Investigação no TSE: presidência confirma jantar com Odebrecht, mas não cita caixa dois

Marcelo confirmou ter se encontrado com Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014, mas negou ter acertado com ele um valor para a doação
Foto: Lula Marques/Agência PT

O presidente Michel Temer confirmou, por meio de nota, jantar com Marcelo Odebrecht, em maio de 2014. No entanto, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República não cita versão de caixa 2 para o PMDB na campanha eleitoral daquele ano. Temer era vice na chapa com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que ganhou a reeleição.
Segundo delação de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, em dezembro passado, em um jantar no Palácio do Jaburu, Temer solicitou a Marcelo Odebrecht pagamento ao PMDB para a campanha eleitoral de 2014. O valor solicitado, segundo o delator, era de 10 milhões. Parte desse valor deveria ser entregue a Eliseu Padilha, hoje ministro-chefe da Casa Civil. De acordo com o delator, José Yunes, amigo e ex-assessor de Temer, recebeu em seu escritório, em dinheiro vivo, R$ 4 milhões que seriam a parte que cabia a Padilha do valor acertado entre Temer e Marcelo.
Na quarta (1), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Marcelo confirmou ter se encontrado com Temer durante tratativas para a campanha eleitoral de 2014, mas negou ter acertado com o peemedebista um valor para a doação. Ele informou que não houve um pedido direto pelo então vice-presidente da República para a doação de R$ 10 milhões ao PMDB.
Segundo relatos, Marcelo afirmou que o valor já estava acertado anteriormente e que o encontro foi apenas protocolar. De acordo com o empresário, as tratativas para a doação foram feitas entre Eliseu Padilha e Cláudio Melo Filho.
Na nota, a Presidência afirma que o depoimento do empresário confirmou “aquilo que o presidente Michel Temer vem dizendo há meses”. “Houve o jantar (entre Temer e o empresário), mas não falaram de valores durante o encontro e a empresa deu auxílio financeiro a campanhas do PMDB”, diz o texto.
O comunicado ressalta ainda que o PMDB, partido do presidente, registrou o recebimento de R$ 11,3 milhões em doações da Odebrecht para campanhas de candidatos do partido e que o montante foi declarado regularmente ao TSE.
Ao TSE, o ex-presidente da Odebrecht afirmou também que fez doações via caixa 2 para a chapa Dilma-Temer na eleição presidencial de 2014. Segundo ele, 4/5 dos recursos doados pela empreiteira foram feitos via caixa 2. O Palácio do Planalto não se pronunciou sobre esta declaração.

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