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Na quinta-feira (4), acusado de receber propinas, o ex-vice-presidente da Fifa, Jack Warner, acusou Blatter e prometeu revelar um “avalanche” de escândalos. O ex-amigo do suíço Sepp Blatter resolveu jogar no ventilador.
Enquanto isso, a Irlanda admitiu que Blatter pagou 5 milhões de euros para dar um ponto final à crise aberta depois da eliminação da seleção para a Copa de 2010 por um gol irregular.
Pressionado a deixar o cargo imediatamente, Blatter publicou uma foto nas redes sociais trabalhando e insistiu que já começou o processo de reforma da Fifa. Mas a pressão por sua demissão imediata é grande.
“Tirei as luvas. Não há mais como voltar atrás. Com 72 anos, não vou me calar”, declarou Warner. Ele foi detido na semana passada a pedido do FBI. Mas acabou sendo solto por sua polícia local de Trinidad e Tobago, que aceitou o argumento de que ele estava com “problemas de saúde”. Durante a noite, em uma entrevista a uma televisão de seu país, ele garante que não vai ser condenado sozinho. Warner informou que produziu documentos, e-mails e até cheques. “Não vou mais manter segredos daquelas pessoas que tentam destruir a imagem desse país (Trinidad e Tobago)”, disse.
Warner ainda afirmou que “teme” por sua vida e que os documentos foram entregues a diferentes pessoas. “Nem mesmo a morte vai parar essa avalanche”, declarou.
Ele deixa claro que Blatter estará implicado em suas denúncias. O cartola suíço surpreendeu o mundo no início da semana ao anunciar sua renúncia. “Blatter sabe por que caiu. E se tem uma pessoa que sabe o motivo, essa pessoa sou eu”, declarou.
“Vou emprestar meu conhecimento sobre as transações vitais da Fifa, inclusive de Sepp Blatter”, disse Warner. “Estive lá por 30 anos. Eu estava próximo de Blatter e disse em 2011 que ele deveria deixar a Fifa”, contou.
Seu ataque ocorreu horas depois de o Departamento de Justiça dos EUA publicar a confissão de um aliado de Warner, Chuck Blazer. No documento, ele confessa que recebeu propinas para as Copas de 1998 e 2010.
Irlanda subornada não processou

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Outro terremoto que a Fifa passou a viver se refere à Copa do Mundo. Na quinta (4), foi revelado que Blatter pagou 5 milhões de euros para a Irlanda para dar um ponto final à crise aberta pela desclassificação da seleção para a Copa de 2010. Os irlandeses ficaram de fora do Mundial depois de um gol irregular da França nas Eliminatórias, em 2009.
Naquele momento, a mão usada por Thierry Henry se transformou em um escândalo. Mas o que ninguém sabia é que, para acabar com a crise, Blatter enviou um cheque de 5 milhões de euros para a Federação Irlandesa para que um processo na Justiça não fosse apresentado. O gol tirou a Irlanda do Mundial.
Em entrevista à RTE, de Dublin, o presidente da Federação Irlandesa, John Delaney, admitiu que “fechou um acordo” com Blatter. O cartola se recusou a dar detalhes dos valores. Mas insistiu que foi algo “muito legítimo”.
“Achávamos que tínhamos um caso contra a Fifa depois da mão de Henry nas Eliminatórias”, disse o dirigente, que lembrou que Blatter “riu” dos irlandeses de seu lugar na arquibancada. “Naquele dia, eu fui até ele e disse como me sentia”, contou. “Chegamos a um acordo. Aquilo aconteceu na quinta-feira e, na segunda-feira, um acordo foi assinado”, disse.
Os franceses eram os vice-campeões do mundo naquele momento e estavam ameaçados de ficar de fora do Mundial. O time iria para a África do Sul. Mas acabaria sendo eliminada na primeira fase, sem marcar um só gol.
Em resposta, a Fifa alegou que fez o pagamento como um “empréstimo” para a construção de um estádio. O compromisso era de que, se a Irlanda se classificasse para o Mundial de 2014, teriam de devolver o dinheiro.
Mas os irlandeses acabaram ficando de fora também da Copa do ano passado e a Fifa decidiu “cancelar a dívida” do país.
por Jota Carvalho