Nossa Mãe do céu

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*Diógenes Tenório Júnior

Acompanhei, na semana passada, mais uma procissão de Nossa Senhora da Graça, em Murici. Foi a quadragésima sétima. Na primeira delas, em 1970, ainda estava na barriga da minha mãe; era fevereiro e eu só nasceria em maio seguinte. De lá para cá nunca perdi uma sequer, mesmo tendo às vezes que fazer verdadeiros malabarismos para estar presente. Já deixei pela metade um curso no Rio de Janeiro, já abandonei em pleno sertão um carro que pifou, já fui em pé numa Kombi lotada que quase vergou a minha coluna e já cheguei em cima da hora, com o cortejo dobrando a esquina para o Campo Grande – mas nunca deixei de seguir a charola da minha excelsa intercessora, numas vezes cantando, noutras chorando em silêncio, sempre agradecendo, agradecendo muito pelas bênçãos recebidas.
Maria Santíssima é padroeira de muitas cidades de Alagoas, sob as mais variadas invocações. Nossa Senhora dos Prazeres em Maceió, do Bom Conselho em Arapiraca, da Piedade em Anadia, da Saúde em Piranhas, do Pilar no município homônimo. A mesma Mãe de Jesus, desdobrada em títulos carinhosos para acolher a sua multidão de filhos. Para nós, muricienses, a imagem que conforta os nossos corações e acalenta as nossas almas é a da Virgem de braços abertos e mãos espalmadas, derramando graças abundantes para os que as pedem com fé e confiança. O manto é azul, e nos abriga a todos em suas dobras. Os pés pisoteiam a cabeça da serpente, subjugando-a e vencendo-a. A cabeça está coroada, pois ela é rainha da terra e da corte celeste, e os lábios nos deixam antever um sorriso discreto, quase tímido, de um amor que é todo ternura e mansidão. Ninguém de Murici se sente totalmente só nem desamparado em meio a procelas e tufões, ninguém se perde irremediavelmente nos labirintos do desencanto e da amargura. Se a dor aumenta e o medo avulta, gritamos a plenos pulmões: “Maria, valei-me!”. E o socorro nos chega, o auxílio nos vem, a esperança nos reergue.
Desde que virei adulto e tomei consciência do peso dos meus pecados, faço o percurso da procissão de pés descalços, como fazia minha avó Maria, como fazem até hoje tantos fiéis de todas as idades. É uma pequena mortificação física, um lembrete do nada que somos diante de Deus que nos deu uma protetora tão grande. As pedrinhas machucam o solado, às vezes um pedaço de vidro entra na carne e incomoda por poucos dias, algumas bolhas atrapalham o caminhar. Tudo besteira. Maior é a nossa gratidão e o nosso orgulho de dizer, em alto e bom som, que a Senhora da Graça é a nossa mãe do céu querida, para todo o sempre.
*Diógenes Tenório Júnior é advogado e membro da AAL e do IHGAL.

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