um policial aposentado, Sandra Helena Rodão, se mostrou revoltada com a situação que se encontra a categoria. “Em minha casa já não tem mais nada para comer. Estou vivendo de doações de parentes e amigos. Desde que meu marido foi reformado, o governo nos abandonou”, criticou.
Outra que não quis se identificar, informou que a Prefeitura de Macaé fez um acordo para pagar o 13º dos policiais daquele batalhão. “Questionamos a situação do 20ºBPM que cobre três municípios e as três prefeituras poderiam se unir e seguir o exemplo de Macaé e pagar pelo menos o 13º destes policiais”, lamentou.
Em Duque de Caxias, grupo de mulheres, que seriam parentes de policiais militares do 15ºBPM (Duque de Caxias) foram flagradas esvaziando pneus de viaturas da PM. Em São João de Meriti, mulheres também fizeram bloqueios em frente ao 21ºBPM (São João de Meriti) e o grupo tentou evitar a entrada e saída de militares.
Com o bloqueio nas portas dos batalhões, os policiais estão tentando de tudo para “driblar” as mulheres e conseguirem sair para realizar o patrulhamento nas ruas. Na maioria dos casos, os PMs não estão tendo sucesso. No 24º BPM (Queimados), os policiais usaram escadas para saírem pelos muros das unidades. Entretanto, a “fuga” foi impedida pelos manifestantes.
Ainda em Queimados, o clima ficou quente. De acordo com familiares dos policiais militares que ocupam a frente do local desde a madrugada de sexta-feira, dois soldados da unidade teriam sido presos administrativamente, após desobedecerem a ordem do comandante da unidade, o tenente coronel André Santos Souza e terem retornado ao batalhão com a viatura, impendido assim a rendição de uma nova equipe. Ainda segundo relatos dos familiares dos PMs acampados em frente ao batalhão, a ordem do comandante, era para que todos os policiais que estivessem em prontidão nas ruas permanecessem baseados nos locais de origem, até que fosse feita a rendição da equipe. Como descumpriram a ordem, os PMs teriam sido punidos administrativamente.
Os familiares disseram ainda que o transporte dos policiais estaria sendo feito por um gol prata e um palio weekend cinza. “Os PMs estão tendo que pular o muro dos fundos do batalhão para poder trabalhar”, acusou uma familiar que preferiu não se identificar com medo de sofrer represálias.
A Polícia Militar esteve ontem (10) com 95% de seu efetivo nas ruas, de acordo com o porta-voz da PM, major Ivan Blatz. Em alguns batalhões, policiais enfrentam resistência na porta s para sair às ruas. “É importante para a nossa segurança colocarmos a polícia na rua. Não podemos permitir que cenas de barbáries, que aconteceram no Espírito Santo, se repitam aqui”, afirmou o major Ivan Blaz, porta-voz da corporação.
De 39 batalhões no estado, 27 tiveram protestos. Confira:
Batalhão de Choque – Centro
Coordenação de Polícia Pacificadora – Bonsucesso
6º BPM – Tijuca
7º BPM – São Gonçalo
9º BPM – Rocha Miranda
12º BPM – Niterói
14º BPM – Bangu
15º BPM – Duque de Caxias
16º BPM – Olaria
18º BPM – Jacarepaguá
19º BPM – Copacabana
20º BPM – Mesquita
21º BPM – São João de Meriti
24º BPM – Queimados
25º BPM – Cabo Frio
26º BPM – Petrópolis
27º BPM – Santa Cruz
28º BPM – Volta Redonda
30º BPM – Teresópolis
31º BPM – Barra da Tijuca
32º BPM – Macaé
34º BPM – Magé
35º BPM – Itaboraí
37º BPM – Resende
39º BPM – Belford Roxo
40º BPM – Campo Grande
41º BPM – Irajá

por Diego Valdevino
diego.valdevino@jornalhoje.inf.br
Colaborou: Ivan Teixeira

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