Dicas de Português – 09/06

Vossa Senhoria está ‘cansado’ ou ‘cansada’?

Certamente você conhece os pronomes de tratamento, não é verdade? Sabe que Vossa Excelência deve ser usado para as autoridades; Vossa Alteza, para príncipes e nobres; Vossa Majestade, para os reis; Vossa Santidade, para o papa.
O problema surge quando devemos concordar o adjetivo com o pronome de tratamento. Por exemplo, se você tivesse que se dirigir, cerimoniosamente, a um homem, você diria: “Vossa Senhoria está cansado” (concordando o adjetivo cansado com o sexo da pessoa) OU “Vossa Senhoria está cansada” (concordando o adjetivo cansada com a forma feminina de Vossa Senhoria)?
Situação difícil essa, não é mesmo?
A concordância no feminino “Vossa Senhoria está cansada”, mesmo referindo-se a um homem não está errada, mas para não correr o risco de ser mal-interpretado, lembre-se de sempre concordar o adjetivo com o sexo da pessoa com quem se fala.
Assim, ao dirigir-se a um homem, é correto e melhor dizer:
“Vossa Senhoria está cansado”.
E ao se dirigir a uma mulher, diga:
“Vossa Senhoria está cansada”.
Moro à Rua dos Pinheiros OU moro na Rua dos Pinheiros?

Alguns modismos surgem de repente e demoram a passar. Alguns, inclusive, surgem com fama de chique e todo o mundo resolve usar, achando que está falando bonito e corretamente.
Esse é o caso da mania de as pessoas dizerem que moram À Rua dos Pinheiros. Talvez imaginem que é alguma forma superior e mais atualizada de falar ou escrever. O problema é que essa regência é condenada na chamada norma culta. O correto é dizer “Eu moro NA Rua dos Pinheiros”.
Para você entender melhor por que devemos dizer NA rua e não À rua, basta você trocar a palavra RUA por BAIRRO.
Ninguém diz “Eu moro AO bairro de Pinheiros”. Todos dizem que moram NO bairro de Pinheiros. Do mesmo jeito, devemos dizer que moramos NA Rua da Consolação e não À Rua da Consolação.
Essa mesma construção deve ser aplicada para RESIDIR e RESIDENTE.
Diga, portanto, que “O professor reside NA Rua dos Andradas; que “O motorista, residente na Rua São Bento, foi multado”.
Ele foi à Roma OU a Roma?

Vamos recordar mais um caso de crase. Vamos ver quando devemos usar a crase antes de nome de lugar (= topônimos), como nome de cidade, de bairro, de país…
Por exemplo, na frase “Ele foi a Roma”, você acha que esse “A” antes de Roma deve levar o acento indicativo da crase ou não?
Você acertou se respondeu NÃO.
Não ocorre a crase porque o topônimo Roma não é usado com artigo. Dizemos simplesmente “Roma é uma belíssima cidade”.
Para saber se o nome de lugar aceita o acento indicativo da crase, basta imaginar a frase com o verbo “voltar”. Se dizemos: “Ele voltou DE Roma”, vamos escrever que ele foi A Roma sem crase.
Mas se dizemos que ele voltou DA Itália, devemos escrever que ele foi À Itália com crase. Isso significa que o topônimo Itália é antecedido de artigo. Dizemos que “A Itália é um belíssimo país”.
Guarde a dica: Se você volta DA, você vai À com acento indicativo da crase.
Se você volta DE, você vai A sem o acento indicativo da crase.
Exemplos:
Vou à Tijuca (volto da Tijuca);
Vou a Copacabana (volto de Copacabana);
Vou à Bahia (volto da Bahia);
Vou a Brasília (volto de Brasília);
Vou à Alemanha (volto da Alemanha);
Vou a Portugal (volto de Portugal).
Peixe tem espinho OU espinha?

Você já notou como, às vezes, nos confundimos com algumas palavras parecidas, mas que querem dizer coisas bem diferentes? É o que acontece com as palavras ESPINHO e ESPINHA.
Você diria que “O peixe tem muita espinha” OU que “O peixe tem muito espinho”?
Se você está se referindo ao nome daqueles “ossinhos” finos e pontiagudos que formam o esqueleto do peixe, diga que ele tem muita espinha.
Assim, para não se engasgar nem com o peixe nem com o português, compre peixe sem ESPINHA.
Peixe com ESPINHO eu só conheço um: o baiacu, que parece um porco-espinho. Esse peixe quando irritado apresenta umas saliências fininhas e pontiagudas DO LADO DE FORA DO CORPO. Esse, então, seria o único peixe com espinhas (dentro do corpo) e com espinhos (fora do corpo).
Peixes têm ESPINHA. O caule de algumas plantas e o ouriço-do-mar têm ESPINHOS.
Ratificar ou retificar?

Ratificar e retificar são palavras parônimas (possuem grafia e pronúncia quase idênticas, mas significados diferentes). Por esse motivo, é frequente serem confundidas por muitas pessoas.
Significado de Ratificar
Ratificar significa confirmar, reafirmar, comprovar ou validar algo. O sentido será sempre de confirmação, aprovação ou concordância.
Alguns exemplos de situações em que se aplica a palavra “ratificar”:
Confirmar: O réu ratificou os seus argumentos.
Reafirmar: Ratifico tudo o que ela afirmou.
Comprovar: Os fatos ratificaram nossas previsões.
Validar: A ratificação do Tratado foi feita através de referendo popular.

Significado de retificar
Retificar tem vários sentidos e depende do contexto em que é empregado. É mais comumente usado no sentido de corrigir ou emendar, de voltar atrás em alguma declaração mencionada anteriormente. O termo é derivado de “reto”, ou seja, tem o sentido de alinhar, endireitar.
Alguns exemplos da aplicação da palavra “retificar”:
Vou retificar os dados da empresa.
É preciso retificar o terceiro parágrafo do contrato.
No Brasil, uma situação muito popular é o uso de “retificar” no sentido de “recondicionar” o motor do carro, ou seja, de colocar em perfeitas condições de funcionamento. É o trabalho feito em uma “retífica de motores”.
Um exemplo de frase: Preciso retificar o motor do meu carro urgentemente.

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