Segurança em foco, por Vinicius Domingues Cavalcante – 10/03

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Segurança em nossas residências

 

No Rio de Janeiro a incidência de roubos a residências (mesmo no que tange à edifícios e condomínios fechados) não é nada desprezível. Prédios sofisticados em endereços nobres são espetacularmente roubados e ficamos todos a imaginar como tais ações se processaram em face de todo um aparato de segurança que as referidas edificações ostentavam. Nunca se poderá descartar a hipótese de aliciamento ou a colaboração forçada de algum morador ou funcionário e por isso seu esquema de segurança deve contemplar tal possibilidade e medidas para fazer frente a elas.
O autor pode narrar um assalto em que um morador de um edifício de classe média, em dívida com os criminosos da “boca de fumo” onde comprava drogas para seu consumo, conduziu os ladrões ao interior do prédio, escondendo-os em seu próprio carro. O veículo identificado entrou no prédio normalmente, conduzido pelo morador e desembarcou os criminosos na garagem, num ponto que não era monitorado pelas câmeras do circuito interno de TV.
Uma vez no interior do prédio, os ladrões surpreenderam o porteiro por trás e ele, numa portaria aberta e excepcionalmente vulnerável, nada pode fazer senão abrir a porta para os demais criminosos que aguardavam do lado de fora. Em boa parte das vezes é o funcionário da portaria que erra e põe tudo a perder. Embora as pessoas tendam a depositar excessiva confiança em sistemas de circuito fechado de televisão e monitoramento de alarme, o fato é que a maioria da mão de obra empregada como porteiro e segurança em condomínios é mal treinada, tem baixa escolaridade e não está à altura de fazer frente a uma criminalidade ardilosa.
Estudando casos de assaltos a edifícios e residências constatamos que a falta de qualificação dos profissionais empregados nas portarias e na segurança residencial vem sendo fator determinante para o sucesso da maioria das ações criminosas. Primeiramente, dever-se-ia atentar para o recrutamento, seleção e contratação de pessoas com idoneidade moral comprovada, obrigatoriamente submetendo-as a algum tipo de investigação social e checagem de referências. Há de se observar também a aptidão profissional, capacidade física e grau de instrução adequados ao serviço.
Um dilema na contratação profissional para condomínios é que aquele “rapaz bonzinho e aparentemente honesto”, oriundo do interior, chega inexperiente e normalmente não avalia bem os riscos de segurança a que seu trabalho está sujeito. Por outro lado, empregar aquele tipo malandro, de fala fácil, que tudo e a todos conhece e se diz “conhecido” dos chefões do tráfico na favela, se constitui num risco muito grande. Embora não estejamos advogando a contratação de “porteiros com nível superior”, dificilmente um analfabeto funcional (do tipo que mal lê e não consegue entender ou explicar o que leu) será capaz de inserir-se no padrão de desempenho exigível dentro de um planejamento de segurança eficaz. Planejamentos de segurança são basicamente uma resposta que se dá a uma necessidade (ou a um conjunto de necessidades) em termos de segurança. Para isso se avalia o problema (ou os riscos) e se busca a melhor resposta para fazer frente a ele. A resposta não necessita ser tecnologicamente sofisticada, dispendiosa ou grandiosa. Como se trata de uma solução (ou mesmo uma tentativa de solução) voltada para o atendimento de uma necessidade específica, precisa apenas estar adequada à situação. Uma vez que detectemos uma possibilidade de ocorrência a qual ainda não possamos prevenir ou para a qual não possuamos uma resposta adequada, devemos revisar nosso planejamento, adotar novas diretrizes, sempre tendo em mente tornar nossa segurança a mais adequada possível.
O autor conhece uma rua sem saída no Rio, assolada por frequentes furtos de veículos à noite, que solucionou seus problemas com um vigia aposentado (daquele tipo de senhor que troca a noite pelo dia), posicionado na segurança de uma guarita elevada e com o acionador de uma estridente sirene. Quando alguém suspeito aparece, ele aciona a sirene e os moradores se encarregam de fazer o resto! Os moradores avaliaram que o problema premente seria o de roubo de carros e adotaram uma solução barata e eficaz.
Depois disso não houve mais roubos, pois o simples aparecimento de um carro estranho fazia soar a sirene. É claro que tal dispositivo não impede outras ocorrências como a de um roubo a residências onde os criminosos tenham o motorista coagido no mesmo carro, mas lembremo-nos que a idéia, ao menos inicialmente seria a de, apenas, evitar o roubo de carros na rua à noite, e isso se conseguiu.

VINICIUS DOMINGUES CAVALCANTE, CPP, o autor, Consultor em Segurança, Diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança – ABSEG – no Rio de Janeiro e membro do Conselho Empresarial de Segurança Pública da Associação Comercial do Rio de Janeiro. E-mail: vdcsecurity@hotmail.com

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