Propina de R$ 2,5 milhões a Andrés Sanchez pelo Itaquerão

Ex-presidente do Corinthians, na foto com o ex-presidente Lula ajudou a engordar o Caixa 2 da campanha de 2014

A delação premiada dos ex-executivos da Odebrecht revelou esquema de propina envolvendo a construção do Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo 2014. De acordo com os relatos, o então presidente do Corinthians Andrés Sanchez (PT) recebeu R$ 2,5 milhões para o Caixa 2 da campanha eleitoral daquele ano, quando Andrés foi eleito deputado federal pelo PT de São Paulo.
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, a revelação foi feita nos depoimentos de Luiz Bueno, ex-diretor da Odebrecht, e Benedito Júnior, ex-presidente de Infraestrutura da empreiteira, e o repasse foi comprovado por meio de documentos.
O intermediário da negociação, segundo as delações, foi feito ao vice-presidente do Corinthians, André Luiz de Oliveira, algo da 26ª fase da Lava Jato sob acusação de ter recebido R$ 500 mil da empreiteira.
A defesa do deputado petista alegou não haver delação direta contra Andrés e que Oliveira já afirmou nunca ter pedido ou recebido “qualquer valor ou vantagem de qualquer natureza em favor ou em nome de Andrés Sanchez”.
Senadores do PMDB receberam
US$ 40 milhões, diz Lava Jato

Sérgio Moro mandou prender dois dos operadores do partido na Petrobras
Foto: TJ-PR

Senadores do PMDB ainda em exercício são alguns dos beneficiados por propinas que chegam a US$ 40 milhões, de acordo com informações da 38ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada ontem (23). De acordo com o procurador da República e integrante da força-tarefa do MPF/PR, Diogo Castor de Mattos, “são pessoas que ainda estão no cargo gozando de foro privilegiado. Senadores, principalmente”.
A Polícia Federal cumpriu, na manhã de ontem, dois mandatos de prisão preventiva e busca e apreensão expedidos pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Os alvos principais – Jorge Luz e o filho dele, Bruno Luz – são dois investigados por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, suspeitos de intermediar propina de forma profissional e reiterada na diretoria Internacional da Petrobras, com atuação também nas diretorias de Serviço e Abastecimento da estatal.
Operadores financeiros do PMDB, Jorge Luz e Bruno Luz, identificados como facilitadores na movimentação de recursos indevidos pagos a integrantes de diretorias da Petrobras, são o alvo da ação. De acordo com o delegado da PF Maurício Moscardi Grillo, Jorge está nos Estados Unidos desde janeiro e Bruno, desde agosto do ano passado. Por isso, os nomes dos dois foram incluídos na Difusão Vermelha da Interpol e podem ser presos por autoridades estrangeiras para que retornem ao Brasil espontaneamente ou por extradição.
Ainda segundo o procurador Diogo Castor de Mattos, “as prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”.

Moro revoga prisão de dono do
jatinho que levava Eduardo Campos

No despacho inicial, Sérgio Moro havia decretado, também, a prisão preventiva do empresário Apolo Santana Vieira, mas um novo despacho revogou a prisão, a pedido do Ministério Público Federal, já que, segundo justificativa do juiz da Lava Jato, Apolo estaria em tratativas para um acordo de delação premiada. O empresário vem a ser dono do jato Cessna que caiu com o candidato à presidência da República Eduardo Campos (PSB) na campanha eleitoral de 2014.
O nome da operação – Blackout – é uma referência ao sobrenome de dois dos operadores financeiros. O objetivo é mostrar a interrupção da atuação dos investigados como representantes do esquema. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
Os pedidos protocolados pela força-tarefa em Curitiba tiveram como base principal os depoimentos de colaborações premiadas reforçados pela apresentação de informações documentais, além de provas levantadas por intermédio de cooperação jurídica internacional. De acordo com o MPF/PR, os dois alvos das prisões desta quinta-feira são suspeitos de utilizar contas no exterior para fazer repasse de propinas a agentes públicos. Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia.
Além disso, esporadicamente os investigados atuavam também em outras diretorias da Petrobras. Na área de Abastecimento, as investigações identificaram a participação deles na intermediação de propinas no contrato de aluguel do terminal de tancagem celebrado entre a Petrobras e a empresa Trafigura, e no contrato de fornecimento de asfalto com a empresa Sargent Marine. Também foi identificada atuação dos investigados no pagamento de propinas para Pedro Barusco, ex-gerente da diretoria de Serviços, decorrente de contratos celebrados com a empresa Sete Brasil para exploração do pré-sal.
Para realização dos pagamentos de propina de forma dissimulada, os alvos desta nova fase utilizavam contas de empresas offshores no exterior. No decorrer das investigações foram identificados pagamentos em contas na Suíça e na Bahamas.
Conforme o procurador da República e integrante da força-tarefa Lava Jato do MPF/PR, Diogo Castor de Mattos, “as prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”.
Ainda de acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, Jorge atuava como lobista na Petrobras desde a década de 1980, mas a operação se restringiu aos últimos 10 anos, quando houve repasse de US$ 40 milhões. “São pessoas que ainda estão no cargo gozando de foro privilegiado. Senadores, principalmente”, afirmou Mattos sobre os beneficiários, sem entrar em detalhes sobre os nomes dos beneficiários.

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